Venda do Banif ao Santander provoca tempestade política em Portugal

O custo da operação obriga o primeiro-ministro socialista, António Costa, a rectificar o orçamento de 2015, aprovado de forma paradoxal graças à abstenção dos sociais-democratas de Passos Coelho.

23/12/2015

Atualizado às 17h25.

A venda do Banif (Banco Internacional do Funchal) ao Santander por 150 milhões de euros causou a primeira crise grave dentro do governo de esquerda liderado pelo Partido Socialista no país vizinho.

A entidade espanhola apenas aceitou os “bons activos” da empresa lesada, enquanto a maioria dos “maus” activos permanecem no Banif, 60,5% controlado pelo Estado português.

Ele O Primeiro-Ministro, António Costa, Já alertou que a operação teria um custo elevado para as contas públicas, ou seja, seriam os cidadãos quem suportariam grande parte das despesas daí resultantes.

Esta circunstância obrigou o Parlamento a votar uma rectificação do orçamento para 2015, que considero aumentará significativamente o défice, que rondará os 4,30%, muito acima dos 3% exigidos por Bruxelas como limite máximo para evitar ser vítima de sanções.

Costa jogou junto e, no final, seu salvador não foi outro senão… o social-democrata Pedro Passos Coelho já que os seus parceiros da esquerda radical (o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e os ambientalistas do PEV) decidiram proclamar a sua rejeição mais absoluta.

O CDS-PP de Paulo Portas, que já não consta da lista dos aliados de Passos, também foi contra. Se a rectificação financeira se concretizou é porque o PSD se manteve abstinente, ainda que três deputados madeirenses quebraram a disciplina interna e se posicionaram a favor da proposta socialista.

Esta é a segunda vez esta semana que o ex-primeiro-ministro guarda os móveis do atual primeiro-ministro para não pôr em perigo o “interesse nacional”.

O que está claro é que é óbvio a fragilidade dos acordos específicos de governo desenvolvidos pelo líder socialista . Não existe um acordo global e cada questão é negociada isoladamente. Pior ainda, qualquer sinal de entendimento requer conversas separadas, uma vez que as relações entre o Bloco de Esquerda e os Comunistas estão num impasse.

O labirinto político, semelhante ao que poderá pairar sobre Espanha se Pedro Sánchez não aceitar os projectos que Mariano Rajoy colocou sobre a mesa, só se expande do outro lado da fronteira. E tudo quando Falta apenas um mês para as próximas eleições presidenciais, apela à sucessão de Cavaco Silva, que deve agora promulgar o novo orçamento.

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Alex Gouveia

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