A exceção ibérica | Notícias La Tribune de Ciudad Real

Apesar de ‘La Raya’, essa fronteira de 1.214 quilômetros, a mais longa existente entre dois países da União Européia, qualquer torcedor tem contas pendentes com a Itália por Tassotti e outras 10 tarefas, com a França porque são franceses ou com a Alemanha porque nem com 6 a 0 tivemos os golpes históricos, com os ingleses nem falam, até alguns esperando com o Brasil por causa do Cardeñosa, os complexos sem gols e a história de Míchel… mas não há histórias de conflito ou vingança com Portugal. Apesar do ‘La Raya’, sim, e do fato de ser o time contra o qual mais jogamos.

Foram 40 jogos, 41 esta noite. E apesar de a Espanha ter historicamente dominado o placar ibérico, a rivalidade, o heads-up, explodiu no século atual: nove confrontos e apenas uma vitória “vermelha” contra os vizinhos. Mas como esquecê-lo? Aquele gol de David Villa aos 63 minutos das oitavas de final na Cidade do Cabo, o primeiro 1 a 0 de quatro consecutivos que fez da equipe de Del Bosque campeã mundial. E na mesma gaveta caberia o empate (0-0) resolvido nos pênaltis (4-2) em um tranquilo Donbás nas semifinais da Eurocopa ’12, aquele de onde Cristiano Ronaldo saiu chorando para o céu (“¡ ¡Que injustiça!”) sem poder cumprir a quinta penalidade que lhe havia sido reservada para a glória que nunca o alcançou.

As perdas doem. Um nesta Eurocopa ’04 em que os portugueses foram os anfitriões (1-0 na primeira fase) e um amigável, disputado na Da Luz apenas quatro meses após a explosão na África do Sul, que Portugal levou muito mais tempo a sério: 4- 0 para os anfitriões, naquela que foi a maior derrota dos encarnados até agora neste século (com o 1-5 sofrido contra a Holanda na estreia do Brasil ’14).

João Félix se prepara para chutar a bola durante um treino antes do jogo contra a Espanha. – Foto: MIGUEL A. LOPESA continuação dos duelos, empates, descreve o equilíbrio absoluto atual entre portugueses e espanhóis: o último consecutivo, 3-3 na Rússia ’18 (com o hat-trick de Cristiano Ronaldo frente a De Gea, transformado num ‘meme nacional’ ‘ nesse dia) até à estreia mútua por 1-1 na Liga das Nações através de dois amigáveis ​​sem golos em Lisboa e Madrid.

Estilo

No futebol moderno, Portugal é um favorito do papel machê: libra por libra, homem por homem, eles estão entre os melhores… mas não a sua proposta de futebol. Fernando Santos vive muito confortavelmente no banco desde 2014, quando foi reestruturado e venceu o Europeu de 2016 em pouco tempo. Seu crédito é ilimitado – ele espirrou a transição com a Liga das Nações de 2019 -, mas há cada vez mais vozes pedindo uma mudança: a categoria individual de seus jogadores os convida a executar um plano muito mais ambicioso e ofensivo. Num ‘neo-futebol’ de transições duras e rápidas, Espanha e Portugal (onde reside a técnica europeia) devem representar algo como a ‘excepção ibérica’.

O Santos, apesar de Bernardo Silva, Bruno Fernandes, João Félix, Leão e um punhado de artistas e virgueros na bola, prefere “deixar passar” e aproveitar o erro. Ele permanece fiel ao seu estilo apesar de sua entrada na Copa do Mundo pela porta dos fundos dos playoffs ou sua queda para a nona posição no ranking da FIFA (sétima na Europa depois de Bélgica, França, Inglaterra, Espanha, Itália e Holanda).

O nome próprio, em outras circunstâncias, seria o de Cristiano Ronaldo: capitão e artilheiro, lenda viva… mas ele anda na ponta dos pés para se tornar uma cópia ruim de si mesmo. Diante da República Tcheca, e apesar da vitória, perdeu várias chances cantadas, cometeu um pênalti vítima de frustração… e saiu com o nariz quebrado vítima de um choque com o goleiro.

Bernardo Silva realiza exercícios de alongamento durante treino com a seleção portuguesa.
Bernardo Silva realiza exercícios de alongamento durante treino com a seleção portuguesa. – Foto: PEDRO NUNES

Marciano Brandão

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