Espanha lidera projeto internacional de controle de ciguatera na Europa

O sistema de saúde das Canárias (SCS) e entidades de cinco países europeus estão colaborando na monitoramento e vigilância de casos de ciguatera na Europa, uma doença emergente no velho continente causada por envenenamento ligado ao consumo de peixe. Especificamente, em 26 de outubro, eles apresentaram o projeto de pesquisa Eurocigua IIque é coordenado pelo Ministério da Saúde espanhol.

O papel do SCS no projeto é determinar o características epidemiológicas da ciguateraavaliar e caracterizar ciguatoxinas em peixes e influência no meio ambiente

O Ministro da Saúde das Ilhas Canárias, Blaise Trujilloparticipou da apresentação do projeto de pesquisa Eurocigua II no Edifício de Uso Múltiplo II em Las Palmas de Gran Canaria, cujo objetivo é caracterizar de forma integrada o riscos para a saúde humana pela presença de ciguatoxinas em peixes na Europa.

O encontro reuniu representantes de onze organizações nas áreas de segurança alimentar e saúde pública de cinco países europeus, que, coordenados pelo Direção Geral de Saúde Pública do Ministério da Saúdeque participam no projeto, entre os quais a Universidade de Vigo, o Centro Nacional de Epidemiologia do Instituto de Saúde Carlos III, o Instituto de Investigação e Tecnologia Agroalimentar (IRTA), o Serviço Sanitário das Canárias, a Agência Francesa de Segurança Alimentar, Ambiental e de Saúde Ocupacional (Anses), a Instituto Alemão de Avaliação de Risco (BfR), a Autoridade Portuguesa para a Segurança Alimentar e Económica (AESA), Instituto Português do Mar (IPMA) e o Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente (RIVM).

A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (AESA), responsável pelo cofinanciamento, o Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), a Agência Europeia do Ambiente (EEE) da Comissão Europeia, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (CAM) e especialistas de organizações de pesquisa nos Estados Unidos e no Japão.

Este encontro, organizado pela Direção Geral de Saúde Pública do Ministério da Saúde e Serviço de Saúde das Ilhas Canárias com a colaboração da Agência Espanhola de Consumo, Segurança Alimentar e Nutrição, é o ponto de partida do projeto Eurocigua II que começou após o Contrato de colaboração assinado entre os colaboradores da pesquisa. O objetivo é aprimorar o conhecimento científico sobre esse problema de risco emergentenão só nas Ilhas Canárias, mas também na Europa, contra as quais é necessário que as administrações públicas em causa efectuem uma gestão coordenada, eficaz e segura.

Durante o ato, o ministro da Saúde, Blas Trujillo, ressaltou que “o projeto colaborativo abrangerá todos os aspectos relacionados à identificação, confirmação, quantificação de ciguatoxinas responsável pela contaminação e preparação de material de referência, pois é uma doença que surgiu recentemente em nossas latitudes, cujo agente causador, as ciguatoxinas, poderia apresentar diferenças com as presentes em outras regiões do mundo onde esta doença é endêmica”.

Por sua vez, a Diretora Geral de Saúde Pública do Ministério da Saúde, Pilar Aparícioassegurou que “a Direcção Geral de Saúde Pública do Serviço de Saúde das Canárias desempenhou um papel fundamental na detecção do importância deste problema para a saúde cidadãos e por isso a sua participação neste projeto é muito importante”.

“Este projeto, que responde a um problema emergente, visa melhorar a epidemiologia e o conhecimento da ciguatera e dar continuidade ao Eurocigua I conhecer a extensão dessa questão, identificar toxinas e aprimorar as ferramentas de diagnóstico”, destacou Aparicio.

CONTRATO DE COLABORAÇÃO

O acordo-quadro de colaboração Eurocigua II, denominado “Uma abordagem integrada para avaliar os riscos para a saúde humana das ciguatoxinas em peixes na Europa‘, representa a renovação do acordo já rubricado em 2016 e que diz respeito à determinação do risco de intoxicação alimentar por ciguatera (PCP) na Europa, cujo objetivo é determinar os procedimentos de controlo e prevenção que garantem a segurança alimentar: pesca de espécies, a influência de possíveis modificações do ambiente marinho e a caracterização completa do perfil das ciguatoxinas, sua cinética de comportamento, bem como a obtenção de padrões de referência.

Os resultados do Eurocigua I confirmaram a ocorrência de envenenamentos por ciguatera na União Europeia e identificaram várias espécies de peixes ciguatoxinas na Madeira e nas Ilhas Canárias. Além disso, a presença de disco de Gambier no mar Mediterrâneo (Chipre e Grécia), bem como a primeira notificação de várias espécies de dinoflagelados nas Ilhas Baleares.

O novo acordo assinado em 26 de outubro estabelece um parceria de três anoss estabelecer alianças contínuas para gestão de risco a nível europeu e alavancará e buscará sinergias e benefícios mútuos com outros projetos paralelos, como CIGUARRISCO (projeto de pesquisa nacional espanhol) e ABANDONAR. Além disso, também estarão disponíveis informações fornecidas pelo Governo das Ilhas Canárias.

O QUE É CIGUATERA?

Ciguatera é uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de peixes contaminados com ciguatoxinas. Os peixes que causam esta doença acumulam as toxinas produzidas pelas microalgas das quais se alimentam, e normalmente habitam fundos marinhos rasos e águas quentes, e que há alguns anos são nas águas das Canárias e da Macaronésia.

As Ilhas Canárias têm um programa de ação pioneiro para controlar este risco emergente, coordenado pelas Direções Gerais de Saúde Pública e Pescas do Governo das Ilhas Canárias, com base na controle de produtos nos Pontos de Primeira Venda (PPV), através do rastreio de potenciais peixes transportadores, antes da sua incorporação na cadeia alimentar.

Os maiores peixes com uma dieta essencialmente carnívora são os mais frequentemente ciguatóxicos. As espécies implicadas até agora nos casos registados nas Ilhas Canárias são amberjack, garoupa, pejerey e abade.

A intoxicação por ciguatera pode causar sintomas gastrointestinais (tais como dor abdominal, náuseas, vómitos, desidratação e diarreia grave), cardiovascular (pulso irregular, pressão arterial baixa e bradicardia) e neurológico (sensação de coceira, formigamento e queimação a um estímulo frio), ou outros sintomas como fraqueza generalizada, dores musculares e articulares, dor de cabeça, tonturas, tremores e sudorese excessiva.

CASO DE CIGUATERA NAS ILHAS CANÁRIAS

Desde 2008, vários casos de intoxicação alimentar por ciguatera foram relatados na Europa em viajantes de países endêmicos. Nos últimos anos em as Ilhas Canárias foram descritos um total de 21 surtos com 125 casos no total.

Desde o aparecimento dos primeiros casos, desenvolveu-se um sistema de vigilância epidemiológica da intoxicação por ciguatera nas Ilhas Canárias (SVEICC), cujo objetivo é conhecer a incidência e as características epidemiológicas desses processos.

Filomena Varela

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