Igreja Católica e associações portuguesas recusam descriminalizar a eutanásia

Este conteúdo foi publicado em 10 de dezembro de 2022 – 13:07

Lisboa, 10 de dezembro (EFE).- A Igreja Católica e várias associações em Portugal manifestaram o seu repúdio à lei que descriminaliza a eutanásia, aprovada esta sexta-feira pelo Parlamento português e cuja aplicação depende agora do presidente do país, o conservador rebelde Marcelo Sousa.

Por um lado, argumentam que vai contra o direito à vida e que mais deveria ser feito para melhorar os cuidados paliativos e, por outro, que corre o risco de ser inespecífico e gerar interpretações subjetivas negativas para o paciente. .

Esta é a terceira vez que a Assembleia da República de Portugal aprova a descriminalização da eutanásia, depois de duas leis já aprovadas mas que a Constituição ou o Presidente da República vetaram.

Perante esta nova aprovação, a Conferência Episcopal Portuguesa manifestou esta semana a sua “tristeza” em comunicado de imprensa, porque, segundo ela, “está violado o princípio ético fundamental, que se traduz na proibição de causar a morte dolosamente” e pediu aos profissionais exercer a objeção conscientemente.

Criticou este diploma “por não garantir o justo equilíbrio entre a protecção da vida e a autonomia do doente” ao autorizar a eutanásia “para além das situações de doença terminal” e acarretar o risco de se aumentarem as condições para o permitir.

Defendeu a melhoria dos cuidados paliativos no país “numa altura em que as deficiências do sistema de saúde estão longe de serem colmatadas” e apelou às famílias e profissionais de saúde para que se oponham e rejeitem.

CATÓLICOS EXIGEM VETO PRESIDENCIAL

Da mesma forma, a Associação dos Advogados Católicos e a Associação dos Médicos Católicos Portugueses revelaram em comunicado conjunto que mantêm “a sua oposição a qualquer legalização” da mesma por “quebrar o princípio cívico da proibição de matar”.

Consideraram que este projeto “aumenta claramente as indicações para a eutanásia” e pode levar a um “prolongamento progressivo e imparável da aplicação da lei” e à subjetividade das interpretações da norma e da dor do paciente, entre outras razões . .

Por isso, exigem que seja declarada inconstitucional e que o presidente português vete a norma.

PARCERIAS ÉTICAS

O Movimento de Ação Ética argumentou que a descriminalização da eutanásia “mina” o direito à vida e é uma lei “perversa e injusta”.

“Será escuro o dia em que séculos de civilização retrocederão, abrindo um caminho no qual muitos pesadelos são possíveis. Esta decisão deve pesar na consciência dos legisladores”, defendeu.

O Conselho Nacional de Ética e Ciências da Vida português também lamentou a versão final do diploma, considerando que não contempla todas as suas recomendações feitas ao Parlamento, conforme noticiou esta semana o jornal Público.

O projeto foi aprovado pela terceira vez com o apoio do Partido Socialista – que governa por maioria absoluta -, da Iniciativa Liberal (conservadora) e do Bloco de Esquerda, do Livro (esquerda) e do PAN (animalista). Contra, o Partido Comunista Português, o Partido Social Democrático (PSD) e a extrema-direita Chega.

O texto define morte medicamente assistida como aquela que “ocorre por decisão própria da pessoa”, “no exercício do seu direito fundamental à autodeterminação” e quando é “praticada ou assistida por profissional médico de saúde”.

Aplica-se exclusivamente a casos de adultos com doenças “graves e incuráveis” ou lesões “extremamente graves”.

Além disso, estabelece um período mínimo de dois meses entre o início do processo e o atendimento médico no óbito e estabelece a obrigatoriedade do acompanhamento psicológico do paciente. EFE

cch/amg

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Francisco Araújo

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