Portugal aprova imposto apenas para empresas de petróleo, gás e distribuição

Portugal acaba de iniciar a tramitação do projeto de lei que regula a taxa extraordinária e temporária para os setores de energia e distribuição alimentar.

A medida, que pretende se tornar uma contribuição temporária para lidar com os lucros excessivos do aumento dos preços da energia, será imposta -ao contrário da Espanha- empresas de petróleo e gás apenaso que, na prática, pode afetar as atividades da Repsol e da Cepsa neste país.

Igualmente, para além do disposto no Regulamento Comunitário, Portugal inclui também o sector da distribuição alimentar, uma vez que se propõe a criação de uma contribuição temporária para que os eventuais excessos de prestações sejam canalizados para o apoio à população mais carenciada através do reforço de instrumentos contra a fome, com o objectivo de alcançar um alto nível de proteção, bem como ajudar as empresas comerciais mais afetadas pelo aumento de custos e pela inflação a se tornarem mais resilientes.

A medida segue o regulamento europeu aprovado no início de outubro, que determina que Este imposto extraordinário e temporário deve corresponder a pelo menos 33% dos lucros da empresa com operações nos setores de petróleo, gás natural, carvão e refino que, em 2022, registraram lucros 20% superiores à média dos gerados nos quatro anos anteriores.

Estimativas revisadas para baixo

No caso espanhol, ontem as primeiras estimativas de as mudanças feitas no imposto após o debate das emendas no Congresso dos Deputados. Segundo estimativas do Bankinter e Sabadell, o impacto do imposto é reduzido para metade com as alterações introduzidas mas para as empresas de eletricidade e petróleo, isso continua parecendo insuficiente.

Para já, foi tomada uma medida para evitar que a tarifa regulada fique deficitária uma vez que, com a redacção anteriormente prevista, desapareceu praticamente metade da margem média anual (cerca de 15 euros).

O Congresso também eliminou as receitas de energia renovável, que têm retorno garantido, e teria resultado automaticamente em uma enxurrada de ações judiciais, além de indenizações de distribuição pelo mesmo motivo. Em todos os casos, as empresas de electricidade consideram que deviam ficar isentas desta “contribuição solidária”já que o regulamento aprovado pela Comissão Europeia em outubro os excluiu desta medida.

Com a sua proposta inicial, o objetivo do governo era obter 4.000 milhões de euros em dois anos (2.000 milhões/ano). Os analistas do Bankinter consideram que com as novas alterações Setor elétrico lucra mais que empresas de petróleo e gás. A Endesa passaria de um impacto inicial de 800 milhões para 400 milhões. No caso da Iberdrola, o Bankinter aponta que a redução poderia ser similar, ainda que seu impacto na capitalização bolsista fosse menor.

Sabadell estima o impacto na Acciona Energía em 50 milhões de euros e na Naturgy em 170 milhões. Repsol e Cepsa são as empresas que mais sofrerão com a medida.

Suzana Leite

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