Trabalhadores públicos venezuelanos, especialmente professores, se reuniram em três pontos de Caracas nesta segunda-feira, 27 de março, para exigir que o Estado reivindique seus direitos trabalhistas. Esta é a décima segunda semana consecutiva de protestos na capital do país.
Mais de 100 representantes sindicais dos sectores da saúde, educação, telecomunicações e reformados reuniram-se no Colégio dos Engenheiros às 10h30 para lançar a campanha salário mínimo venezuelano. Ao mesmo tempo, os professores se mobilizavam em direção à entrada do Ministério da Educação, no centro de Caracas, enquanto outros dirigentes sindicais, além de aposentados, estavam na esquina de El Chorro, na Avenida Universitária.
professores estaduais Barinas, Portuguesa, Aragua, Miranda e Vargas (La Guaira) Eles aderiram aos protestos. A maioria organiza coletas nas ruas e nos sinais vermelhos para conseguir o dinheiro necessário para poder ir a Caracas. Alguns relataram que as forças de segurança tentaram impedi-los de chegar à cidade.
“Viemos em 15 ônibus do estado de Barinas, houve atrasos devido a tantas revisões. Levamos cerca de 14 horas para chegar lá”, disse o professor Sandro Leal, do estado de Llanos. “Desde 9 de janeiro, estamos protestando e continuaremos até que haja uma declaração. Queremos uma resposta rápida.”
Profissionais da educação gritaram palavras de ordem e ergueram faixas do lado de fora do Ministério da Educação até a tarde de segunda-feira. Alguns usavam fantasias feitas com notas do antigo cone monetário do bolívar, a desvalorizada moeda nacional.
As principais reivindicações são a indexação do salário na cesta básica, a assinatura de um novo contrato coletivo e a garantia de acesso à previdência social.
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“Não acredito no bloqueio. A culpa é do governo”, gritavam os manifestantes. Eles indicaram que as sanções impostas aos funcionários de Nicolás Maduro pelos Estados Unidos não são responsáveis pelas péssimas condições de trabalho no país.
Qual é o salário mínimo na Venezuela?
O salário mínimo venezuelano ainda é de 130 bolívares, ou cinco dólares de acordo com a taxa de câmbio do Banco Central da Venezuela (BCV), para este 27 de março. O governo de Nicolás Maduro não anunciou nenhum aumento de curto prazo. De fato, no dia 15 de março completou um ano desde que foi decretado o último aumento salarial no país.
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“Não queremos bônus, queremos um salário digno. Que nos paguem o que nos devem”, disse a professora Zulma Hernández, 53, de La Victoria, estado de Aragua. “Durante 27 anos trabalhei como professora, me aposentei e agora ganho 386 bolívares a cada duas semanas (US$ 15). Não consigo comprar nada com isso.”
Atualmente, os educadores na Venezuela não ganham mais de US$ 30 por mês. Ao mesmo tempo, a cesta básica para o mês de fevereiro ficou em US$ 482,26, segundo dados do Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Docentes (Cendas-FVM).
Durante os protestos, os professores lembraram que a ministra da Educação, Yelitze Santaella, se recusou a negociar um novo acordo coletivo e pediu sua renúncia imediata.
A campanha salarial venezuelana
A campanha Venezuela Living Wage é uma iniciativa de diferentes grupos sindicais na Venezuela, devido à falta de resposta do governo de Nicolás Maduro.
“Vamos lançar uma campanha que tem a ver com um sentimento nacional que é o salário. O governo deve pensar e implementar políticas públicas e trabalhar que levem a trazer soluções reais para o povo venezuelano. Para nos organizarmos ainda mais, estamos lançando esta campanha”, explicou Pablo Zambrano, secretário executivo da Federação dos Trabalhadores em Saúde (Fetrasalud).
Ele também denunciou o assédio do Estado aos trabalhadores que participam das mobilizações. Ele disse que dezenas foram retirados da folha de pagamento. Da mesma forma, reiterou que as ações de rua não cessarão enquanto se mantiver o silêncio do Estado.
“O que precisamos hoje? Respostas concretas. Por isso vamos continuar na briga de rua. A estratégia é fazer uma grande campanha nas ruas, uma espécie de sindicalismo comunitário”, disse Zambrano.
Luis Cano, coordenador da Frente Ampla Unida de Aposentados e Pensionistas da Venezuela, um dos promotores da campanha, disse à mídia que 95% dos idosos deixaram de tomar seus remédios no país e 93% pararam para ir ao médico porque você não pode pagar a consulta.
“Nossos irmãos estão morrendo, está se tornando algo normal no país e ninguém está falando nada. Estamos tornando nossa situação visível todos os dias”, concluiu Cano.
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