Sem câmeras, sem antenas repetidoras… Muitas pessoas desaparecem na zona rural, deixando um rastro quase invisível que dificulta sua localização. E pronto, o terreiro é o principal inimigo que a Guarda Civil enfrenta na investigação de um desaparecimento. Por isso, é muito importante que os familiares denunciem desde o “primeiro minuto”, assim como também é fundamental que os policiais colham informações exaustivas sobre o momento, a vítima e quaisquer detalhes que os ajudem na busca para poder para “puxar o fio”.
Assim explica o capitão Daniel Arranz, da Seção de Homicídios, Desaparecidos e Fuga da Justiça da Unidade Técnica de Polícia Judiciária (UTPJ) da Benemerita. Segundo dados registrados pelo órgão no ano passado, eram cerca de 10 denúncias diárias de desaparecimentos. Mais de metade – 57% – referia-se a menores em centros de acolhimento e, destes, sete em cada 10 eram raparigas.
Independentemente destes casos, que também aumentam o número de denúncias em outras polícias, a Guarda Civil se depara com desaparecimentos voluntários ou involuntários que exigem o envio de meios para substituir aqueles que ajudam na investigação em áreas urbanas.
A ausência de câmeras ou antenas repetitivas e as poucas testemunhas em áreas pouco povoadas dificultam o reconhecimento, o que é compensado pelo uso de drones, cães, helicópteros e outros meios para realizar incursões nas quais, além disso, os habitantes voluntários geralmente participam.
“As pessoas se envolvem” nas pesquisas, mas sua participação exige muita organização, como alerta o capitão Arranz. .
Climatologia
Outro fator que se torna mais um inimigo na localização do desaparecido com vida no campo é o clima, fundamental no caso de pessoas com comprometimento cognitivo, geralmente idosos, que ficam perdidos e sentem frio ou muito calor, podendo levar à morte.
A Benemérita investigou 96 casos desse tipo no ano passado, o que representa 2,4% dos quase 4.000 desaparecimentos registrados no território de jurisdição do Instituto Armado.
No capítulo dos desaparecimentos involuntários encontram-se, para além destes 96, outros 16 por acidente e 148 sem causa aparente, este tipo de confusão onde se incluem aqueles cuja motivação é desconhecida ou cujas indicações sobre a ausência são insuficientes. Em caso de dúvida, explica o capitão da UTPJ, “os qualificamos como involuntários”.
Como voluntários (92% do total), estão encerradas as mais de 2.200 denúncias de desaparecimento de menores em centros de acolhimento no ano passado e as 486 que fugiram de suas casas. As 853 denúncias de desaparecimento de adultos por ausência voluntária também estão listadas dessa forma.
Às vezes, eles são localizados, mas se a pessoa não quiser que os policiais expliquem sua situação atual a seus entes queridos, eles simplesmente informam que seu familiar está vivo.
Desde o lançamento do Centro Nacional para Desaparecidos do Ministério do Interior, pessoas desaparecidas de “longa duração” também foram localizadas através do cruzamento de bancos de dados oficiais.
Da mesma forma, de acordo com os relatórios do Benemerita, há nove denúncias de desaparecimentos forçados no campo penal, como crimes ou sequestros. Eles representam apenas 0,2% do total.
Um número maior é de denúncias de sequestro de crianças, com 42. Mais da metade, destaca o capitão Arranz, são crianças que foram levadas para fora da Espanha por um dos pais sem o consentimento do outro. Dos 27 sequestros ainda ativos, ou seja, ainda sob investigação, oito teriam como destino do menor a Romênia, quatro os Estados Unidos e outros quatro o Marrocos. O restante será dividido entre França, Equador, Brasil, Portugal, Itália, Argentina e Colômbia.
Existem duas formas de localizar esses menores: criminal e civil. Na primeira, os obstáculos à investigação podem ser colocados pelo país de destino, caso não considere estes factos como crime, o que ocorre aquando da expedição de mandado de detenção.
Quanto aos processos cíveis, o capitão recorda que decorrem sob a égide da Convenção de Haia sobre o Regresso de Menores, à qual aderiram mais de uma centena de países.
Famílias e associações
A Guarda Civil mantém 576 desaparecimentos ativos, dos quais 456 são homens. E do total, a grande maioria, 438, são menores de idade. Investigações nas quais o Armed Institute continua trabalhando, em estreita colaboração com as associações de desaparecidos e as famílias.
Com esta última, a Benemérita mantém contacto contínuo e prefere que seja sempre com o mesmo interlocutor, tanto familiares como a própria unidade de investigação.
Especificamente, o trabalho incansável da seção da UTPJ em que Arranz trabalha foi recentemente reconhecido pela European Foundation for Missing Persons QSD Global com o prêmio de A melhor intervenção policial.
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