Quando parece ser o momento certo para espantar os fantasmas, o Benfica tem sempre um novo backhand. Aconteceu na última terça-feira, no jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões, contra o Inter. Os portugueses, que brilharam ao longo da época, chegaram ao duelo com várias grandes derrotas que foram determinantes para a derrota por 0-2 da equipa de Roger Schmidt. Mais uma vez, num percurso onde parecia ter um “caminho livre” para a final, as coisas tornaram-se quase impossíveis.
E é que as palavras ditas por Bela Guttmann em 1963 ainda ressoam nos vomitórios do estádio Da Luz: “Daqui a 100 anos, o Benfica já não vai ganhar a Taça dos Campeões”. Passaram 60 anos desde que o treinador austro-húngaro pronunciou uma frase que há muito é classificada como uma maldição no lado vermelho de Lisboa.
A equipe da águia, desde este evento, convocou a final da Liga dos Campeões de 1963 contra o Milan (2-1), a de 1965 contra o Inter (1-0), a de 1968 contra o United (4-1), a de 1988 contra o PSV (0 a 0, nos pênaltis) e o de 1990 contra o Milan (1 a 0). Também caíram em duelos pelo título da Copa da UEFA em 1983 contra o Anderlecht (1-0 e 1-1), em 2013 contra o Chelsea (2-1) e em 2014 contra o Sevilla (0-0, nos pênaltis).
Todo esse amálgama de partidas perdidas deu ainda mais peso à afirmação que Guttmann fez em seu tempo. O treinador nascido em Budapeste tem um peso específico muito elevado na história do futebol, apesar de nunca ter conseguido encadear uma passagem muito longa nas equipas que dirigiu. O treinador comandou um clube ou equipe em até 12 países de 1933 a 1974. Nesse ínterim teve que se esconder do regime nazista na Europa, pois como judeu era perseguido pelo Terceiro Reich. Chegou a ser capturado e enviado para um campo de trabalhos forçados, embora tenha conseguido escapar antes de ser transferido para Auschwitz, onde morreram seu pai e sua irmã.
Após a Segunda Guerra Mundial, Guttmann treinou várias equipes. Do Honved, em Budapeste, casa do grosso da seleção húngara que dominaria o mundial no início dos anos 1950, ao Brasil (São Paulo), onde suas ideias plantaram a semente do 4-2-4 que a ‘Canarinha’ desenharia sua vitória na Copa do Mundo na Suécia ’58. Depois da sua efémera mas frutuosa estada na América do Sul, regressou à Europa, mais precisamente a Portugal.
temporada de ouro
Ele primeiro assumiu o comando do Porto, que levou à vitória no campeonato português, diminuindo a diferença de cinco pontos para o Benfica. Mais tarde, a equipa que havia vencido reparou nele, ofereceu-lhe melhores condições e mudou-se para Lisboa, onde viveu os anos mais dourados da sua carreira de treinador.
In Da Luz capitaneó desde el banquillo uma geração de jogadores sin igual con los José Águas, José Augusto, Costa Pereira, António Simões o Mário Coluna, los cuales estaban conduzidos por Eusébio, el alma deste equipo y el maior jugador del Viejo Continente pendente muitos anos. No Benfica, conquistou os campeonatos nacionais em 1960 e 1961, o que lhe permitiu disputar a Taça dos Campeões Europeus em 1961 e 1961. Na primeira edição do torneio continental, o Barcelona foi seu rival no famoso “pós-final”, pelo momentos em que o Barça deu de cara com o bastão e depois quadrado. Os portugueses venceram por 3-2. O mesmo aconteceu um ano depois, quando a equipa de Guttmann levou a melhor sobre a formação merengue no duelo final pelo título (5-3).
Depois disso, uma conversa de aumento salarial entre o clube e o treinador terminou com a sua demissão e invocando, com as palavras já ditas, uma maldição que o Benfica quer desfazer em Milão.
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