HUESCA, 25 de maio. (IMPRENSA EUROPEIA) –
A quarta edição do Festival Sons da Natureza, SoNna Huesca, organizada pelo Conselho Provincial de Huesca (DPH) desde 2020, será inaugurada no dia 1º de julho no Centro de Arte e Natureza de Huesca (CDAN) com o show Enredadas, que combina coplas, jotas e alalás apresentando quatro mulheres com nomes próprios na música espanhola.
Martirio, Carmen París e Ugía Pedreira deixaram-se “enredar” pela galega Uxía, que ofereceu uma viagem partilhada pelos estilos que os definiram e contribuiu para a renovação da canção popular espanhola através da copla, do jota ou telúrico galego. canção.
O Enredadas quer divulgar a arte como um encontro e a encenação é uma homenagem à música raiz e à fraternidade, informou o DPH em nota.
O espetáculo, num espaço com capacidade para 500 espectadores -o único em médio formato da quarta edição, juntamente com o oferecido por Pau Vallvé no Castillo de Benabarre- está prestes a esgotar, naquela que será a primeira” Não há ingressos” para o SoNna Huesca 2023.
A segunda abertura não oficial do concurso será no dia seguinte, domingo, 2 de julho, no espaço Vicente Baldellou, em Alquézar, e também levará o nome de uma mulher. Rita Payés, uma das figuras florescentes da cena musical catalã atual – Prêmio Alicia de Talento Emergente 2021 da Academia de Música da Catalunha – se apresentará, acompanhada por Pol Batlle. Nesse caso, o preço dos ingressos também é importante e espera-se que esgotem em breve.
Autores-compositores-intérpretes do outro lado do Atlântico
Nesta quarta edição, SoNna Huesca traz propostas de cantores e compositores estabelecidos do outro lado do Atlântico, como o colombiano Urpi Barco; a brasileira Bía Ferreira; e a argentina Diana Baroni.
O primeiro do programa é Urpi Barco, artista colombiano que já pisou tanto o palco SoNna Huesca -na ermida de Santa Elena, Biescas, em 2020–, como os Pirineos do Sul. Urpi Barco foi a “alternativa de sorte” que a organização do evento encontrou após a suspensão da digressão europeia da argentina Sofía Viola, inicialmente agendada para o SoNna Huesca 2023, que teve de cancelar a sua atuação.
Assim, no dia 23 de julho, a ermida da Virgen de la Piedad de Almunia de San Juan experimentará o reencontro do Alto Aragón com Urpi – pomba em quíchua – Barco, um dos cantores e compositores mais renomados no campo da nova música colombiana música e jazz latino-americano. Professor de canto popular na Escola de Artes e Música da Universidade Sergio Arboleda, Urpi Barco tem se interessado pela interpretação, pesquisa e compilação do repertório das costas colombianas, caminho que enriquece seu projeto criativo que mistura jazz, world music musical e exploração vocal.
BÍA FERREIRA, ATIVISTA
Talvez a artista mais revolucionária e provocadora do SoNna Huesca seja a brasileira Bía Ferreira, que se apresentará na Bodegas Enate no sábado, 19 de agosto. Bía Ferreira é multi-instrumentista, cantora, compositora, arranjadora e produtora musical, mas acima de tudo é uma ativista. Nasceu no interior de Minas Gerais (Brasil) e define sua música como arte “afrodiaspórica” ou “música do mundo negro”, com todos os tipos de influências, do gospel ao rap.
Conceitualiza sua arte como MMN –Música de Mulheres Negras– e passa a se comunicar artisticamente com o objetivo de educar, sensibilizar e informar sobre as demandas da luta antirracista no Brasil e do movimento arco-íris (LGBTQIA+).
Defensora do feminismo negro, Bía é conhecida por suas letras social e politicamente carregadas. Ele desafia o racismo, o machismo, a homofobia e também é um ícone na luta contra Bolsonaro. O seu último trabalho, Faminta (2022), está no centro da digressão europeia de 2023, entre maio e setembro, que cruzará Inglaterra, Bélgica, Alemanha, França, Portugal, Itália e Espanha, com apenas dois concertos, incluindo um em Sonna 2023. See More
EM ABIEGO
Já no dia seguinte, 20 de agosto, está marcada no Espacio Arte y Naturaleza de Abiego a flautista barroca – travesti – travesti argentina Diana Baroni, que apresentará sua obra Mujeres (2023) em trio no SoNna Huesca, acompanhada de viola de camarão e guitarra barroca.
Da Virgem Maria, à Sor Juana Inés de la Cruz, passando pela Mãe Terra ou pela Pachamama, segundo a tradição dos povos afro-americanos, Diana Baroni homenageia as personalidades femininas do Novo Mundo em Mujeres, através de uma poética seleção de seu patrimônio musical, desde a época da colonização até os dias atuais.
Deste lado do Atlântico vem a cantora, compositora e pianista salamanca Sheila Blanco, que tem acompanhado artistas como Alejandro Sanz, Raphael ou Pastora Soler, para além do seu trabalho a solo ou como cantora em vários grupos.
Ele combina seu projeto Cantando a las poetas del 27 com seu trio de jazz Puro Gershwin, ele também colabora com La Voz Kids e nos programas La Ventana e Sofá sonoro do SER.
No SoNna Huesca, Sheila Blanco musicará algumas das mulheres –Josefina Romo, Elisabeth Mulder, Margarita Ferrerras, Carmen Conde ou Rosalía de Castro– que compartilharam o espaço histórico e literário com poetas como García Lorca, Alberti ou Cernuda, mas cujas palavras foram muito menos ouvidas.
São canções de sua autoria e com uma música comovente que percorrem uma seleção de poemas sobre o amor, o exílio ou o desejo de liberdade. Tudo isso, sob a espetacular azinheira Larredán, no Pueyo de Santa Cruz no sábado, 5 de agosto.
DANÇA E CIRCO
A dança também será a protagonista da quarta edição do SoNna Huesca com a atuação de Violeta Borruel, de Aragão, e sua parceira de palco, Eva Alonso, de Madri. A companhia de dança contemporânea Violeta Borrual vai exibir na estação das Caldearenas no dia 1 de setembro a sua produção Golondrinas, uma homenagem às mulheres dos Pirenéus que vieram trabalhar nas fábricas de Mauléon e Oloron Saint Marie na primeira metade do século XX.
Fascinada pelas migrações sazonais e pela implacabilidade das mulheres nos Pirinéus, Violeta Borruel apresenta um trabalho que combina a pesquisa histórica e a dança contemporânea. A homenagem a estas mulheres esquecidas pela história é prestada pela companhia Violeta Borruel com um belo e rigoroso espetáculo, com a criação e execução de obras cénicas repletas de belas imagens de grande poder expressivo.
Por último, destaca-se a grande presença feminina na gala do circo SoNna Huesca, que terá lugar em Fonz no dia 30 de julho. A gala será apresentada pela atriz de TV do Oregon, Encarni Corrales, e contará com a participação da argentina Eva Szwarcer –suspensão de cabelo– ou da alemã Rosa Schimid –cordas duplas–, entre outras propostas.
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