Fede Uclés, o talento almeriano que brilha no basquetebol português

Domingo, 28 de maio de 2023, 14h03

Muitos espanhóis foram empurrados para o exterior em busca de novas oportunidades, uma migração que, feliz ou infelizmente, também está se encaminhando para o mundo do esporte. Inúmeros talentos locais saíram de casa para poder brilhar em sua disciplina e ganhar a vida com isso, e um desses casos é o de Fede Uclés. Nascido em Níjar e com 30 anos, acaba de cumprir a segunda temporada fora do país que o viu crescer. “Saí porque aqui não há nível em parte alguma, mas é verdade que o produto nacional não está suficientemente valorizado”, sublinhou.

Em busca de rentabilidade económica e exposição, o avançado tomou a difícil decisão de jogar longe das fronteiras espanholas, uma mudança de vida sobre a qual “já vinha a meditar há muito tempo, procurava uma nova experiência e financeiramente é um salto muito grande em relação à Espanha”. Ele tentou a sorte pela primeira vez na segunda divisão francesa no C’Chartes e, após um ano difícil, rumou para a Póvoa, em Portugal. No país português, Fede Uclés encontrou o que procurava: “Uma competição muito boa, que tem várias equipas que jogam em competições europeias e mostram que têm nível ACB. Tem visibilidade a nível europeu e é um projeto muito bom, principalmente para mim, que nunca tinha jogado na primeira divisão.

Isso sim, a decisão não foi nada fácil, já que ela tinha algumas propostas muito suculentas na mesa. “Estava a testar vários países, tive ofertas desde os primeiros de França, Portugal e Islândia”, detalhou. Por fim, a proximidade da minha casa e o modo de vida pesaram muito naquilo que é hoje um grande sucesso: “Estive entre a Islândia e Portugal. Economicamente, a Islândia era muito mais rica, mas os jogadores que conheço que testaram lá não falavam muito bem de como é a vida. Afinal, com Portugal somos vizinhos e somos iguais em tudo. Em termos de cultura e em termos de linguagem, tudo é muito mais simples”.

Na Póvoa, o nijarense conseguiu a visibilidade e o crescimento que esperava, porque “dei um salto de onde estava e trataram-me muito bem. Encontrei meu lugar, jogo bem e faço números”. Além disso, assinou uma grande época a nível pessoal e coletivo, onde a equipa do Porto conseguiu o objetivo de chegar aos playoffs, em que perdeu frente ao todo-poderoso Benfica. O Uclés apostou em uma equipe que conseguiu se recuperar da perda de importantes jogadores no início da temporada, que o viu iniciar a sequência com seis derrotas consecutivas. “Somos uma equipe humilde e só nos faltou consistência”, disse ele.

Pessoalmente, ele marcou dois dígitos em 22 dos 33 jogos de seu time, com média de 11,3 pontos e sete rebotes na temporada regular. Tudo isto, com um pequeno ‘quadro-negro’ à volta: “Tenho sido caracterizado por roubar pontos ao jogo, não há jogo para mim. Ganhei os minutos na defesa e com trabalho.

O ex-jogador da LEB Plata percebeu realmente a riqueza do basquete nacional quando teve que ir para o exterior: “O basquete espanhol é um esporte técnico-tático muito enriquecido, todos os fatores do jogo são afetados. Damos muita importância ao jogo sem bola e sem espaço. No estrangeiro, como sublinhou, o jogo individual impõe-se ao colectivo: “com outras ligas europeias, como a francesa ou a portuguesa, não há tanta leitura do jogo. Tudo é muito individualista, os jogadores que mais se destacam são os americanos que marcam mais de 20 pontos por jogo. Há pouco trabalho coletivo. O berço do basquete é a Espanha.

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Cristiano Cunha

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