A Igreja Católica portuguesa apresentou esta quarta-feira o grupo responsável pelo acompanhamento de casos de abuso sexual de menores após críticas recebidas pela atitude de alguns bispos durante o processo de investigação de casos que há décadas pontilham a atuação da Igreja. A psicóloga Rute Agulhas foi escolhida para coordenar o grupo de acompanhamento temporário, cujo objetivo é acompanhar as vítimas e prevenir o aparecimento de novos casos.
A 13 de fevereiro, após a apresentação do relatório da comissão independente para o estudo dos abusos sexuais de menores na Igreja Católica Portuguesa, os números de telefone que serviam de linhas seguras para denúncias de casos de abusos sexuais deixaram de ter resposta e os emails ficaram sem resposta . A primeira comissão que quis “dar voz ao silêncio” registou “pelo menos” 4.815 casos depois de validar 512 testemunhos.
Muitos dos padres que figuravam na lista de abusadores já faleceram, mas houve indecisão por parte da Igreja em retirar rapidamente os cem nomes de supostos abusadores ainda ativos que apareceram no relatório da comissão independente . Exemplo disso é o que aconteceu ao bispo da Guarda, Manuel Felício, que inicialmente decidiu não afastar o padre do Concelho Rural de Figueira de Castelo Rodrigo por suspeita de abuso de menor. O bispo Felício disse que não tinha intenção de suspender o suposto padre até que houvesse uma acusação formal, mas acabou cedendo.
Adicionalmente, o Bispo de Beja, João Marcos, foi obrigado a comparecer publicamente para pedir perdão depois de ter dito numa entrevista que padres abusivos podiam ser perdoados. “O perdão de Deus permite que o agressor retome sua vida normal”, disse ele primeiro, mas depois voltou atrás, dizendo que “não há lugar para abusadores no sacerdócio”.
O grupo se chama Vita e é formado por profissionais da área de psicologia e uma assistente social. É um grupo autónomo independente que visa “estabelecer um trabalho de colaboração com a Igreja portuguesa”, criando mecanismos de prevenção e acompanhamento dos casos existentes, “prestando atenção a vítimas e agressores”. Os objetivos do grupo Vita são, nas palavras da coordenadora, “proteger e prevenir situações de maus-tratos, atuando nas dimensões de “acolhimento, apoio, formação e investigação”. Prevê-se a criação de um manual de prevenção de casos de abuso sexual, realização de formação preventiva e escuta das vítimas. Novos casos relatados a esta comissão também serão encaminhados aos tribunais.
Durante a apresentação desta quarta-feira, o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, fez questão de sublinhar a “determinação da Igreja” de “enfrentar as consequências do mal ocorrido e impedir que se reproduza”. Após a denúncia dos casos, a igreja portuguesa passou a arcar com os custos do tratamento de “quase 30 vítimas de abuso sexual”, segundo números apresentados por Dom Ornelas.
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