ÁFRICA/MOÇAMBIQUE – “Antiquum ministerium” e a realização do sonho do Centro Catequético de Uncanha, a “cidadela dos catequistas”

ÁFRICA/MOÇAMBIQUE – “Antiquum ministerium” e a realização do sonho do Centro Catequético de Uncanha, a “cidadela dos catequistas”

Por Stefano Lodigiani

Tete (Agência Fides) – “Em 2017, quando cheguei a Uncanha, começou a tomar forma o sonho de um centro de formação para catequistas, um ‘Centro Catequético’, que acolhesse toda a família, não apenas cada um dos catequistas, e assim oferecer uma formação mais completa e aprofundada durante um período bastante longo. O modelo no qual se inspirou foi o centro de formação de catequistas de Guiua”.
Assim conta à Agência Fides o P. Carlo Biella, missionário da Consolata (IMC) desde 1989, que viveu em Moçambique em três períodos da sua vida: durante a sua formação, em 1992, antes da sua ordenação sacerdotal em 1994; de 2000 a 2007 no Niassa; desde 2015 até aos dias de hoje, primeiro no Niassa durante dois anos e desde 2017 na diocese de Tete, para partilhar o empenho missionário nos distritos de Marávia e Zumbo, que os missionários da Consolata assumiram em 2013, após 40 anos em que o padre só podia visitar essas comunidades uma vez por ano. Actualmente, o Padre Biella integra a equipa de formadores do Centro Catequético Uncanha, na diocese de Tete, pelo qual apreciou particularmente a Carta Apostólica Antiquum ministerium.
Padre Biella destaca que desde sua chegada a Uncanha, o Centro de Formação de Catequistas foi tema recorrente, tanto nas reuniões pastorais quanto nas da equipe missionária, despertando o interesse e a contribuição de todos. Naquela época, padre Franco Gioda estava reformando a casa dos missionários: a missão de Uncanha, de fato, havia sido fundada em 1958 por missionários de Burgos, mas havia sido abandonada em 1971. Em 2017, os Missionários da Consolata assumiram o cuidado pastoral de da região, cuidando das comunidades cristãs que tinham como referência as três paróquias locais. Por meio de encontros pastorais, iniciou-se o diálogo e estimulou-se o crescimento comunitário. E também se impôs a necessidade de garantir a formação dos agentes de pastoral.
Desde o início da sua criação, foi acordado que o centro deveria cumprir alguns requisitos considerados essenciais: ser “amigo da família”, estar activo durante todo o ano e ter uma dimensão interparoquial, com possibilidade de alteração imediata das moradas ou programas para melhor adaptar-se às necessidades e emergências que surgem ao longo do projeto. “Envolvemos os 5 conselhos das 5 regiões que acompanhamos – continua Pe. Biella -, perguntando se concordavam, se sentiam necessidade, de que forma poderiam colaborar, sem deixar de lado a necessária identificação de pessoas disponíveis para serem formadas para este serviço Nosso Centro de Formação não se destinava única e exclusivamente aos catequistas da região, mas estava aberto a todos aqueles que tinham uma responsabilidade pastoral e, portanto, precisavam ser acompanhados em seu caminho de fé e em sua formação”.
“Com o apoio do nosso Superior Regional, Padre Diamantino Guapo Antunes, agora Bispo de Tete, e da diocese, e com a ajuda das comunidades e animadores, conseguimos construir cinco casinhas para acolher as famílias de quem quisesse preparar para o catecismo”, recorda padre Biella. “Depois que as cinco famílias foram acomodadas nas primeiras casinhas prontas, outras 11 famílias chegaram e construíram casas de bambu, palha e barro. Em 2018, estas famílias foram acompanhadas no seu caminho de formação pelo Padre Gioda, diácono, agora pároco, por mim e por outro missionário: visitámo-las regularmente, oferecendo-nos também para garantir a substituição dos formadores, se necessário. Assim começou a aventura do Centro Catequético de Uncanha”.
Padre Biella se deteve precisamente na figura do padre Franco Gioda, animador incansável e entusiasta de toda a atividade pastoral e missionária da região, que chegou em 2013 com outros dois missionários: o tanzaniano padre Giacinto e o colombiano padre Edoardo. Neste contexto, a presença dos catequistas revelou-se desde logo importante, para não dizer necessária, porque os missionários tinham limitações culturais, linguísticas, de saúde, de adaptação…, e também tiveram de enfrentar grandes distâncias que separavam as muitas comunidades: no território das três paróquias, havia até 140 comunidades a seguir. “Sem dúvida – comenta o missionário da Consolata – Padre Gioda era filho do Concílio, daquele espírito que acompanhou muitos missionários em sua obra de evangelização, forte na consciência de que a missão é parte constitutiva da Igreja e que é confiado a todos os batizados”.
Reconhecendo a contribuição fundamental dos catequistas para o trabalho de evangelização, padre Gioda já havia começado a promover semanas de formação para catequistas em 2015 e 2016. “Mas sua iniciativa – lembra padre Biella – esbarrou em dois limites: a dificuldade de organizar semanas de formação em todos os bairros (hoje são 34) e abordar novas pessoas durante a semana, o que levou a modificar o programa para facilitar sua integração. A partir daí nasceu a ideia do Centro Catequético.
No final de 2018, o Padre Gioda foi transferido para Tete, para reabrir a paróquia de São Paulo e assumir a tarefa de animador missionário na vasta área anexa. O padre Carlo Biella ficou a liderar os catequistas em formação, assistidos por 2 seminaristas da diocese, que sempre garantiram a presença de seminaristas ou diáconos ou padres no centro. Atualmente, estão sendo construídas 12 casinhas para abrigar as famílias dos catequistas, além da casa missionária, da sala de formação e da escola para as crianças do primeiro e segundo ano.
“Durante esses seis anos – conta Pe. Biella – formamos cerca de cinqüenta famílias. A equipa de formação é composta por um seminarista, um sacerdote diocesano, dois missionários da Consolata e três irmãs da Imaculada Conceição de Lishinga, presentes na missão desde o ano passado. O caminho é baseado em quatro pilares: espiritualidade, formação, comunhão e missão. Começamos às 6h30, quando toca o sino, e nos reunimos para a celebração da Palavra ou a celebração da Missa. Às 8h30 tem início a formação que, na segunda parte da manhã, inclui a reflexão bíblica sobre a Palavra de Deus ouvida pela manhã e partilhada pelos presentes. A tarde é dedicada a atividades de promoção humana, como o estudo da língua portuguesa. O dia termina com o Rosário ou Adoração Eucarística na quinta-feira.
Padre Biella destaca o apoio garantido pela diocese ao intenso trabalho formativo realizado pelo Centro. A diocese, nos últimos dois anos, pediu que fosse aberta a todas as paróquias do seu território. As intenções do bispo também incluem a abertura de outro centro de catequese para catequistas das paróquias de língua cinyunge. “O bispo – relata Pe. Biella – vem frequentemente ao encontro de catequistas e formadores, dentro dos limites que lhe são impostos pelos seus múltiplos compromissos pastorais. Esta presença é garantida no final do ano de formação, quando, durante a Missa, dá às famílias o mandato de enviar missionários, que diz respeito a toda a família, segundo o rito preparado depois do Antiquum Ministerium. O bispo pede expressamente a disponibilidade dos catequistas e suas esposas para se colocarem à disposição dos sacerdotes para as necessidades da evangelização. O envio é acompanhado pela entrega do crucifixo, da Bíblia e da túnica branca para conduzir as celebrações, enquanto as esposas recebem o terço. O clima nesta ocasião é de festa e louvor ao Senhor por parte de toda a comunidade pelos novos catequistas que enriquecem as fileiras dos trabalhadores da vinha do Senhor”.
(Agência Fides 17/06/2023)


Compartilhar:

Francisco Araújo

"Nerd de álcool. Leitor. Especialista em música. Estudante típico. Jogador irritantemente humilde. Especialista em zumbis. Solucionador de problemas sutilmente encantador."

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *