Espanha, “hipersensível” à desinformação face à confiança mediática em Portugal

Lisboa, 23 de junho Espanha é um país “altamente sensível” e propenso à desinformação, um comportamento social que contrasta com a muita confiança nos meios de comunicação que sentem os cidadãos portugueses, segundo revelou um informe elaborado pelo observatório Iberifier, centro de estudios de ambos os países.

O documento resulta de uma análise comparativa do impacto da desinformação em questões políticas, económicas, sociais e de segurança e foi apresentado na reunião anual deste observatório, promovida pela Comissão Europeia, que se realiza esta semana em Lisboa.

A pesquisa confirma que o comportamento contra a disseminação de mentiras é muito diferente em cada empresa, como detectou este centro de estudos de mídia digital que reúne 23 instituições dos dois países, incluindo a EFE Verifica.

“Verifica-se que existem padrões de desinformação dependendo do país”, sublinha a conclusão mais relevante do relatório, o coordenador do Iberifier e professor de jornalismo da Universidade de Navarra, Ramón Salaverría.

“Precisamos deste tipo de estudo que nos permita compreender o ecossistema global, mas também as particularidades de cada país”, sublinha, depois de a pesquisa ter revelado “diferenças significativas na perceção social da desinformação” em “dois países tão próximos”. .

Assim, os resultados indicam que “os cidadãos espanhóis são hipersensíveis face a outros países” face à desinformação, sublinha, evocando uma visão “cética” dos media, num panorama “polarizado”, enquanto “o ecossistema mediático português está muito mais centrais”.

O analista Miguel Paisana, um dos autores do relatório, também destaca essas diferenças e o facto de Portugal ser um dos países da Europa onde os cidadãos mais confiam nos meios de comunicação, enquanto Espanha é o oposto.

Paisana, investigadora do centro de estudos português Obercom, acrescenta que as conclusões apontam para a desinformação como um “fenómeno multidimensional” que tem aspetos políticos, sociais, culturais e económicos, que transcendem os media ou as redes sociais.

De fato, entre os principais objetivos deste trabalho estão as repercussões sociopolíticas da desinformação e as reações institucionais planejadas para lidar com ela, além de colocar em perspectiva o fenômeno emergente da polarização do discurso político.

Além da Obercom, o Royal Elcano Institute, o Barcelona Supercomputing Center, a Fundação Maldita.es e a Universidade de Granada participaram desta pesquisa.

A elaboração de relatórios estratégicos sobre a ameaça de desinformação é uma das linhas de trabalho da Iberifier, que também estuda as características e tendências do ecossistema de mídia digital.

Além disso, o observatório desenvolve tecnologias de informática para a detecção precoce de mentiras, verifica e refuta publicações enganosas e promove iniciativas de alfabetização midiática destinadas a prevenir e mitigar a influência desse tipo de conteúdo manipulador na sociedade. EFE

sh/rf

Filomena Varela

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