A perfuração de poços de água para sanar a deficiência do serviço público na Venezuela não é uma modalidade nova; no entanto, ele se espalhou não só para a capital, mas para outros estados do país. Em 2022, em Zulia, Anzoátegui, Amazonas, Monagas, Português Sim Miranda cada vez mais autoridades locais estão retirando o líquido que não recebem das tubulações e o problema não parece ter solução a curto prazo.
Para Eduardo Páez Pumar, engenheiro civil e fundador da Associação Global para Políticas Públicas (Aipop), a perfuração de poços não é a resposta para a crise hídrica, embora resolva por um curto período as necessidades dos habitantes. De acordo com ONG Monitor da Cidadepelo menos em Caracas, as famílias gastam cerca de 109 horas por semana com torneiras secas.
“A perfuração de poços profundos ocorre porque o serviço não é prestado adequadamente. Em vez de perfurar, temos que resolver o problema dos sistemas de bombeamento, subestações e estações de tratamento”, explicou Páez Pumar à Efeito cuco.
Em 9 de agosto, o Observatório Social Humanitário informou que 80% dos venezuelanos não terão serviço regular de água potável até 2022. Na Venezuela há aproximadamente 28 milhões de pessoas, segundo o Banco Mundial; ou seja, cerca de 22 milhões de compatriotas vivem sem abastecimento contínuo.
De acordo com os registros do Nações Unidas (ONU)esse número é igual ao total povo da síria.
“O país tem fontes de água suficientes para abastecer toda a sua população; no entanto, o desmantelamento da estrutura institucional e física do setor compromete a qualidade dos processos de abastecimento, tratamento e purificação de água, distribuição, saneamento, saúde e produção hidrelétrica”, destacou HumVenezuela em seu relatório anual de 2018.
#9 de agosto | Ángel Subero, vereador de Caracas e membro do Observatório Social Humanitário (OSH), indicou que a crise nos serviços públicos está afetando significativamente o abastecimento de água dos venezuelanos. pic.twitter.com/5azvcE5npm
– O toque de Diana (@ElToqueDeDiana) 10 de agosto de 2022
A corrida de 2020
Em 2020, o jornalista Guillermo Olmo, correspondente da BBC News, descreveu a perfuração de poços na capital venezuelana como uma “febre”. Na época, a medição ganhava espaço em Caracas.
“…O que começou como um recurso para os ricos suprirem as deficiências de um serviço público essencial está se tornando uma tendência geral e o trabalho de perfuração de poços começa a ser visto também em áreas menos elitizadas.”, disse ele declarar. disse.
Os poços eram normalmente perfurados em subdivisões a preços que variavam de US$ 18.000 a US$ 24.000. No entanto, os bairros mais pobres da cidade começaram a vê-la como uma solução e muitos começaram a copiar a ideia com menos orçamento, sem maiores declarações da Hidrocapital, empresa estatal responsável pela distribuição de água, na Capital e nos Estados. Miranda e Vargas (La Guaira).
“Os poços de água não são uma solução para uma cidade, com todas as suas complexidades. Talvez para uma área rural sim. Mas essa história de poços não é solução para uma cidade do tamanho de Caracas. Além disso, é preocupante porque, se feito com responsabilidade, sem estudos adequados, pode levar a falhas no terreno”, explicou Jesús Armas, diretor do Monitor Ciudad, ao Efeito cuco.
Por outro lado, Páez Pumar assegurou que a potabilidade do líquido nesses poços não pode ser totalmente garantida.
“No caso de Caracas, em princípio, perfurar poços profundos não deve ser um problema. Mas a questão da potabilidade é outra. A água desses poços pode não ser potável, porque se houver vazamentos de esgoto que contaminem um determinado aquífero em um determinado local, a água dos poços não poderá ser ingerida no final”, afirmou.
José de Viana, ex-presidente da Hidrocapital, disse ao Crónica Uno em 2021 que há uma forte contaminação dos solos de Caracas por esgotos e hidrocarbonetos, especialmente por gasolina.
um sistema ruim
Cerca de quatro milhões de pessoas vivem na capital venezuelana, espalhadas por 433 quilômetros quadrados. A área metropolitana é composta por cinco municípios e pelo menos quatro atualmente têm problemas de acesso à água potável (Sucre, Baruta, El Hatillo e Libertador).
“Os caraquenhos passam 65% do tempo sem água, o que é uma grave violação de um direito humano. Há zonas como Antímano ou El Junquito, onde podem passar meses sem água. Há setores em Caucaguita que não recebem queda há anos, pois estão desconectados da linha. É uma situação muito complexa que se torna uma questão de saúde pública”, disse Armas.
A cidade depende de três sistemas de bombeamento (Tuy I, Tuy II e Tuy III) que compõem o aqueduto metropolitano.
@ServPublicosVe Toda a população de San José cita em Caracas por três meses sem água, ninguém oferece soluções.
— castelmoon. (@castell73760138) 9 de agosto de 2022
Atualmente, o sistema Tuy I está inoperante e o sistema de bombeamento principal Tuy II está operando abaixo de 50% de sua capacidade, segundo dados fornecidos pelo Monitor Ciudad em 2021. Portanto, a cidade precisa principalmente do Tuy III, que fornece pelo menos 70% dos setores do reservatório de Camatagua, no estado de Aragua. No entanto, isso não é suficiente para cobrir a demanda.
Segundo Páez Pumar, Caracas recebeu 20.000 litros por segundo no final da década de 1990. No entanto, até 2022 houve uma redução de quase 40%. Agora, a cidade atinge entre 12.000 e 14.000 litros por segundo.
Diante da escassez de água, até as autoridades se juntaram às escavações. Pelo menos 22 poços foram perfurados no município de Chacao até 25 de maio de 2022, aprovado pelo prefeito Gustavo Duque. Em fevereiro deste ano, o Ministro dos Serviços de Água, Marcos Torres, e o Prefeito do Município de Sucre, José Vicente Rangel Ávalos, reuniram-se para acordar a perfuração de diversos poços para as comunidades de Filas de Mariche, 5 de Julio e El Guamo . , em La Dolorita.
Em geral, não se sabe quantos poços já foram perfurados na cidade, pois nem todos possuem as autorizações estaduais necessárias e o governo não fornece números a respeito.
Regras para panelas
De acordo com o Regulamento da Lei de Águas, o órgão responsável pela outorga de autorizações para a abertura de poços é o Ministério do Meio Ambiente, renomeado Ministério do Ecossocialismo. No entanto, ele parou de responder a várias solicitações desde 2021 e pode levar meses para dar permissão.
Para poder escavar, é necessário realizar estudos hidrológicos e outras investigações técnicas. Caso contrário, existe o risco de danificar as tubagens ou de obter água contaminada, o que representa um grave risco para a saúde.
“Há uma série de regulamentações sobre o assunto. Com efeito, a Hidrocapital está entre aqueles que devem regular a perfuração de poços. Mas o principal não é que os poços proliferem, mas sim que possamos ter uma reabilitação do aqueduto metropolitano para que não sejam necessárias soluções privadas para um problema público”, comentou Jesús Armas, de Caracas.
Enquanto isso, comunidades que não têm condições de pagar a perfuração ficam sem água mesmo por meses, como é o caso da parte alta de La Vega, no município de Libertador da região metropolitana.
“É preciso esperar a chuva encher os baldes, pelo menos para limpar e despejar no banheiro”, disse Laura Fuentes. Efeito cuco.
O direito de acesso à água foi explicitamente reconhecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas desde o início do século. No entanto, na Venezuela, isso não parece estar na agenda política do governo de Nicolás Maduro.
“O direito à água significa que os serviços de abastecimento de água devem ser acessíveis a todos e que ninguém deve ser privado deles por falta de capacidade de pagamento”, afirma a ONU.
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