Os médicos cubanos exportados pelo governo atuarão como fura-greves em Portugal?

Governo de Portugal pretende contratar 300 médicos cubanos exportados por Havana e já deu início aos trâmites necessários, apesar das cobranças dos próprios profissionais do setor, que exigem maior investimento e atenção aos trabalhadores da saúde do país.

Segundo o jornal português Registro Ministério da Saúde pretende colmatar carências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com a contratação de centenas de médicos cubanosque trabalharia em Portugal por um período de três anos.

Além disso, o governo presidido pelo socialista António Costa já deu início aos trâmites para que estes profissionais possam ser integrados o mais rapidamente possível no sistema público, tendo em conta as diversas etapas que os estrangeiros devem cumprir fora do território comunitário antes de entrarem o sistema público. ser considerado apto, diz o relatório.

Para ser ativado, Os médicos que chegam de países terceiros devem fazer vários testes, não só em medicina, mas também em língua portuguesa.

Em 2009, Portugal contratou 44 médicos exportados por Havana para reforçar a rede pública nas regiões do Ribatejo, Alentejo e Algarve.

Entrevistado pela EFEfontes do Ministério da Saúde limitaram-se a apontar que a contratação de profissionais de saúde estrangeiros é “complementar e transitória” aos nacionais e tem como objetivo “contribuir para a adequada dotação de recursos humanos e capacidade de resposta” do SNS.

Segundo dados fornecidos pela carteira, o sistema público português contava com 1.270 médicos estrangeiros em 2022, mas os meios de comunicação locais noticiaram que o número total de profissionais estrangeiros inscritos no Colégio Português de Médicos era de 4.503.

A notícia cai num dia em que Os médicos portugueses iniciaram uma greve de dois dias para exigir melhorias nos salários e na força de trabalho.

Caso não se chegue a um acordo com o Ministério da Saúde, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que apelou à suspensão, não descarta uma nova greve no início de agosto.

Depois de divulgar o plano do governo, o presidente da Associação Médica local, Carlos Cortés, disse que lhe causou “surpresa” e “alguma apreensão”. Ele acrescentou que a decisão “faz com que o Ministro da Saúde renuncie aos médicos formados em Portugal”.

Cortés questionado “não existe nenhuma iniciativa para melhorar as condições de trabalho e recrutamento de médicos qualificados em Portugal”citado em outro relatório Registro.

O representante do sindicato dos médicos alertou ainda que esta organização “nunca permitirá que médicos menos qualificados do que os formados em Portugal exerçam a medicina. Se a intenção do Ministério da Saúde é colocar médicos especialistas sem qualificação adequada para trabalhar em Portugal, a Ordem dos Médicos se oporá totalmente”, sublinhou.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) também reagiram à notícia, afirmando que é “mais um sinal” de que o governo não quer investir no Serviço Nacional de Saúde e nos médicos portugueses.

A presidente da FNAM, Joana Bordalo, disse que os médicos portugueses exigem “salários decentes, horários justos e condições de trabalho que correspondam às necessidades” da população.

Os profissionais de saúde tornaram-se nas últimas décadas a principal linha exportável do regime cubano. Os serviços de saúde humana e de assistência geraram para o Governo de Cuba 3.997.948,3 dos 6.879.664,9 milhões de pesos entrados em 2020 para exportação. A saúde respondeu por exatamente 58,1% desse total. O esquema da ilha retém pelo menos 75% do salário pago pelos países beneficiários aos médicos.

Além de ter que entregar a maior parte de seus salários, os profissionais de saúde cubanos enviados ao exterior, e aqueles que Havana propõe em sua propaganda como missões de solidariedade, estão sujeitos a uma forte vigilância e ao cerceamento de suas liberdades.

Essas condições foram denunciadas por organizações de direitos humanos e a ONU alertou que eles poderiam constituir formas de “trabalho forçado” e “escravidão moderna”.

Francisco Araújo

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