O’Leary: Tap irá com Iberia e Air Europa | Notícias sobre companhias aéreas

Pelo que me lembro, Michael O’Leary nunca falou à imprensa sem dizer nada. Em outras palavras, ele rompeu sem conteúdo, sem substância. Esta semana fez um discurso que, logicamente, beneficiou de uma presença massiva de jornalistas. E ele disse, claro, ele disse.

Em primeiro lugar, O’Leary parecia bastante cansado do que estava acontecendo com a Boeing, dos seus atrasos, dos seus problemas. E a Ryanair tem todos os ovos na mesma cesta e é uma das companhias aéreas mais bem tratadas pela fabricante americana. O’Leary não tinha conhecimento da revelação do Seattle Times, o que é ainda mais preocupante.

Em segundo lugar, falou sobre a consolidação aeronáutica europeia. Ou seja, o processo de concentração das companhias aéreas em um punhado. Neste ponto, concorda com o patrão da Wizz Air, dizendo que permanecerão meia dúzia de companhias aéreas afetadas na Europa e que, se houver mais, será insignificante. Por isso, disse ser lógico e sensato que a Tap de Portugal passasse para as mãos do IAG, ou seja, juntar-se-ia à Iberia e à Air Europa, conferindo ao grupo um papel poderoso nas rotas entre a Europa e a América Latina. . Recorde-se que a Tap também tem algumas rotas importantes com África, onde Portugal tem peso histórico (Angola, Moçambique ou Cabo Verde, por exemplo).

Para O’Leary, a Easyjet não vai sobreviver, apesar de ter acabado de anunciar que está a ter lucro. É óbvio que nenhuma companhia aérea consegue sobreviver a longo prazo com o perfil da Easyjet, que não rende dinheiro suficiente. Mas por se tratar de uma grande empresa, O’Leary disse que fazia sentido que fosse para a IAG, para a Air France KLM, ou para uma entidade controlada por ambas as empresas, admitindo que a Easyjet não é fácil de digerir devido à sua dimensão.

O’Leary também não acha que a Wizz Air terá futuro. Se olharmos há quanto tempo ele não ganhou dinheiro, podemos concordar com ele. O único ponto positivo da Wizz Air são as declarações do seu diretor-geral, Josefz Varadi, que se gaba de que tudo está a correr bem. O’Leary disse que o normal seria que a Wizz Air, que está a crescer muito no Médio Oriente, pudesse acabar nas mãos da companhia aérea daquela região, talvez pensando no Qatar, Emirates ou Etihad. Isto seria juridicamente impossível porque na Europa não pode haver companhias aéreas cuja participação maioritária não seja comunitária, mas O’Leary também não acredita que a Europa tenha capacidade para fazer cumprir as suas leis.

Marciano Brandão

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