Montevidéu, 21 de outubro (EFE).- Com oficinas de jornalismo, conferências, gastronomia colombiana e vallenato, o Festival Gabo chega a Montevidéu, onde, como parte do evento cultural “Macondo” e pela primeira vez fora da Colômbia, busca gerar redes colaborativas entre jornalistas e contadores de histórias de toda a América Latina.
Idealizado pela Comedia Nacional, a distribuição da Câmara Municipal de Montevidéu como uma homenagem holística à figura de Gabriel García Márquez (1927-2014), “Macondo” chegou aos ouvidos da Fundação Gabo, que, encomendada pelo escritor, promoveu o latim Jornalismo americano de “excelência e consistência ética”, como “uma ideia interessante”.
Tão mágico quanto realista
O fato é que, como garante à EFE o diretor de projetos especiais da Fundação Gabo, Daniel Marquínez, surgiu a oportunidade de realizar uma primeira versão do Festival Gabo fora da Colômbia, onde acontece todos os anos desde 2013, tornando Montevidéu um faceta chave do autor nascido em Aracataca.
Segundo Marquínez, a contribuição do festival para “Macondo” manifesta-se, à maneira do realismo mágico, na sua capacidade de unir a “realidade” implicada na reportagem e investigação do legado do Prémio Nobel colombiano com a “magia” do sua criatividade. , presente também nos “novos formatos e novas histórias” de jornalismo que a Fundação promove.
Ao que esta versão apresentada no Teatro Solís descreve como um “ramo” do Festival Gabo, que, com uma última edição reunindo 12 mil pessoas, acontece em Bogotá desde 2013, o espanhol revela que não é por acaso que é reproduzido no Uruguai.
“Quando Gabo começou a publicar, a crítica uruguaia foi muito importante para o desenvolvimento de seu trabalho internacionalmente, então é uma comparação muitos anos depois, que o Uruguai é quem, pela primeira vez, facilita e permite que o festival saia da Colômbia, o que dá um pouco de visibilidade lá fora”, sublinha.
Na mesma linha, afirma que a Fundação Gabo decidiu homenagear neste sábado a quase centenária poetisa, ensaísta e crítica uruguaia Ida Vitale, entendendo-a “como parte desta cosmogonia de autores latino-americanos que compartilham uma geração ou grupo. , no seu caso a chamada Geração dos 45, composta por Juan Carlos Onetti ou Mario Benedetti.
De beleza e miséria
Um encontro cantado intitulado “Gabo e o grupo Barranquilla” em “La Cueva”, espaço do Teatro Solís que recria o mítico bar onde se reunia este grupo de intelectuais colombianos, ou uma conferência sobre García Márquez com a participação de uruguaios e colombianos são apenas um exemplo de algumas das propostas do Festival Gabo de Montevidéu.
Lembrando como ‘Gabo’ disse que a América Latina é “um continente cheio de beleza e cheio de infortúnios” e que “eram necessários recursos para contar esta realidade desenfreada”, a formação em jornalismo está no centro do “Corps, realidade e desempenho”. oficinas e “Jornalismo Investigativo com Daniela Castro”.
Na primeira, o jornalista chileno e diretor da revista Anfibia, Cristian Alarcón, e a argentina Sol García discutem o jornalismo performativo, enquanto na segunda a colombiana Daniela Castro, membro do projeto OCCRP, ensina as ferramentas para investigar o crime organizado e corrupção. .
Também sobre jornalismo mas aberto ao público, a Fundação organiza uma conferência sobre jornalismo narrativo na qual participam, entre outros, a argentina Leila Guerriero e a uruguaia Soledad Gago.
No plano artístico, um destaque para os amantes da música vem da mão de Beto Murgas e Canario Pacheco em “Los vallenatos de Gabo”, onde músicos do gênero colombiano tocam clássicos do escritor como “La gota frida”, d’Emiliano. Zuleta, ou “A Deusa Coroada”, de Leandro Díaz.
Quanto à gastronomia, o Festival oferece um intercâmbio entre o antropólogo do povo indígena Wayuu Weildler Guerra e o chef colombiano de origem árabe Chechi Restrepo, conhecido como Ajá Chechi, que oferece “petiscos que refletem a diversidade do Caribe colombiano”.
Redes Ibero-americanas
Ciente de que a exportação do Festival Gabo não pode permanecer “algo que só acontece uma vez”, Marquínez destaca que a expectativa do encontro é ir mais longe, porque, diz ele, gerar redes é importante “para toda a região ibero-americana, incluindo Espanha e Portugal”.
“O facto é, e Gabo identificou-o, que existem vários elementos que ligam o continente, por isso fazer do jornalismo e das histórias algo que nos liga e gerar redes de conhecimento é algo muito necessário num mundo cada vez mais globalizado”, sublinha.
Assim, ao sublinhar que no próximo ano se comemorarão os 10 anos da morte do criador de “100 Anos de Solidão”, o espanhol sublinha que “a ideia seria poder gerar diferentes espaços de homenagem que reúnam todas estas ideias sob a caixa da festa.” .
“O festival é como um todo onde muitas coisas se encaixam e nos permite homenagear o Gabo através da sua vida, do seu trabalho, dos seus interesses, das suas causas, um pouco de tudo, sempre com uma perspetiva muito contemporânea e com temas atuais”, ele conclui.
Alexandre Prieto
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