O suspeita de corrupção do Secretário de Estado Adjunto do Governo Português, Miguel Alvesforçou-o a demitir-se esta quinta-feira e abalou o executivo do primeiro-ministro, António Costapela primeira vez desde que obteve maioria absoluta nas eleições legislativas desde janeiro passado. As suspeitas surgiram no final de outubro, quando o jornal Público Ele disse que Alves pagou 300.000 euros, enquanto presidente da Câmara do concelho de Caminha, a um empresário como adiantamento para a construção de um centro de convenções na cidade. Dois anos depois, o pavilhão ainda não se concretizou.
Lá O Ministério Público abriu uma investigação para esclarecer se Alves, pessoa muito próxima do primeiro-ministro e que já o acompanhou nos seus esforços como ministro da Administração Interna e como presidente da Câmara de Lisboa, cometeu alguma irregularidade no processo. Uma investigação que se soma a outros dois casos em que é acusado de prevaricação. O antigo secretário de Estado tomou posse há apenas dois meses, por sugestão de Costa, depois de mais de nove anos à frente do Câmara Municipal de Caminha. A pressão da oposição e de membros do seu próprio partido forçou o primeiro-ministro a finalmente aceitar a demissão, apesar da relutância inicial. “Vivemos num estado de direito em que, felizmente, ninguém está acima da lei”, disse Costa logo após a sua demissão.
Avaliações da Costa
A demora de Alves em apresentar a demissão e a recusa de Costa a uma possível demissão afetaram o primeiro-ministro. O líder do principal partido da oposição, Luís Montenegroassegurou esta semana que o Secretário de Estado “não está suficientemente qualificado para exercer o pleno poder do seu cargo, não cumprindo as as dúvidas que pesam sobre ele“e atacou Costa por não se posicionar há dias. Críticas que ocorreram também no seio da sua formação, o Partido Socialista, como a do Ministro da Administração Pública na legislatura anterior, Alexandra Leitãoque ele descreveu como “incompreensível“A permanência de Alves no poder há poucos dias.
O secretário de Estado defendeu a sua inocência num processo que diz ter sido completamente transparente. Segundo Alves, a Câmara Municipal decidiu adiantar 300 mil euros, correspondentes a um ano de renda do edifício, para atrair investimento privado oito milhões de euros para o município. “Os municípios são obrigados a encontrar soluções para atrair investidores, seja através da oferta de terrenos ou da isenção de impostos. sempre há um risco aqui“, admitiu esta semana em entrevista ao Jornal de notícias depois de 10 dias sem aparecer publicamente.
Funciona sem iniciar
Mesmo que o pavilhão já deva estar concluído, o trabalho ainda não começou. Isto esclareceu a empresa patrocinadora, cujos acionistas estão escondidos atrás de uma complexa rede de empresas sediadas no exterior. Alves garante que os responsáveis pela construção Eles forneceram várias evidências o que justificou o desembolso do adiantamento de 300 mil euros. “90 por cento das pessoas podem pensar que sou estúpido ou ladrão, mas não sou nenhum dos dois”, disse o secretário de Estado. O atual prefeito da cidade, sucessor de Alves, diz que o patrocinador está avançando com o tratamento licenças para a construção do equipamento.
A demissão de Alves é um duro golpe para o executivo Costa, que exige uma actuação mais rápida nestes casos e definir os critérios decidir em que situações os membros do Governo podem ser mantidos em funções investigado pelos tribunais. Em declarações à CNN Portugal, o ex-ministro Leitão lembrou esta semana que “a regra que prevaleceu nos governos anteriores, do mesmo primeiro-ministro, era que as pessoas investigassem Eles tiveram que deixar o Executivo“. Opinião que também foi defendida pelo presidente da associação. Transparência e integridade, Nuno Cunha Rolo. “Além da sua inocência ou da sua culpa, a questão é se uma pessoa indiciada pela Justiça pode exercer as funções de gestor.” A resposta foi dada pelo primeiro-ministro esta quinta-feira.
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