Ele fez de seu turbante vermelho uma marca registrada e seu apelido, Chakall, um nome de sucesso. O chef argentino Eduardo Andrés López acaba de abrir o seu sexto restaurante em Portugal, no Estádio Da Luz, a casa do Benfica, uma combinação atractiva para os fãs de futebol e boa comida. Uma proposta, explica o chef em entrevista, que reúne pratos de países intimamente ligados a ele e que compartilham uma “tradição futebolística” como Espanha, Portugal, Argentina e Itália.
Quem vai a um dos templos do futebol português pode saborear pizzas e carpaccios da Itália, carnes argentinas (e portuguesas), tapas locais e, claro, presunto espanhol, além de um particularmente sentimental para Chakall ser da Galiza”, a terra” de seu pai, as pimentas padrón.
Desde o início da entrevista, duas perguntas incontornáveis: por que Chakall, por que o turbante? Ele diz que é chamado de Chakall desde os cinco anos de idade, por causa de sua natureza independente e solitária, “um pouco bandido”, e capaz, por exemplo, de voltar para casa sozinho no meio da noite depois de estar perdido. numa feira quando tinha apenas nove anos.
Sua experiência na África é a resposta ao turbante na cabeça. De volta à Europa, passa a se autodenominar “o chefe do turbante” e decide deixá-lo como símbolo. Chakall diz ainda que usá-lo o “inspira”. como no filme Ratatouilleem que o rato Remy se escondeu no toque de um jovem chef para ajudá-lo na cozinha, afirma que ele também tem seu próprio Remy “escondido no turbante”.
Seus primórdios, no entanto, estão longe dos fogões e próximos dos jornais, já que em seus primeiros dias trabalhou como jornalista na Argentina na tentativa de se afastar da tradição familiar, que era justamente o catering. Um jovem argentino que “odiava o cheiro da comida” das ideias de restaurantes familiares ficou frustrado com a barreira linguística em Portugal, que o levou a refugiar-se na cozinha para ganhar a vida.
A sua passagem por África deixou-o não só com o seu emblemático turbante, mas também com “ideias algo estranhas” que o levaram a abrir um restaurante afrodisíaco. Atualmente, são seis em Portugal – mais um que em breve será aberto – e um na China, além dos dois de que é CEO, que lhe trazem rendimentos consideráveis. “São todas empresas independentes, em algumas tenho sócios, em outras não… mas imagino que entre este ano e o próximo deve ser entre 8 e 10 milhões por ano”, disse.
As estrelas Michelin não o interessam
Esse sucesso, no entanto, não o faz pensar nas estrelas Michelin, que, segundo ele, “não movem um centímetro”. Considera comer nestes restaurantes uma “grande experiência” – aliás, supõe conhecer bem Ferran Adriá e ter comido no el Bulli – mas que não seriam locais que frequentaria.
Então, o que é digno de uma estrela de acordo com você? Chakall não tem dúvidas. Ele olha para a Espanha e garante que o que merece dez estrelas é “uma paella bem feita ou pot-au-feu de Madrid”. Sua jornada por mais de 130 países o fez perceber uma coisa: “todo mundo, não importa o país, acredita que a comida do seu país é a melhor”. Mas a infância sai como uma chave: “O que sua mãe ou sua avó cozinharam para você é o que fica no cérebro, as pessoas gostam de comida que as traz de volta à infância”.
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