Patricia Alonso, membro do conselho de administração da Sedisa.
A equipa independente a que o Governo de Portugal confiou a gestão do sistema de saúde despertou o interesse de Sociedade Espanhola de Diretores de Saúde (Sedisa), que aprecia neste corpo técnico uma oportunidade de trazer à administração de saúde os valores de profissionalização e transparência que defende para o SNS. No entanto, considera que seria difícil importar este modelo para um país como Espanha, cuja Conselho Interterritorial Tem carácter consultivo e as competências sanitárias são das Comunidades Autónomas.
A verdade é que ainda é cedo para avaliar os movimentos da nova equipa de responsáveis da saúde pública portuguesa, que foi formada em outubro. Este corpo de dirigentes alheios à política e chefiados pelo presidente do conselho de administração do hospital São João do Porto, Fernando Araújofoi mandatado para travar a crise num sistema de saúde assolado pela falta de médicos: no ano passado, médicos do país vizinho foram obrigados a realizar 21,9 milhões de horas extras26% a mais do que em 2020.
Na opinião de Patrícia Alonso, membro do conselho de administração da Sedisa, não se exclui que Espanha esteja a passar por uma situação semelhante “dado o terreno fértil do subfinanciamento e o que isso implica”. Nesse sentido, o médico que também é assistente no departamento de internações do Hospital de Clínicas San Carlos de Madrid considera que o caos sanitário que impera em Portugal não é apenas consequência da maior procura de cuidados provocada pelo aumento da cronicidade e envelhecimento da população, mas também politização do que deveriam ser decisões técnicas”. “E esses aspectos são comuns a muitos sistemas de saúde, entre os quais o espanhol é um exemplo claro”, alerta.
“O Governo tem poucos poderes realmente operacionais em matéria de saúde, um perfil como o português seria complicado” |
Em declarações a escrita médica, Alonso destaca os benefícios de um organismo com essas características estar na vanguarda da gestão em saúde. As principais, sublinha, residem na sua “capacidade operacional e na sua perfil técnico independente”. Este sistema difere do sistema espanhol, onde “os assessores se identificam mais com o ministro” do que com o próprio ministério. “Em Portugal, poderão transcender pessoas e festas »preciso.
“Poucas habilidades operacionais” do Interterritorial
Sobre a possibilidade de implementar em Espanha um modelo semelhante ao do país vizinho, Alonso assegura que seria “complicado” por causa “da descentralização e a transferência de competências em matéria de saúde para as autonomias”. “Atualmente, o governo central tem poucos poderes realmente operacionais além de definir a carteira básica de serviços, legislação farmacêutica e aspectos relacionados à saúde do estrangeiro”, diz.
Nesse sentido, explica que uma organização com este perfil “deve depender do Conselho Interterritorial”. “E mesmo que não tivesse capacidade operacional como tal – continua – fez recomendações que eram vinculativas, como a definição de limites ou objectivos para além do trabalho de coordenação”.
Embora possa conter declarações, dados ou notas de instituições ou profissionais de saúde, as informações da Redação Médica são editadas e elaboradas por jornalistas. Recomendamos que o leitor consulte um profissional de saúde com qualquer dúvida relacionada à saúde.
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