Baby boomers migram para Portugal

Idanha-a-Nova acolhe o Boom Festival, de 22 a 29 de julho, com cerca de 41 mil visitantes de 177 nacionalidades. Os ingressos esgotaram em uma hora e meia.

Esta é a 13ª edição do Boom Festival que acontece em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco. Foi suspenso por dois anos devido à pandemia, mas este ano regressa “com quase 41 mil pessoas nesta edição”.

Como sempre, a procura por ingressos foi enorme, superando em muito a oferta. Os ingressos esgotaram em uma hora e meia. “O facto de a pandemia ter adiado a edição do ano passado não diminuiu o entusiasmo dos baby boomers”, explicou Artur Mendes, membro da organização.

Desde 2009, este festival realiza-se em Idanha-a-Nova, mais precisamente na Herdade da Granja, onde foi criada a associação IdanhaCulta, dedicada ao desenvolvimento social, cultural, recreativo e ambiental. A organização acabou adquirindo a fazenda de 180 hectares em 2017.

“Poderíamos acomodar cada vez mais pessoas, mas isso seria exatamente o oposto do que queremos, que queremos melhorar a experiência, queremos que haja um equilíbrio. Poderíamos fazer o Boom todos os anos, mas sabemos quando parar, saber não crescer muito é uma responsabilidade que assumimos integralmente, é o nosso compromisso”, afirmou.

Multiculturalismo

Artur Mendes destacou que o Boom Festival é o evento cultural com maior diversidade de nacionalidades: 85% do público é estrangeiro, num total de 177 nacionalidades, incluindo França, Alemanha e Israel.

“Holandeses, suíços, suecos e espanhóis também estão presentes em grande número. Temos um visitante norte-coreano e três polinésios”, disse ele.

A programação deste ano inclui 21 palcos oficiais, 544 artistas, 181 animadores, 69 assistentes e 100 terapeutas.

Um total de 894 pessoas compõem a programação de 2022. A extensa programação inclui atuações de artistas como Agents of Time, Astrix, Acid Arab, Angélica Salvi, Burnt Friedman com João Pais Filipe, Club Makumba, Fogo Fogo, Kimi Djabate, Norberto Lobo. . ou Pantha do Príncipe.

“Muitos nos visitam para praticar ioga, práticas de bem-estar, arte, workshops, meditação, mas outros baby boomers vêm simplesmente para aproveitar o momento presente. Boom, também são cantinhos, jardins detalhados, arquitetura temporária, projetos ecológicos e uma vibração humana muito específica. A experiência Boom é fazer parte do Boom e não apenas observar”, disse Artur Mendes.

Sustentabilidade

“Deixem-me dar alguns exemplos do que fazemos: construímos uma estação de tratamento de água com capacidade de sete milhões de litros para tratar a água cinzenta das chuvas de festivais e reutilizá-la para irrigação, para apoiar a regeneração e reflorestação de Boomland. Construímos 112 novos chuveiros com plástico reciclado e 94 novos sanitários, alguns com plástico reciclado e outros com materiais reciclados do interior dos carros”, destacou.

A organização do Boom Festival continuará a limitar os horários de banho para ajudar a conservar a água e possui sanitários 100% compostáveis. Após tratamento e análise, o composto é devolvido à terra para formar solo em área florestal.

“Cuidamos do território. As árvores e a vegetação são cuidadas e respeitadas. Desde 2015, o programa de reflorestação Boom plantou 925 árvores e 120 unidades de arbustos”, disse.

Durante a última edição de 2018, grande parte do público chegou ao evento a bordo do “Boom Bus”. Este ano este serviço estará novamente disponível, bastando reservar o bilhete. O serviço “Boom Bus” tem várias paragens organizadas em Portugal, mas também em Espanha, França ou Suíça, e é mais uma forma de promover a sustentabilidade ambiental, neste caso através da utilização de transportes públicos.

Além disso, o festival também vai facilitar a vida de quem viaja de bicicleta graças ao “Boom Bike Village”, que acolhe os baby boomers que viajam de bicicleta. Em 2018, foram contabilizados mais de uma centena de “Boom Cyclists”.

Artur Mendes explicou que estar dentro do país é um factor que valoriza, distingue e define o Boom Festival. Contudo, “isto custa mais trabalho, mais esforço, mais vigilância e muito mais investimento pessoal e económico” dentro do país.

Festival da Explosão

Mais que um festival

“Estamos muito felizes com esta escolha. Não somos apenas mais um festival de música, porque somos muito mais do que isso. Não oferecemos apenas concertos nem estamos onde há mais gente durante todo o ano, ou seja, nas grandes cidades”. porque é claro que tudo é mais fácil em Lisboa ou no Porto, porque os sistemas estão instalados, as infraestruturas públicas estão garantidas, mesmo um grande concerto de 60 ou 70 mil pessoas é visto com uma certa normalidade pelas autoridades”, frisou. .

Mas este esforço deu frutos: “As pessoas nos conhecem, sabem que não estamos apenas de passagem. Elas sabem que retribuimos à região”.

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Segundo dados disponibilizados pela organização, entre outubro de 2017 e outubro de 2018, 84% das pessoas que trabalharam na Boom eram portuguesas e um total de 13,3% (214) dos efetivos empregados eram oriundos da região de Castelo Branco.

Durante a edição de 2018 do festival, de um total de 203 fornecedores de construção (equipamentos, ferramentas e materiais), 183 eram nacionais (90%) e 63 regionais (31%). Relativamente aos fornecedores de restaurantes e bares (a organização disponibiliza a todos os restaurantes uma lista de fornecedores nacionais e regionais), 73% eram nacionais.

“Não estamos aqui para importar talentos, utilizamos e promovemos os da região. Não estamos aqui para importar alimentos e outras matérias-primas, procuramos sempre utilizar primeiro os da região. região, purificamos a água, moderamos o consumo de energia, reduzimos ao máximo a nossa pegada ecológica Deve ser isto que significa viver e estar dentro de casa: um compromisso com a região dura uma semana, mas a nossa relação com Idanha. dura e se estende o ano todo”, enfatizou.

Filipa Câmara

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