6 de março de 2023 / 14h04
Os bispos de Portugal começaram a tomar medidas concretas na sexta-feira para responder a um relatório investigativo no mês passado que estimou que mais de 4.000 crianças foram vítimas de abuso sexual dentro da Igreja Católica desde a década de 1950.
Reunida em plenário em Fátima, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou a criação de comissões diocesanas de leigos e um memorial para as vítimas que serão inaugurados durante as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que se realizam em Lisboa a partir de agosto 1 a 6, entre outras medidas.
“Reiteramos nossa profunda gratidão a todas as vítimas que testemunharam no ano passado. Sem vocês não teria sido possível chegar até hoje. Obrigado”, disse o padre Manuel Barbosa, porta-voz do episcopado.
“Queremos também deixar uma palavra de encorajamento a todas as vítimas que ainda carregam no fundo do coração a dor”, acrescentou, anunciando que será criado um “grupo específico” que seguirá o modelo da comissão. publicou o relatório sobre abusos cometidos por membros da Igreja em Portugal.
Os bispos decidiram também que as comissões diocesanas já criadas passam a ser “compostas apenas por leigos competentes nos mais diversos campos de atividade, podendo contar com um assistente eclesiástico”.
Outra iniciativa anunciada foi a criação de um memorial para as vítimas de abuso. Após a JMJ, o monumento será transferido para fora da sede do episcopado.
O P. Barbosa reiterou o pedido de perdão dirigido a “todas as vítimas de abuso sexual no seio da Igreja Católica em Portugal”, acrescentando que “este pedido será tornado público em Abril”, em Fátima, durante a próxima assembleia do CEP.
Os bispos se comprometeram a fornecer “acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico” a todas as vítimas. Além disso, garantiram que o Episcopado terá “tolerância zero com todos os abusadores e com aqueles que de uma forma ou de outra encobriram os abusos praticados dentro da Igreja Católica”.
mais pesquisas são necessárias
Muitos padres e outros supostos perpetradores de abuso, identificados no relatório final da comissão independente, estão mortos há vários anos.
No entanto, na sexta-feira, a comissão forneceu aos bispos os nomes dos padres acusados e que permanecem ativos. Os Prelados disseram que essas denúncias ainda não foram investigadas.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, sublinhou que não se pode “afastar alguém do ministério simplesmente porque alguém o acusou”.
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O Prelado explicou que para avançar nas investigações são necessários mais dados, porque “esta lista que recebemos só contém nomes”. “Se nos chegarem outros documentos para, primeiro, identificarmos quem é o potencial agressor e o que fez de errado, tomaremos as medidas cabíveis”, acrescentou o Bispo de Leiria.- Fátima.
Dom Ornelas sublinhou que a Igreja em Portugal não está “no fim de um processo”, mas “a passar da página do relatório para a ação concreta”.
Na quinta-feira, a Igreja Católica assinou um protocolo com a Associação Portuguesa de Apoio às Vítimas delineando passos para garantir “tolerância zero” contra abusos durante a JMJ.
O protocolo visa proporcionar aos colaboradores e voluntários da JMJ uma formação especial na prevenção de abusos, para que possam atuar perante possíveis acontecimentos durante o evento em Lisboa e nas dioceses que acolherão os participantes.
Este tipo de protocolo, inédito na história da JMJ, implementa “as melhores práticas possíveis” para prevenir abusos e violências e garantir que “as vítimas nunca sejam esquecidas”, disse D. Américo Aguiar, Auxiliar de Lisboa e Presidente da JMJ em Lisboa. Fundação 2023.
Traduzido e adaptado pela equipe ACI Prensa. Postado originalmente em DACs.
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