Casa de Chá da Boa Nova: assim é comer o Atlântico

O sol merece férias, considerando a época do ano. Você deveria aproveitar. Sai com tempo, para preparar um pouco de fome com um passeio pelas piscinas naturais de Leça da Palmeira (também do Siza, aliás). Mas você está cometendo um erro, aquele erro jornalístico comum que, em poucos segundos e duas letras, pode se transformar em horror: Abra o jornal e deixe o celular ligado. Vê-se o impensável acontecimento e a doçura que as notícias portuguesas dão aos jornalistas escolha esta data para implodir. Nesta terça-feira ensolarada de novembro. Aquilo que este perturbado correspondente esperava recordar como um dia memorável em Portugal acabará também por se tornar um dos dias mais memoráveis ​​do país.

Enquanto a polícia revista vários ministérios e a residência do Primeiro-Ministro, devido a um possível escândalo de corrupção, surge um nó na garganta que o impedirá de engolir bem como deveria. Mas o que fazer? Dentro de uma hora começa a entrevista com o chef Rui Paula. A reunião está marcada há várias semanas e as oportunidades não serão numerosas. À medida que o táxi se dirige para a costa, As notícias estão em cascata.

Grave um programa de rádio no carro. Pode haver uma transmissão de notícias ao vivo. O diário requer duas páginas; não, melhor quatro. O assunto é grande. Enquanto Rui Paula fala sobre como este projeto começou há dez anos, o celular faz barulho em seu bolso. Entre toda essa riqueza de informações, predomina a questão mais egoísta: Hoje tinha que ser exatamente hoje?

Paula traça um belo percurso ao longo do rio Douro. Começa pelo restaurante DOC, no Douro Superior, no meio das vinhas do Porto. Siga o canal até à cidade do Porto, onde apoia a sua interpretação gastronómica do norte de Portugal com o restaurante DOP. Tudo isto, tanto o rio como a sua carreira profissional, deságua na Casa de Chá da Boa Nova, já na beira do Atlântico. Tudo que você precisa fazer é olhar ao redor, a responsabilidade que ele diz sentir em atender às expectativas de milhares de gourmets de todo o mundo, mas também do vizinho e exigente esteta Álvaro Siza. Foram realizadas até quarenta reuniões entre o líder e o arquiteto para acertar os detalhes dessas salas, que foram varridas por uma tempestade décadas atrás. Nada comparado a meses e meses de preparação que determinados pratos exigem, explica Rui Paula. Isso não parece muito; nada parece muito quando você prova o resultado.

Marciano Brandão

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