Ilustração e cerâmica fundem-se em perfeita harmonia na exposição que hoje alberga a Escola de Arte de Talavera. Sob o título ‘Cerâmica. Ilustrações. Design editorial’, a artista Ximena Maier, com uma longa carreira como desenhista para o mundo editorial, reúne uma série de criações que captam a sedutora simbiose que se pode estabelecer entre estas técnicas.
Como explica ao La Tribuna José Luis Espinosa, professor de design da escola Talavera, nos últimos dois anos ele transferiu suas habilidades no mundo da ilustração para o meio cerâmico. Neste contexto, o artista criou uma série de pequenas coleções com personagens e decorações curiosamente inspiradas no artesanato que define Talavera.
“Tem muito a ver com a nossa tradição”, explica Espinosa, que explica que o autor se concentrou nos padrões e séries de Talavera, aplicando um estilo próprio a essa forma de fazer cerâmica.
Algumas das peças que podem ser vistas na exposição. – Foto: Manu ReinoTal oportunidade não poderia passar despercebida na Escola de Arte de Talavera, com ciclos de arte, design gráfico e cerâmica, de onde propuseram a Maier a organização de uma exposição que reunisse essas três vertentes. De fato, os alunos tiveram a oportunidade de discutir seu processo de trabalho com o artista durante a abertura da exposição.
Sobre essa questão, Espinosa explica que o interessante foi poder transmitir aos alunos da mão de uma profissional que vive da criatividade os passos seguidos até chegar a esse resultado final em seu trabalho.
Ximena Maier trouxe muitos cadernos e ilustrações originais para esta exposição. Há um total de 47 peças cerâmicas também da sua autoria, entre as quais se podem ver azulejos, pratos e recipientes, entre outros, acompanhados de croquis.
Maier utilizou a técnica tradicional de sobrecapa, com pigmentos e esmaltes típicos da cerâmica Talavera, despejando suas ilustrações nas peças. Além disso, conseguiu adaptá-lo a determinadas séries, com personagens de Talavera, a Batalha de Talavera e Doña María de Portugal.
O que esta artista fez foi “tirar o ar de certas séries tradicionais e interpretá-las à sua maneira de desenhar”, explica Espinosa, que acrescenta que o fez também com o Renascimento italiano e com d outras com ares ingleses, embora “sejam todos muito unidos pela técnica e pela influência do Renascimento”.
Este artista, criador de inúmeros desenhos que adornam espaços públicos e privados não só em Talavera, salienta que hoje a cerâmica também encontra um lugar de destaque no mundo da ilustração, com colaborações entre ilustradores e ceramistas. “Mas raramente é o próprio ilustrador quem faz a cerâmica”, diz Espinosa.
No caso de Ximena Maier, ela ficou “fascinada pela rica história da cerâmica de Talavera nos séculos XVI e XVII”. Dado o seu interesse por este ofício, não hesitou em viajar para Talavera de Portugal, um dos seus locais de residência perto de Madrid, “pega as peças de Talavera para as pintar e estabelece uma ligação com a cerâmica e a história atuais” com alguns resultados interessantes. “
Para o autor, entre as cerâmicas de Espanha, as de Talavera são “as mais belas” e têm “uma melhor representação da riqueza cultural da época em que a China convergia com os Países Baixos, com a Flandres e com a Itália”. “O que ele gostou é que aqui há uma tal mistura de estilos na cerâmica tradicional, que se adapta perfeitamente à cerâmica do século XXI”, diz.
Ximena Maier iniciou este percurso com algumas das primeiras peças do Museu Ruiz de Luna, como “Viva o meu senhorio” da série Guerra da Independência, às quais foram incorporadas outras que podem ser vistas nesta exposição, aberta ao público nas instalações da Escola de Arte até 10 de novembro.
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