Marcelo Rebelo de Sousa, professor universitário do Partido Social Democrata português (PSD), será o próximo presidente com um resultado superior a 50% dos votos emitidos ontem, pelo que não será necessário um segundo turno. A retumbante vitória deste famoso comentador televisivo é um grave revés para a coligação de esquerda que apoia o governo de António Costa.
Em Portugal, um país rescatado pela troika, a crise apenas foi afetada –como sí ocurre en outros países europeus– al sistema de partidos hegemónicos, o PSD y el socialista, que apenas han sufrido un ligero desgaste a pesar do citado de la citado de durabilidade a situação. São muitas as interpretações dadas a este fenómeno, entre as quais não se pode descartar levianamente o carácter melancólico dos portugueses. Mas a realidade é que a influência da opinião publicada em um país com uma notável audiência de jornais e, sobretudo, com um sistema de canais de televisão que não tem medo de questões políticas, o salto das estrelas da mídia para a política é uma tradição. Sem ter que recorrer ao caso do ditador Marcelo Caetano, que entre 1969 e 1974, ano da Revolução dos Cravos, teve um programa de televisão, Conversa na família, desde o advento da democracia, vários políticos utilizaram em direcionar a mídia para acesso aos cargos mais importantes, entre outros, Mário Soares, José Sócrates, Pedro Santana Lopes ou o atual Primeiro-Ministro António Costa.
O novo presidente, Marcelo, como os portugueses coloquialmente o chamam e que deve o seu nome ao já referido ditador Caetano, que serviu de testemunha no casamento dos seus pais, tem vindo a destacar-se como comentador de televisão, a quem tem usado como trampolim política. Depois de não liderar o PSD de centro-direita, do qual cofundou, dedicou-se desde o ano 2000 a ganhar popularidade através dos seus comentários, críticas e informações no pequeno ecrã, até chegar à sede da Presidência, o Palácio de Belém Lisboa.
O papel do presidente português, sendo constitucionalmente muito limitado, tem, no entanto, poderes significativos. Por exemplo, dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas ou recusar-se a assinar acordos governamentais. Embora Marcelo Rebelo de Sousa tenha alertado durante a campanha que não tinha intenção de tomar medidas contra o primeiro-ministro, a convivência entre o presidente conservador e o socialista António Costa é muito interessante, nem mesmo pela vontade do primeiro de servir de ponte entre os esquerdistas do governo e Bruxelas, no momento em que a UE se prepara para exercer o controle sobre o projeto de orçamento de 2016 de Portugal. De fato, a presidência do moderado Rebelo poderia ser útil ao executivo Costa, obrigado a encontrar um equilíbrio entre as obrigações contraídas com Bruxelas e as demandas de seus parceiros do Bloco e do Partido Comunista.
Embora a coabitação não seja nova em Portugal. Durante o mandato do presidente em exercício, Aníbal Cavaco Silva (do PSD), derrotou várias leis propostas pelo então primeiro-ministro socialista, José Sócrates, que teve de antecipar as eleições para as perder. As exigências dos países credores para que Portugal cumpra as suas obrigações podem esticar ao máximo a corda entre Rebelo e Costa, ao ponto de a coabitação se tornar impossível, pelo que não se pode descartar a médio prazo que o Presidente dissolva a Assembleia. e convocar novas eleições.
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