Lisboa, 15 de outubro (EFECOM).- O macrojulgamento do colapso do Banco Espírito Santo (BES) e do conglomerado empresarial a que pertencia começa esta terça-feira em Portugal, que aguarda impacientemente o resultado do julgamento de dez anos após o colapso da empresa que era a maior entidade financeira privada do país.
Todos os olhares estão principalmente voltados para o ex-presidente da entidade Ricardo Salgado, principalmente envolvido num julgamento que envolve 18 pessoas e 7 empresas acusadas de mais de 300 crimes.
O caso remonta a agosto de 2014, quando o BES foi intervencionado pelo Banco de Portugal após registar perdas de vários milhões de dólares e terem sido detetadas irregularidades nas suas contas.
O banco serviu para ocultar a situação financeira crítica do grupo Espírito Santo – que incluía diversas atividades empresariais, desde os seguros à agricultura e ao turismo, passando pelo setor financeiro – e acabou por ser arrastado para a queda deste conglomerado empresarial.
O Ministério Público estima que os crimes cometidos pelo grupo causaram prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
Dez anos depois, o Campus Judiciário de Lisboa será palco do julgamento mais publicitado das últimas décadas em Portugal, pelo qual cerca de 2.000 vítimas, dentro e fora do país, aguardam resposta pelos seus atos.
O principal arguido é Salgado, de 80 anos, que chefiou o BES entre 1991 e 2014, que enfrenta 62 acusações de crimes como formação de quadrilha, corrupção activa, falsificação de documentos, peculato e branqueamento de capitais.
Inicialmente, havia 65 acusações, mas três expiraram, confirmou um tribunal este mês.
A defesa de Salgado tinha pedido a suspensão ou arquivamento do processo contra ele por sofrer da doença de Alzheimer, mas na segunda-feira, menos de 24 horas antes do início do julgamento, os magistrados rejeitaram o pedido.
Outros arguidos incluem o ex-contabilista do Grupo Espírito Santo Francisco Machado da Cruz, os ex-administradores do BES Almícar Morais Pires e Manuel Fernando Espírito Santo e a ex-diretora do departamento financeiro da entidade Isabel Almeida.
Também António Soares, antigo administrador do Novo Banco, a entidade criada para absorver os “bons” activos do BES durante a intervenção do Banco de Portugal.
Há 1.994 pessoas classificadas como vítimas da queda do BES que ainda aguardam justiça, segundo números da Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD), que exige 330 milhões de euros para os afetados.
A ABESD convocou manifestação para esta terça-feira no Campus da Justiça.
Muitas destas pessoas afetadas são clientes de agências do BES no estrangeiro, como foi o caso de muitos emigrantes na Venezuela e em países africanos, e do Banco Prevée, na Suíça, que ainda estão em negociações com o governo. EFECOM
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