Empresas e médicos de Portugal pedem medidas para aliviar o confinamento

Por Catarina Demony e Sérgio Gonçalves

LISBOA (Reuters) – Líderes empresariais, sindicatos e médicos portugueses reuniram-se nesta segunda-feira para pressionar o governo a reforçar as suas medidas de saúde pública para permitir uma flexibilização gradual do bloqueio nacional imposto em resposta à pandemia do coronavírus.

Numa carta enviada ao primeiro-ministro António Costa e ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa, os 167 signatários instaram o governo a tornar obrigatório o uso de máscara e a instalar dispensadores de álcool em gel sem contacto nos espaços públicos.

“O planeamento de um levantamento gradual do bloqueio exigirá medidas de contenção adicionais para evitar novas epidemias que poderiam levar a períodos intermitentes de bloqueio (…) Há uma necessidade urgente de reforçar as medidas de contenção sanitária”, escrevem.

Feito isso, o estado de emergência deverá ser gradualmente levantado, permitindo que a economia retorne aos níveis normais de atividade, disseram.

Portugal relatou até agora 16.934 casos de coronavírus e 535 mortes, bem abaixo dos níveis observados na vizinha Espanha. O presidente português disse que iria propor a extensão do bloqueio nacional, atualmente em vigor até 17 de abril, para 1 de maio.

Na carta, os signatários pedem ao governo que analise todos os casos suspeitos de coronavírus no prazo de 24 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, bem como que introduza o uso generalizado de testes serológicos em todo o país para detectar anticorpos que combatem a doença. .

Uma das medidas propostas seria que as autoridades de saúde solicitassem aos operadores de telecomunicações os dados de contacto dos seus utilizadores infetados com o coronavírus nos últimos 14 dias. Com base em dados de geolocalização, as autoridades alertarão então os utilizadores que estiveram próximos de uma pessoa infectada sobre o risco de infecção através de SMS ou chamada telefónica.

“MAIS TESTES”

A ministra da Saúde portuguesa, Marta Temido, disse esta segunda-feira em conferência de imprensa que a prioridade era “fazer mais testes”, acrescentando que desde o início de março foram realizados um total de 179 mil testes ao coronavírus neste país de 10 milhões de habitantes.

“Alcançamos resultados encorajadores na forma como estamos a lidar com a pandemia”, disse Temido. “Por enquanto, devemos dar passos pequenos, mas seguros.”

As autoridades portuguesas afirmaram que o baixo número de casos no país não significa que as restrições serão levantadas rapidamente.

Jorge Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos, também questionou a fiabilidade dos números oficiais.

“Há falhas na notificação dos casos”, disse ao jornal Observador. “Não é possível, numa semana, que toda a região de Lisboa e Vale do Tejo reporte apenas 15 novos casos.”

(Reportagem de Catarina Demony e Sergio Gonçalves; edição de Andrei Khalip e Gareth Jones; tradução de Darío Fernández em Gdansk)

Suzana Leite

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