A Espanha está escura à noite desde a última quarta-feira. O Governo decidiu que a iluminação das montras e dos edifícios públicos terá de ficar sem luz depois das 22h00 para poupar energia. Esta é uma medida que se insere na crise energética que a Europa atravessa, mesmo que ainda não esteja claro o real impacto que pode ter.
As medidas mais importantes do novo decreto que entrou em vigor são a regulação de termostatos e iluminação. O ar condicionado em grandes áreas, lojas e prédios públicos não deve ser inferior a 27 graus Celsius. Enquanto isso, no inverno, o aquecimento também será restrito nos mesmos locais e a temperatura não poderá ultrapassar os 19 graus.
Para ajudar a preservar essas medidas, prédios e instalações serão obrigados a fechar automaticamente a partir de 30 de setembro sob um segundo pacote de regulamentos.
Quem isso afeta?
Em geral, estas medidas serão aplicadas a edifícios e espaços públicos, lojas e instalações, uma vez que estão sujeitos à regulamentação das instalações térmicas e ao código de iluminação, dependendo das comunidades autónomas. A regulamentação prevê exceções para locais onde é necessário manter uma temperatura adequada, como hospitais, ginásios, centros educacionais, indústrias, cozinhas ou supermercados.
Em que territórios deve ser aplicado?
As medidas de economia de energia aprovadas pelo governo estarão em vigor em todo o território nacional, pelo que afetarão tanto as 17 comunidades autónomas como Ceuta e Melilha.
Por quanto tempo eles serão válidos?
O decreto real prevê a sua validade em princípio até 1 de novembro do próximo ano.
Quais são as penalidades incorridas por aqueles que não cumprem?
Os espaços que não cumprirem os novos regulamentos enfrentarão multas significativas que variam de 60.000 euros, mas podem chegar a até 100 milhões de euros para as violações mais graves. No entanto, a Ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, Teresa Ribera, assegurou que se abre agora um período de transição em que, por enquanto, não haverá sanções.
Quais foram as reações a esta medida?
A oposição rejeitou imediatamente essas medidas. O PP pediu ao executivo uma série de relatórios justificando as medidas e explicando o impacto que terão na economia. Os governos regionais do PP também têm se mostrado relutantes em aplicá-los, com destaque para a Comunidade de Madri, onde o executivo de Isabel Díaz Ayuso vai apelar para o Tribunal Constitucional sob o argumento de que eles invadem os poderes regionais. Por outro lado, comerciantes e hoteleiros também criticaram o plano, questionando seu real alcance e dizendo que ele levará a uma inevitável perda de clientes e receitas, além de despesas inesperadas.
Serão eficazes?
A eficácia das medidas dependerá da reação dos indivíduos, dada a natureza atomizada da demanda de eletricidade e o fato de que seu consumo e economia dependem de decisões individuais. Alguns analistas econômicos preveem que não serão nem eficientes nem eficazes, porque foram lançados às pressas e não foram levadas em conta as particularidades geográficas e econômicas de regiões, cidades ou empresas.
O plano polarizou o debate, especialmente na esfera política, depois que Madri não sai com a qual a presidente de Madri, Isabel Díaz Ayuso, se rebelou, e o Lendakari, Íñigo Urkullu, disse que o País Basco respeitaria as medidas mesmo que foram impostas.
De quanto são as economias estimadas?
A ministra Teresa Ribera assegurou que “um grau de temperatura menos poupa sete por cento do consumo”, e referiu-se às estimativas de “uma grande empresa pública que tem mais de 90 hotéis e 100 restaurantes”, a Paradores, que pretende poupar “mais de um milhões de euros por ano”. , não foi apresentado nenhum relatório económico que justifique estes sete por cento, e não foi realizada qualquer análise de custo-benefício.
Mais medidas em setembro
Para além destas medidas urgentes, o Governo vai anunciar o seu plano de contingência em setembro. Por enquanto, respondeu ao pacote já anunciado em maio passado para a administração geral do Estado, ainda que a esfera doméstica permaneça fora dessas etapas. Para já, a Transição Ecológica lançou uma campanha, #SaveEnergy, com recomendações como “Um duche (curto) é melhor do que um banho (quente), “Deixe cair a persiana e as persianas nas horas mais quentes ou “Melhor colocar o ventilador ligado do que o ar.” Além disso, sugere-se também incentivar a compra de tomadas inteligentes, desconectar todos os aparelhos em standby e revisar as tarifas dos contratos.
Existem outros países com padrões semelhantes?
Estas medidas fazem parte do plano de poupança de energia proposto pela União Europeia, que visa que os países reduzam o seu consumo de energia em 15%, com exceção de Espanha e Portugal, que devem reduzi-lo em 7% devido à chamada “Exceção Ibérica”. A situação da Espanha, menos dependente do fornecimento de energia da Rússia, é diferente da de outros países que, embora tenham adotado medidas diferentes, ainda não têm regulamentação definida.
A França, pioneira em um plano de economia de energia, decretou a proibição dos letreiros luminosos após a 1h, enquanto a Alemanha (que recebe um terço de seu gás da Rússia) instou a cumprir uma série de recomendações, como limitar a temperatura, enquanto as cidades e regiões do país teutônico já estão tomando suas próprias medidas. Outras nações diretamente dependentes da energia russa, como Itália, República Tcheca ou Polônia, ainda não têm uma estratégia definida de economia de energia.
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