Eutanásia, uma realidade em Portugal após quatro vetos e anos de debate

descriminalização do eutanásia foi aprovado pelo Parlamento Portugal depois de quatro tentativas de impedi-lo pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e anos de debates e votações na câmara.

O presidente, conservador e católico praticante, deve promulgar a lei depois que a Câmara decidiu aprovar, sem alterações, a mesma versão da norma que vetou em abril.

O debate parlamentar sobre a morte medicamente assistida percorreu um longo caminho em Portugal. Aqui estão as datas mais importantes:

– 02/01/2017: A Assembleia da República abre formalmente o debate sobre a eutanásia ao abordar, em sessão sem votação, uma petição dos cidadãos pela descriminalização. Nos meses seguintes, quatro partidos, incluindo o Partido Socialista – que governava em minoria – apresentaram seus projetos de lei.

– 29/05/2018: As quatro propostas para descriminalizar a eutanásia falham no Parlamento.

– 10/06/2019: As eleições legislativas, vencidas pelo Partido Socialista, modificam a composição do Parlamento e abrem um cenário favorável para a regulamentação da assistência médica à morte.

– 29/01/2021: Parlamento aprova pela primeira vez a descriminalização da eutanásia.

– 18/02/2021: O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, envia a lei ao Tribunal Constitucional, por considerar que recorre a “noções excessivamente indeterminadas”.

– 15/03/2021: A Constituição retrocede a norma pelo uso de conceitos “imprecisos”, mas abre as portas para que o Parlamento trate novamente por não considerar que a prática fere o direito à vida.

– 05/11/2021: O Parlamento, prestes a ser dissolvido pelo Presidente para convocar eleições antecipadas, aprova novamente a lei com algumas correções em resposta às objeções dos juízes do Tribunal Constitucional.

– 30/11/2021: Rebelo de Sousa anuncia veto político à norma considerando que devem ser esclarecidas as razões pelas quais se pode recorrer à assistência médica na morte e arrasta o debate para a próxima legislatura.

– 12/09/2022: Parlamento aprova pela terceira vez a descriminalização da eutanásia com nova versão da norma.

– 01/04/2023: O presidente volta a remeter a lei ao Tribunal Constitucional de forma “preventiva” para que este analise se cumpre os requisitos legais indicados em 2021.

– 30/01/2023: O Tribunal Constitucional volta a adotar a lei, entendendo que esta suscita interpretações contraditórias sobre o sofrimento necessário para beneficiar da eutanásia.

– 26/02/2023: Sondagem revela que 61% dos portugueses votariam a favor da ajuda médica à morte se fosse submetida a referendo.

– 31/03/2023: Parlamento aprova uma quarta versão da descriminalização da eutanásia.

– 19/05/2023: O Presidente da República volta a exercer o veto político para travar a norma e pede mais esclarecimentos sobre as diferenças entre suicídio assistido e eutanásia e o enquadramento do processo, embora especifique que não acredita que existam problemas de inconstitucionalidade do texto.

– 20/04/2023: O Partido Socialista, que governa por maioria absoluta, anuncia que voltará a aprovar a última versão da lei sem modificações, razão pela qual o Presidente será obrigado a promulgá-la, conforme estabelece a Constituição. Outros partidos se juntam à intenção dos socialistas.

– 11/05/2023: A direita ameaça devolver a norma à Constituição quando ela entrar em vigor, mecanismo que não paralisaria sua aplicação enquanto o processo fosse adiado.

– 12/05/2023: Parlamento aprova pela quinta vez a descriminalização da eutanásia e o presidente deve promulgá-la no prazo máximo de oito dias. Entrará em vigor no dia seguinte à sua publicação no Diario de la República.

Com informações da EFE

Filipa Câmara

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