Extremadura acusa governo de paralisar o acordo com Portugal para a ponte de Cedillo devido a uma “decisão política”

O assessor da Presidência do Conselho, Abel Bautista, atribuiu a uma “decisão política” do governo espanhol a decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros de paralisar o acordo entre a Extremadura e o Alentejo português para a construção da ponte prevista no Sever River para unir os dois países, apenas quatro dias antes de autorizar a sua assinatura, quando já tinha recebido “todas as felicitações” do Ministério da Política Territorial. “Estamos mais indignados do que nunca com esta situação”, declarou o vereador da Extremadura, durante a conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Governo realizado esta terça-feira, em Mérida, durante a qual estava prevista a aprovação da assinatura do referido acordo pelo qual a Extremadura contribuiria. 2 milhões de euros para a construção da estrada que liga a localidade de Cáceres de Cedillo à ponte. Uma infra-estrutura que pouparia aos habitantes desta zona o actual desvio de 120 quilómetros que devem fazer para chegar à vila portuguesa de Nisa, geograficamente separados por apenas 13 quilómetros. Uma ponte orçada em 9 milhões de euros financiada pelo Mecanismo de Recuperação e Resiliência graças a um acordo assinado, em 2021, entre o governo português e a Câmara Municipal de Nisa. Por sua vez, o Governo da Estremadura trabalhou num acordo para a construção da referida autoestrada com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, que já tinha recebido relatório favorável do Ministério da Política Territorial, numa comunicação do passado. 23. Porém, no dia 14 de dezembro, ou seja, na quinta-feira passada, o Diretor-Geral de Ação Externa do Conselho recebeu um telefonema do Ministério das Relações Exteriores pedindo-lhe para paralisar o acordo, e no dia seguinte, 15 de dezembro, recebe outro “anúncio”. hoc”, neste caso desfavorável, do departamento de José Manuel Albares, argumentando que os poderes sobre as infra-estruturas que ligam dois países pertencem à administração central. Um argumento que se choca com alguns antecedentes citados pelo governo da Extremadura, como o duas estradas que ligam Salamanca a Portugal ou o túnel de Bielsa, que atravessa os Pirenéus e liga a província de Huesca a França. Esta decisão motiva o atraso “mais uma vez” de uma infra-estrutura necessária para a região, porque ligaria a comunidade ao região mais industrializada do interior de Portugal, e implicaria também a redução dos tempos de viagem para possíveis trocas comerciais e fluxos turísticos.” DECISÃO POLÍTICA” O vereador da Extremadura garantiu que não sabe o que aconteceu nos apenas 20 dias entre o relatório de um ministério e o do outro, mas “tendo em conta que neste período foi formado o novo governo espanhol, lamentamos muito, temos ou podemos imaginar o que aconteceu”. Neste sentido, sublinhou então, quando questionado pela comunicação social sobre as razões desta mudança de critérios, que “sem dúvida” se devem “em absoluto, apenas a decisões políticas”. Bautista esclareceu que este tipo de decisões não seriam adotadas se fossem tomadas em outros territórios. “Isso não aconteceria, estamos convencidos, com outras comunidades autónomas, eles sabem perfeitamente do que estamos a falar, sabem perfeitamente onde vai parar a infraestrutura e para onde foram os investimentos do Estado desproporcionalmente nos últimos anos, ” ele argumentou. Por todas estas razões, apelou ao Governo para que acelere o processo para que não haja mais atrasos. “Ou eles assinam ou têm que nos deixar assiná-los”, disse Bautista, que acredita que “os projetos não podem ficar nas gavetas”, insistiu, devido a “decisões políticas que acabam sempre por ser prejudiciais”. » acrescentou, aos extremodurianos que “há tanto tempo esperam para ter a infra-estrutura que merecem”. “A bola está do lado do governo espanhol”, sublinhou o conselheiro, lamentando que desta vez seja “uma questão de aplicação da regulamentação”, mas “depois será uma rubrica orçamental e depois não saberemos”. .” “Há muitos anos, muitas décadas que sofremos com isto”, lamentou, acrescentando que é “desculpa após desculpa impedir sempre a concretização da infra-estrutura que os extremaduranos merecem, necessitam, exigem e exigem”. , o Ministério dos Negócios Estrangeiros não fixou qualquer prazo para a assinatura do referido acordo e alertou nesta fase para um atraso na execução dos investimentos que poderá pôr em perigo os fundos “Se isso atrasar, é óbvio que há sempre o risco de perda”, razão pela qual instou o governo a assinar o acordo com o governo português o mais rapidamente possível ou a deixar que a comunidade autónoma o faça, como foi o caso, prestes a acontecer, com o Alentejo português Bautista reconheceu que de momento não contactaram as autoridades portuguesas para saber o estado da situação porque “foi tudo muito apressado”, mas disse que o fariam “nos próximos dias”, estando mesmo a considerar uma reunião conjunta visita no local “para transmitir o que aconteceu, procurar soluções e, acima de tudo, exigir”.

Alex Gouveia

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