Um grupo de investigação do qual participa a Universidade Complutense de Madrid (UCM) descreveu uma nova espécie de amonites – moluscos cefalópodes com concha externa. Esta espécie, denominada Plesechioceras rochai, foi registada no Jurássico Inferior de Portugal (especificamente no Sinemuriano, há 190-197 milhões de anos).
Esta investigação destaca a ligação entre as bacias asturiana e lusitana, as áreas de estudo. Neles foram identificados 216 espécimes, distribuídos em oito gêneros e 15 espécies pertencentes às famílias Echioceratidae –à qual pertence P. rochai–, Oxynoticeratidae e Eoderoceratidae.
O livro, publicado em biologia histórica, permite estabelecer uma correlação entre os materiais do Jurássico Inferior das duas bacias do noroeste peninsular. As espécies de amonites identificadas são mais semelhantes às do noroeste da Europa (Reino Unido ou França) do que às do sudeste da Península Ibérica, mais próximas das da bacia do Mediterrâneo.
“Ao estudar estes fósseis podemos, entre outras coisas, descobrir a ligação entre estas bacias, as condições paleoambientais em que viveram ou a diversidade existente nestes mares”, explica Íñigo Vitón, investigador do Departamento de Geodinâmica, Estratigrafia e Paleontologia do UCM.
Apesar das semelhanças entre as bacias das Astúrias e de Portugal, existem diferenças entre os amonites registados, como a descoberta da nova espécie reconhecida apenas na bacia do Lusitano, e que indica como estas ligações entre estas bacias se alteraram ao longo do tempo.
“Este estudo é um pequeno contributo para um melhor conhecimento da biodiversidade do passado. Qualquer avanço neste sentido ajuda-nos a medir melhor a crise ecológica em que nos encontramos hoje”, sublinha Vitón.
Dimorfismo sexual, mais antigo do que se pensava
Os afloramentos estudados localizam-se no oeste de Portugal, na região da Marinha Grande, e no norte das Astúrias, na chamada Costa Jurássica.
Para a realização do estudo, antes de mais, investigadores da UCM, da Universidade de Coimbra e do Museu Jurássico das Astúrias realizaram um trabalho de campo durante vários meses para estudar o terreno e recolher material paleontológico.
As novas descobertas localizam-se no oeste de Portugal e norte das Astúrias, na chamada Costa Jurássica
Uma vez obtidos os fósseis, foram realizados trabalhos laboratoriais na Faculdade de Ciências Geológicas da UCM para os limpar, fotografar e realizar um estudo detalhado que permitiu a sua identificação sistemática. Ao mesmo tempo, informações publicadas em outras geografias foram pesquisadas e contrastadas para comparar o novo material.
Outra novidade do estudo é que ele traz novas informações sobre o dimorfismo sexual em espécies da família Oxynoticeratidae: dada a significativa diferença de tamanho entre os espécimes, os de menor tamanho (microconchas) são associados como pertencentes aos machos, e os de maior porte ( macroshells) do que as fêmeas.
“O dimorfismo sexual em amonites dessa idade ainda não foi tão bem estudado quanto em grupos posteriores, por isso sustenta a hipótese de que essa característica existia antes do que havia sido descrito”, acrescenta o pesquisador.
Referência:
Íñigo Vitón, María J. Comas-Rengifo, Luís V. Duarte & Antonio Goy (2023) “Ammonóides da zona Oxynotum e da zona Raricostatum (subzona Densinodulum) do Sinemurian, Jurássico Inferior, nas bacias asturiana e lusitana” . biologia histórica.
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