Hoje o TEDH vai estudar o julgamento de vários jovens contra Espanha e outros 32 países pelas alterações climáticas

A Grande Secção do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) vai realizar esta quarta-feira uma audiência sobre o processo movido por vários jovens portugueses dos 11 aos 24 anos contra Espanha e outros 32 países por incumprimento das suas obrigações internacionais na luta contra o clima mudar. A ação alega que os incêndios florestais que ocorrem todos os anos em Portugal desde 2017 são uma consequência direta das alterações climáticas que colocam riscos para a sua saúde. Na verdade, dizem que já sofrem de alterações nos padrões de sono, problemas respiratórios e alergias agravadas pelo aumento das temperaturas. Além disso, dois dos jovens salientam que as alterações climáticas estão a provocar fortes tempestades no inverno, o que significa que as suas casas, localizadas perto do mar em Lisboa, estão em perigo. No mesmo sentido, afirmam que não sentem ansiedade apenas por causa desses desastres naturais, mas também pela expectativa de terem que desenvolver suas vidas em um ambiente climático cada vez mais hostil. DISCRIMINAÇÃO GERATIVA Tudo isto, afirmam, representa uma violação dos seus direitos à vida, ao respeito pelo desenvolvimento da vida privada e familiar e às proibições de maus tratos e discriminação, porque consideram que as alterações climáticas afectarão mais a sua geração. dada a sua idade atual, do que os anteriores. Para isso, baseiam-se na Convenção Europeia dos Direitos Humanos, mas situam a sua interpretação no Acordo de Paris de 2015 e na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, entre outros tratados. Para os jovens, os Estados-Membros não cumpriram as suas obrigações internacionais devido à falta de medidas adequadas para limitar as suas emissões de gases, a fim de conter o aumento das temperaturas. A audiência, que se prolongará amanhã e à tarde, segue-se a outras duas audiências realizadas este ano sobre processos judiciais relacionados com o impacto das alterações climáticas. O Tribunal Europeu adiou a análise de outros sete casos enquanto aguarda os três atualmente na Grande Secção.

Francisco Araújo

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