Este conteúdo foi publicado em 25 de abril de 2023 – 11:41
mar marinheiro
Lisboa, 25 de abril (EFE).- O dirigente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, concluiu, com protestos da extrema-direita, uma visita a Portugal que selou o reencontro entre os dois países, com ambiciosos objetivos comerciais pendentes e o desafio de avançar no Tratado UE-Mercosul, também uma prioridade em sua agenda em Madri.
A visita terminou hoje com uma cerimónia no Parlamento português estragada pelos deputados do Chega que Lula resumiu como um “grande trabalho” da extrema-direita.
Na periferia da Assembleia, um forte dispositivo de segurança controlou duas manifestações, uma a favor do presidente do Brasil e outra contra – convocada pelo Chega – que ocorreram sem incidentes.
O Chega, que receberá Jair Bolsonaro em evento de extrema-direita em Portugal em maio, já havia antecipado os protestos, que coincidem com as comemorações do 25 de abril.
BRASIL DE VOLTA E COM UCRÂNIA E MERCOSUL NA AGENDA
“O Brasil está de volta”, insistiu Lula durante sua visita a Portugal, onde marcou dois temas da agenda internacional: a guerra na Ucrânia e o tratado UE-Mercosul.
No Parlamento português, reiterou hoje o seu compromisso com um diálogo de paz: “A guerra não pode continuar indefinidamente (…) Temos de falar de paz”, declarou Lula, que defende a criação de uma mesa com países “que dão confiança “para ambas as partes.
Uma posição que contrasta com a defendida pela UE e que foi hoje sintetizada pelo Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva: A Rússia “deve cessar as hostilidades e retirar-se de um país soberano”.
Em perfeita harmonia, Lisboa e Brasília mantêm-se, no entanto, na promoção do acordo UE-Mercosul.
Lula assume do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, o compromisso de atuar como “ponta de lança” para acelerar o tratado em Bruxelas.
Um assunto que também estará na agenda que estreará hoje na Espanha, país que assumirá a presidência da UE em julho.
Sem surpresa, Lula escolheu Portugal e Espanha em sua primeira visita à Europa por causa de seus laços históricos e porque são a “porta de entrada” para a UE.
BRASIL QUER INVESTIMENTO
O Brasil quer investimentos e parceiros. Lula desafiou Portugal a dobrar a balança comercial bilateral, que já está próxima de US$ 6 bilhões.
“Queremos convidar os empresários a juntarem-se a nós”, disse ele num fórum empresarial na segunda-feira, após a cimeira bilateral que culminou com a assinatura de mais de dez acordes.
A cooperação aeronáutica é um exemplo de possibilidades comuns. A gigante brasileira Embraer, que controla 65% da OGMA, a agência aeroespacial portuguesa, vai produzir em Portugal uma versão do A-29 Super Tucano, um dos modelos utilizados pela NATO.
Adicionalmente, a Embraer vendeu cinco unidades do cargueiro militar KC-390 para Portugal.
Os dois governos esperam que a retomada das cúpulas bilaterais anuais – suspensas por sete anos – multiplique as oportunidades.
O PRÊMIO EM BUARQUE, SÍMBOLO DOS UNIDOS
A visita de Lula também permitiu ao escritor e compositor brasileiro Chico Buarque receber o prêmio Camões, que ganhou em 2019 e que Jair Bolsonaro se recusou a entregar.
“Também recebo este prêmio em reparação a tantos atores e artistas ofendidos por esses anos de estupidez e obscurantismo”, disse Buarque na segunda-feira sobre Bolsonaro. “Seus quatro anos de governo desastroso duraram uma eternidade.”
“O Chico esperou quatro anos para receber o prêmio em mãos, e esperamos quatro anos para entregá-lo a ele, como esperam os amigos”, resumiu o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.EFE
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