A foca-monge-do-mediterrâneo, o anequim-preto ou a enguia estão entre os animais ameaçados de extinção afetados pela presença dessas partículas poluentes nos oceanos. Os cientistas, explicam no Sinc, alertam para o seu impacto no ambiente e esforçam-se por estudar as consequências destas toxinas na saúde, também nos humanos, devido ao seu lugar no topo da cadeia alimentar.
Os microplásticos já estão perto de animais em extinção, como a foca-monge do Mediterrâneo, o anequim-preto ou a enguia @FindingAMcIvor @MARE_Centre @shou_1912 @uniovi_info
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O clichê da tartaruga cabeçuda presa entre as redes de pesca ou do cavalo-marinho pendurado em um cotonete já deu a volta ao mundo. Não foi só pelo prémio fotográfico que os seus autores receberam, mas também por ser uma alegoria dos danos que causamos aos ecossistemas marinhos. Mas se essas imagens e outras nos impactam, como a dos cetáceos recheados de plástico que dão à costa, é apenas uma realidade do visível. Há outra, menor, mal percebida ou retratada: a dos microplásticos que também os ameaçam.
Essas minúsculas partículas de menos de 5 mm se espalharam pelos lugares mais remotos do planeta, podem persistir por mais de cinco décadas nas cadeias alimentares e muitas espécies correm o risco de ingeri-las. Cada vez mais estudos se concentram em analisar sua presença, como biomarcadores do estado de nossos oceanos, para saber o risco que representam para os humanos ou o impacto na saúde animal. Sua presença foi descrita em mais de 690 espécies, principalmente marinhas, das quais 200 são comestíveis.
Suas conseqüências tóxicas foram verificadas, por exemplo, em vermes marinhos que tiveram suas funções vitais reduzidas; Em experimentos de laboratório, estresse oxidativo, respostas imunológicas, diminuição da fertilidade ou aumento da mortalidade foram descritos. Além disso, ao contrário do que se possa pensar, quanto menor o tamanho, maior a toxicidade. Uma possível explicação seria que as partículas maiores são expelidas mais rapidamente após a ingestão.
Os predadores são particularmente vulneráveis aos microplásticos antropogênicos devido à sua alta posição trófica e presença cada vez maior em nossos oceanos. Eles marcam grandes mamíferos como a baleia azul que consomem grandes quantidades de comida e estão em perigo de extinção, mas não são exceção.
Uma ameaça para a foca-monge do Mediterrâneo
Houve um tempo em que este mamífero marinho (Monachus monachus) habitava toda a costa do Mediterrâneo. No entanto, atualmente está listado como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com menos de mil espécimes em todo o mundo. Cientistas e grupos de conservação trabalham em sua recuperação há anos, mas ela continua na lista das dez espécies de mamíferos mais ameaçadas do planeta.
A sua distribuição é rara e fragmentada, encontrando-se apenas em duas áreas geograficamente distintas: no Atlântico Este (costa do Saara e Madeira), e no Mar Egeu (Chipre, Grécia e Turquia). estudou as populações da ilha portuguesa da Madeira para saber como essas partículas as afetam. Até agora, a dinâmica de acúmulo desses pequenos fragmentos em predadores marinhos em ilhas remotas era desconhecida.
Este trabalho, publicado na revista Science of The Total Environment, baseou-se na análise dos excrementos do animal. 100% das amostras continham esses restos em seu interior. No total, eles coletaram 18 amostras coletadas entre 2014 e 2021 e um método de espectroscopia de infravermelho foi usado para seu estudo. Um total de 390 partículas microplásticas foram recuperadas, consistindo principalmente de fragmentos (69%) de diferentes tamanhos e compostos poliméricos. A prevalência foi maior do que a registrada anteriormente por análises baseadas nas fezes de outras espécies de pinípedes.
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