Isto não foi unânime, mas foi doloroso: alguns dos torcedores brasileiros que compareceram ao Maracanã Empolgados ao ver seu time derrotar o campeão mundial, eles começaram a gritar “ole” enquanto a Argentina passava a bola de um lado para o outro. Foi o reflexo de um momento doloroso: o país que mais vezes venceu a Copa do Mundo perdeu a invencibilidade em casa nas eliminatórias.
(Também: Atenção! Os dados chocantes deixados pela vitória da seleção contra o Brasil)
É cada vez mais comum encontrar na imprensa ou nas redes sociais a frase “É a primeira vez que o Brasil…”, acompanhada de um marco negativo: em 2014, foi a primeira vez que o Brasil… o time da casa em uma Copa do Mundo sofreu sete gols. ; em 2016, foi a primeira vez que foi excluído de uma Copa América na fase de grupos desde 1987, em uma área que inclui Peru, Equador e Haiti.
Tópicos relacionados
Há um mês, foi a primeira derrota contra o Uruguai em 22 anos e a primeira em oito anos empatada. Até então, poderíamos falar de algo circunstancial, dado o enorme domínio que os brasileiros demonstraram nas duas últimas Copas do Mundo.
Mas agora, Em menos de uma semana, recebeu três golpes decisivos seguidos: a primeira derrota para a Colômbia, a primeira vez que perdeu dois jogos seguidos nas eliminatórias (já são três) e agora, a primeira derrota em casa no as eliminatórias. E contra a Argentina, que já havia vencido a final da Copa América há dois anos no mesmo terreno, o Maracaná. Algo está errado no Brasil: o rumo está perdido.
O “ole” caiu como um golpe na alma do técnico do Brasil, Fernando Diniz, o mesmo que o mundo elogiou há apenas três semanas pelo “ataque funcional” com que conquistou a Copa Libertadores com o Fluminense. No continente e nos clubes, o país segue varrendo: o último clube não brasileiro que levantou a Libertadores foi o River, em 2018. Mas já no nível da seleção, neste confronto as fissuras apareceram.
“Os fãs têm o direito de fazer o que quiserem. Isso acontece e temos que dar o nosso melhor. O torcedor é apaixonado e quer vencer, por isso tem direito de vaiar. Acho que chamar a Argentina de “velha” é demais. Tanto que quem o fez foi vaiado pelo público presente. Mas vaiar, ficar incomodado com o time porque não está vencendo é extremamente compreensível”, disse Diniz, lesionado, em entrevista coletiva.
(Também: Alerta ao Real Madrid após a lesão de Vinicius contra a Colômbia: qual a gravidade?)
“De resto, é preciso saber conviver com as vaias e a pressão. Ele (o torcedor) quer vencer e jogar bem. Acho que o time jogou bem, mas não venceu. E quando isso acontece e chega a derrota, é um fenômeno normal”, acrescentou.
Diniz é um homem de passagem pela seleção. Após a saída de Tite, o ex-técnico, após fracassar na tentativa de recuperar o título mundial no Catar 2022, o técnico do Fluminense foi colocado lá com urgência devido à possível chegada de Carlos Ancelottiassim que terminar seu contrato com o Real Madrid.
Equipamento instável
Essa instabilidade é perceptível, no jogo e na folha de pagamento. Diniz utilizou 34 jogadores nesta partida, mais do que qualquer outro time. A Argentina, por exemplo, utilizou apenas 23 e a Colômbia, 29.
É claro que existem fatores atenuantes neste momento ruim. Só nesta fase de qualificação, o Brasil perdeu nada menos que oito jogadores devido a lesões, incluindo estrelas ofensivas como Neymar e Vinícius. (que fazia parte da seleção e se machucou na partida que perdeu para a Colômbia). E o próprio Diniz usou isso como argumento de defesa.
“Vou dizer a mesma coisa de quando o Fluminense conquistou a Libertadores: não dá para pensar que a vida é só estatística, se for só estatística tudo fica muito ruim. , teve muita coisa. Hoje tivemos três jogadores que jogaram na última Copa do Mundo, a Argentina tinha um time quase completo”, explicou.
(Talvez você se interesse: Em vídeo: Ángel Di María cuspiu na torcida brasileira que estava na arquibancada)
“O desempenho flutua. Contra a Colômbia eu disse que jogamos melhor na maior parte do tempo. E quando falamos, não tem grande impacto. O treinador argentino viu o mesmo jogo que eu, aceitou”, acrescentou o treinador, numa declaração descrita como falta de autocrítica.
E a escola?
O Brasil perdeu a escola e tentou buscar talentos estrangeiros para as bancadas. A possível chegada do italiano Ancelotti é um grande sintoma, embora a sua contratação se deva mais à tentativa de aproveitar o seu conhecimento dos dois atacantes em que este país aposta para o futuro, Rodrygo e Viniciuscom quem se encontra diariamente no Real Madrid e a quem Enrick se juntará aos 18 anos.
Até julho deste ano, havia mais treinadores estrangeiros do que brasileiros na Liga local: eram 11, sendo sete portugueses e quatro argentinos. Vários deles já perderam o emprego, como o gaúcho Jorge Sampaoli, que passou péssima passagem no Flamengo, e o português Bruno Lage, demitido enquanto tinha o Botafogo como líder, embora com uma sequência negativa de oito jogos sem vitória, entre eles, os da Copa Sul-Americana, em que, no final das contas, o time foi eliminado.
O fato de Diniz estar em regime temporário também acabou afetando o desenvolvimento da equipe. O tão alardeado “ataque funcional” do Fluminense exige muito trabalho e muita repetição, o que é impossível de conseguir na seleção, já que os jogadores se encontram três ou quatro dias antes de cada partida.. E agora teremos que esperar até junho de 2024 para ter acesso ao próximo jogo oficial, o início da Copa América. Se eles deixassem isso acontecer.
“Quando você controla o treinamento, você encontra as coisas que planeja fazer no jogo, mas às vezes o resultado lhe escapa. Como você vai vencer? Parar de evoluir, parar de construir? Deixar de acreditar nas crianças que brincavam, muitas delas nascidas nos anos 2000? Este é o futuro que temos. E os jogadores estavam engajados. Se você conseguir melhorar isso, os resultados tenderão a aparecer de forma consistente”, explicou Diniz.
(Continue lendo: Lionel Scaloni: Por que você está pensando em deixar a seleção argentina? Análise)
A última vez que o Brasil passou por uma crise semelhante foi em 2001, mas não nas proporções da crise atual. O técnico da época, Emerson Leão, deixou o time em junho daquele ano, após perder para o Equador em Quito e empatar em casa com o Peru. Em seu lugar veio Luiz Felipe Scolari, que recebeu vários golpes desde o início: a derrota para o Uruguai, o fracasso da Copa América da Colômbia, para a qual trouxe um time alternativo e foi excluído nas quartas de final, e depois, antes Aguarde a última data da fase de qualificação para acessar a Copa do Mundo. No ano seguinte, foi campeão mundial.
Por enquanto, a aposta parece continuar em Diniz, que terá que apostar em movimentar o que puder durante a data Fifa, em março. O DT conhece os limites que lhe são impostos por não poder treinar frequentemente com o grupo.
“O jogo acaba sendo o treino em si. As emoções do jogo não podem ser treinadas no treino. Para mim seria muito melhor se tivéssemos jogos sequenciais, mas tenho que me adaptar a isso e deixar o time cada vez melhor. Espero que não haja mais problemas com as convocações, que possamos ter aquelas que consideramos as melhores e que os jogadores não se lesionem”, insistiu.
JOSÉ ORLANDO ASCÊNCIO
Editor Adjunto de ESPORTES
@Josasc
Mais notícias esportivas
“Fã de comida premiada. Organizador freelance. Ninja de bacon. Desbravador de viagens. Entusiasta de música. Fanático por mídia social.”