Aitor Esteban exorta a reconhecer que há pessoas que se sentem pertencentes a “uma nação diferenciada dentro do Estado espanhol”
O presidente do PNV, Andoni Ortuzar, alertou esta quinta-feira que “aconteça o que acontecer” nas eleições legislativas de 23 de julho a próxima legislatura terá de abordar as “reformas estruturais” de que Espanha necessita, nomeadamente a reforma do modelo territorial.
Ortuzar lançou esta opinião de Madri durante seu discurso no “Fórum Europa” da nova economia, onde foi apresentador do porta-voz do PNV no Congresso e chefe da lista de Vizcaya, Aitor Esteban.
Neste cenário, afirmou que os 105 anos de história do PNV, que definiu como “o partido da nação basca”, valorizou os “acordos sólidos” contra a “política líquida” do “Twitter e pandeiro”. deixou claro que a sua formação estará sempre aberta a contribuir para a “estabilidade”.
Ele também lembrou que os nacionalistas bascos foram “pioneiros” em governos de coalizão e que são a favor do “entendimento e da cooperação entre os diferentes partidos”. “Nesta área nos encontrarão todos aqueles que queiram colaborar e levar a cabo políticas progressistas de longo prazo e que promovam as necessárias reformas do Estado espanhol”, garantiu.
NÃO MAIS SIM
“Além do barulho que há agora até 23J, dia 24, aconteça o que acontecer, teremos que começar a falar sobre essas reformas. Nós as vemos do País Basco, com nossos óculos vermelhos, verdes e brancos e teremos os nossos. ” posições, nomeadamente em relação ao modelo territorial, mas acho que já não está dado, temos de conversar, temos de abrir uma análise profunda e um debate profundo”, afirmou.
No mesmo sentido, Esteban destacou que “o Estado tem um problema estrutural com a Catalunha e o País Basco” -e que também pode ter problemas com a Galiza no futuro-, e que esta realidade não pode ser ignorada.
O PP foi advertido de que isso não poderia ser confrontado com um compromisso de recentralização ou repressão, porque isso seria “fazer política de avestruz”, e o PSOE foi criticado por defender uma “Espanha federal” mas por promover leis que invadem os poderes regionais.
ACORDOS DE LEALDADE DE LONGO PRAZO
“Dessa forma, não haverá solução para a tensão nacional”, acrescentou. Segundo ele, o que “fortaleceria a democracia e reduziria o populismo” seria a obtenção de acordos nessa área “no longo prazo”. “Sabemos que este tipo de acordos requerem lealdade mútua, estamos dispostos a explorar isso, mas não sei se há alguém ao telefone do outro lado”, admitiu.
Neste contexto, apelou a “não mais enganar os solitários” e a assumir o “reconhecimento nacional”. “Aqui há grupos populacionais que se sentem uma nação diferenciada dentro do Estado espanhol”, afirmou, sublinhando que não têm de querer a independência.
Pediu também o reconhecimento da “bilateralidade” porque o País Basco não é “apenas mais uma comunidade autónoma”, bem como um “árbitro neutro”, já que, segundo ele, o Tribunal Constitucional não o é.
PRESENÇA DO PAÍS BASCO NAS INSTITUIÇÕES EUROPEIAS
Segundo Esteban, já há “vimes” para progredir e seria “mais fácil no início” avançar na área da formalidade. Mas também colocou em cima da mesa a possibilidade de dar mais espaço às autarquias locais no quadro dos acordos e instituições europeias.
Ele pediu, por exemplo, que as comunidades fronteiriças com França ou Portugal participem de cúpulas bilaterais com esses países porque muitas das potências passíveis de serem afetadas por esses acordos são autônomas.
Propôs também que o País Basco, tendo uma tesouraria diferenciada, pudesse ter presença no Ecofin ou que a Ertzaintza, como polícia integral que é, a tivesse na Europol ou na Interpol.
Ou seja, defendeu a possibilidade de favorecer o acesso de comunidades “com vocação e personalidade nacional” a determinados espaços europeus, precisando que isso nunca seria “ao nível de um Estado”, mas diretamente . “A Europa pode nos dar instrumentos para encontrar a solução que pedimos”, resumiu.
REFORMAS INSTITUCIONAIS E ECONÔMICAS
Para além do modelo estatal, o dirigente sénior do PNV sublinhou que também são incontornáveis outras reformas económicas e institucionais, referindo expressamente a esfera judicial.
Sobre este caso também falou Aitor Esteban que, tal como Ortuzar, voltou a criticar a gestão dos fundos de recuperação europeus que, segundo ele, têm sido distribuídos de forma muito “atomizada”. Da mesma forma, pediu para levar a sério a “reindustrialização e digitalização industrial” e acusou diretamente a vice-presidente econômica, Nadia Calviño, de ter atuado como “um funil na hora de tomar decisões estratégicas” nesta legislatura.
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