Depois de o governo português ter recebido na semana passada duas ofertas melhoradas dos empresários Germán Efromovich e David Neeleman para a compra da companhia aérea portuguesa TAP, o Conselho de Ministros deste país decidiu hoje dizer sim a uma venda que tem gerado polémica nos últimos seis meses .
Perante a oposição das organizações civis portuguesas que deram continuidade ao processo num tribunal de Lisboa, as propostas apresentadas por Efromovich (dono do grupo Synergy e Avianca) e por Neeleman (dono da companhia aérea brasileira Azul), reafirmaram que procuram permanecer no 66 por cento. TORNEIRA.
Embora em Novembro do ano passado Portugal tenha reiniciado o processo de privatização da companhia aérea (após uma tentativa frustrada em 2012), só no mês passado o governo iniciou o diálogo com três licitantes (Efromovich, Neeleman e o investidor português Miguel Pais do Amaral, proprietário da Quifel Participações). No entanto, a abordagem deste último não atendeu aos requisitos do governo.
Desde a passada sexta-feira que as ofertas da empresa estão a ser avaliadas pelo governo português e pela Parpública – entidade que gere as participações do Estado português – que terá a palavra final sobre se os candidatos cumprem os requisitos.
Se o Conselho de Ministros disser hoje sim à dona da Avianca ou da Azul de Brasil, o governo português prevê assinar formalmente o contrato nos próximos meses, depois de as autoridades reguladoras portuguesas terem aprovado a finalização da aquisição.
Da mesma forma, uma vez concluída a privatização, os novos acionistas da TAP terão de debater se mantêm a atual gestão da companhia aérea. Por enquanto, o presidente da empresa, Fernando Pinto, permanecerá no cargo até que o processo de venda seja concluído.
Perante os receios manifestados pelos funcionários e pilotos da empresa, o governo deixou claro que com a privatização exigia que a TAP crescesse como empresa e transportasse um maior número de passageiros todos os anos. Por outro lado, os funcionários das companhias aéreas foram lembrados que poderão investir na empresa, uma vez que parte da oferta pública lhes será destinada.
O ministro da Presidência português, Luís Marques Guedes, reiterou que a venda da TAP “responde ao interesse público” e lembrou que a venda da empresa é urgente uma vez que esta deve ser recapitalizada. “Não faltou transparência no processo de privatização”
Segundo a Bloomberg, a TAP – cujas operações incluem uma unidade de manutenção no Brasil, instalações aéreas e a empresa de gestão de carga e bagagem Groundforce – reportou prejuízos equivalentes a 85,1 milhões de euros (quase 95 milhões de dólares).
Em 2013, as perdas registadas ascenderam a 5,9 milhões de euros. Por outro lado, as dívidas da TAP ascendiam a quase mil milhões de euros no final do ano passado.
Além disso, o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações de Portugal, Sérgio Silva Monteiro, sublinhou que as novas propostas apresentadas pelos empresários introduzem alterações face aos planos estratégicos iniciais. No entanto, frisou que ainda não sabe se a parte financeira melhorou.
Até ao momento, segundo a comunicação social portuguesa, estima-se que a TAP poderá receber uma injeção de cerca de 300 milhões de euros, o que daria ao Estado um lucro superior a 30 milhões de euros. Neeleman esclareceu ainda que a sua prioridade era investir na TAP e também adquirir 53 novos aviões para fortalecer a companhia aérea.
Ao mesmo tempo, em dezembro de 2012, o proprietário da Avianca Holdings tentou comprar a TAP, mas o governo português rejeitou a oferta. Na época, o argumento era que o empresário não contava com as garantias bancárias necessárias para esta transação.
Em 1999, o grupo Swissair anunciou em Portugal a sua intenção de manter a companhia aérea. Mas dois anos depois, ele declarou falência.
Por enquanto, Neeleman (que comanda a terceira maior companhia aérea do Brasil que liga 101 cidades) e Efromovich continuarão a sua candidatura a uma empresa que tem uma frota de 77 aviões e que no ano passado transportou 11,4 milhões de viajantes para 82 destinos em África, Europa e América. .
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