Após um longo processo legislativo, o Parlamento português voltou a votar a favor da lei que prevê a descriminalização da eutanásia no país. O Parlamento o aprovou com 129 votos a favor, 81 contra e uma abstenção.
A lei foi aprovada em parte graças aos socialistas que têm maioria absoluta no Parlamento.
“Estamos a confirmar uma lei que foi aprovada várias vezes por uma maioria muito larga”, afirmou a deputada socialista Isabel Moreira.
Em tudo, o processo levou seis anos e sofreu dois vetos políticos do presidente e dois vetos do Tribunal Constitucional.
Desta vez, o presidente conservador, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou que iria promulgar a lei, uma vez que a Constituição do país “obriga o presidente” a fazê-lo depois de “confirmada pela Assembleia”.
“O presidente tem oito dias para promulgar a lei. A promulgação é obrigatória e vou promulgá-la dentro de oito dias”, disse Rebelo de Sousa aos jornalistas.
O texto aprovado esta sexta-feira define morte medicamente assistida como aquela que “ocorre por decisão própria”, aplicável a adultos que manifestem “sofrimento de grande intensidade, com lesão permanente de extrema gravidade ou doença grave e incurável” e quando é “realizada ou assistido por um profissional de saúde”.
Também afirma que a eutanásia só é permitida nos casos em que “o suicídio medicamente assistido é impossível devido à incapacidade física do paciente”.
A discussão não para
Vários partidos políticos continuam a opor-se à descriminalização, incluindo o Partido Comunista de Portugal, o conservador Partido Social Democrata e o extrema-direita Chega. Ameaçaram recorrer ao Tribunal Constitucional, mas não poderão paralisar a aplicação da norma.
Além disso, os opositores à descriminalização da eutanásia lamentam que a questão não tenha sido objeto de referendo.
“É um capricho dos deputados que não quiseram ouvir ninguém”, defendeu José Seabra Duque, membro da Federação Portuguesa pela Vida.
Por seu lado, Os defensores dizem que, embora seja um grande passo, não é o definitivo em um país com forte tradição católica.
“A aprovação desta lei foi relativamente rápida em comparação com outros grandes países”, disse à AFP Paulo Santos, membro do movimento “pelo direito de morrer com dignidade”. E acrescento: “Vamos esperar que a eutanásia provoque ainda mais resistência.”
Em geral, no país, a lei recebe o apoio da maioria da população. Segundo uma sondagem recente, 61% dos portugueses seriam a favor da descriminalização da eutanásia. Na Europa, esta prática atualmente só é permitida no Benelux e na Espanha. Em Portugal, estará limitado a cidadãos portugueses ou residentes no país e estima-se que possa entrar em vigor no outono.
Com AFP e EFE
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