Professores e profissionais de saúde, na vanguarda dos protestos por melhores salários na Venezuela

Um grande protesto pacífico foi liderado hoje em Caracas e outras cidades da Venezuela por professores e profissionais de saúde, bem como pensionistas e aposentados, exigindo aumentos salariais, protestos que começaram na semana passada e se repetirão ao longo desta semana. A diferença salarial é muito alta.

Professores e aposentados do setor se reuniram, sob o lema “salário justo já”, na Praça Venezuela da capital, e com assobios e panelas avançaram slogans gritando na sede da Procuradoria Geral da República.

Enquanto isso, banheiros junto com professores e trabalhadores de outros sindicatos convocaram um protesto em frente ao Ministério da Educação, mas antes do envio das forças de segurança e do anúncio da chegada de uma passeata chavista ao mesmo local, eles mudaram sua rota de partida para Plaza Morelos, e de lá marcharam para o Ministério Público.

A responsável pela formação de dirigentes sindicais (Fordisi), Gricelda Sánchez, chamou “Maduro, Yelitze Santaella (Ministra da Educação) e Francisco Torrealba (Ministro do Trabalho) a ouvirem os trabalhadores, que não é possível voltar ao trabalho porque não há não temos salário.”

Sánchez disse a repórteres que os professores ganham entre US$ 7 e US$ 20 por mês, e “isso dá apenas para comprar meia caixa de ovos e meio quilo de carne”, informou a agência de notícias ANSA.

O dirigente explicou que o sector luta pelo seu “direito à vida, que é um direito humano fundamental” e exigiu um acordo colectivo “que seja ancorado ao dólar ou ao petróleo, porque não dá para continuar a assinar não mais contratos em bolívares porque o bolívar desapareceu”.

Pediu às autoridades “que ponham fim a esta política de intimidação de grupos e forças de segurança para semear o pânico”.

Por sua vez, Eduardo Sánchez, dos trabalhadores da Universidade Central da Venezuela, alertou o regime de que “o povo não sairá das ruas até que alcance seu objetivo de ter um salário decente como estabelece a Constituição”.

“O governo, em uma clara demonstração de medo, assumiu o controle do centro de Caracas. Aqui somos mais de 5.000 pessoas em um protesto claro e contundente. O governo terá que resolver o problema com um aumento salarial”, afirmou. -Ele sublinha.

Da Federação dos Trabalhadores da Saúde, Pablo Zambrano, destacou que o setor não convoca greve, mas exige soluções.

“Nos últimos 9 anos, o poder de compra dos trabalhadores foi reduzido em 90% e é por isso que estamos nas ruas exigindo uma renda justa”, afirmou.

Segundo os organizadores, a atividade foi replicada nas principais cidades de Zulia, Cojedes, Miranda, Mérida, Portuguesa, Táchira e Carabobo, entre outras regiões, segundo os jornais locais Tal Cual e Efecto Cocuyo.

Esta é a segunda semana de protestos dos funcionários públicos, cujo salário equivale a cerca de 7 dólares mensais, enquanto a cesta básica totalizava 371 dólares em dezembro, segundo dados do Observatório das Finanças da Venezuela.

Francisco Araújo

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