Quando Carranza ou Teresa Herrera eram o Intercontinental: “Eles não eram amigáveis!”

Houve um tempo em que as equipes Liga Premiada Eles lotaram os estádios espanhóis no verão. Torneios como o Ramon de Carranzaele Teresa Herrera ou o colombiano eles foram marcados em vermelho no calendário. Estes foram eventos sociais para os quais você se alinhou. Não foi por menos, porque como cabeças de cartaz foram Pelé, cruyff qualquer Di Stefano. “Os times encararam como se fosse o Intercontinental”, lembra Juan Lebrerodo Departamento de História de Cádiz, em O JORNAL ESPANHOLaludindo aos intensos confrontos que aconteceram entre times da América Latina e da Europa.


“Em uma reportagem, eles pediram a Miguel Muñoz, ex-jogador e técnico do Real Madrid, assim como ao técnico espanhol, qual foi o melhor troféu 300 que apareceu na sala branca do clube. Ele respondeu: por Teresa Herrera. Com isso ficamos com uma ideia da importância destes torneios”, explica Héctor Pena, jornalista e autor do livro ‘História do Troféu Teresa Herrera: 75.º aniversário (1946-2021)’ a este jornal.

Um Troféu Ramón de Carranza sem data e sem igual

Hoje, o Ramón de Carranza é a última das prioridades do Cádiz. “Estamos planejando deixar a Espanha no fim de semana de 5 de agosto para mudança de cenário e dar algum polimento na pré-temporada do time. Neste caso, o troféu seria disputado no dia 7″, comentou há dias Manuel Vizcaíno, presidente da entidade de Cádis. Ainda que tenha assegurado que Carranza “merece respeito” e que “há outras equipas para as quais é quase um jogo-treino ou que não o festejam”, a verdade é que Nesta fase, as equipas que aí vão jogar ainda não são conhecidas.

De sua parte, ele 78º Teresa Herrera enfrentará Brasileiros Bragantino e Deportivo. O rival da equipa galega, agora sob a égide da Red Bull, foi a equipa cuja lenda azul e branca Mauro Silva assinou pela equipa desportiva. Ele será homenageado nesta partida ao lado do compatriota Bebeto, outro jogador importante na história do clube.


O cartaz é bem diferente daqueles que Héctor Pena coleciona em sua obra. Entre todos, destaca-se o duelo ocorrido em 1959 no Riazor: “Foi a edição mais importante, quando o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha foram medidos. Em campo havia até sete jogadores que haviam sido proclamados campeões mundiais na Suécia em 1958.”

O dia em que Pelé chorou pegando a Teresa Herrera

O Brasil teve um papel fundamental na história do futebol de verão, como afirma Juan Lebrero, que guardou, inédito, um livro sobre o que significaram as seleções do país latino-americano em torneios como Ramón de Carranza ou Teresa Herrera.

“Para eles, eram verdadeiras turnês. Era um choque de estilos. Não é como agora, naquela época as equipes não se conheciam. Eles estavam prestes a morrer! O prestígio que estes troféus deram foi tal que no Brasil constam da lista oficial de clubes”, afirma o sócio da zona histórica de Cádiz.

“Um fato que fala da importância do troféu é que Pelé admitiu que pegou a camisa de Teresa Herrera em lágrimas. Ele, um jogador que acabara de ser campeão do mundo”, explica Pena. Que não admite falar da componente artística dos troféus físicos destes torneios. Estou acostumado com copos que parecem beber vinho, mas é para o champanhe. Ele é maravilhoso“acrescenta o jornalista galego.


Estas foram as melhores décadas destas competições, nascidas maioritariamente em meados do século passado. A mais velha é Teresa Herrera, cuja primeira edição O Sevilla conquistou após vencer o Athletic Club (3-2). Segundo o livro de Héctor Pena, a fase inicial do torneio vai até 1959, quando é disputada a memória do Santos-Botafogo. Eles vieram para fazer suas próprias festas por aí.

Curiosamente, até 1955, o Deportivo não participou de Teresa Herrera, cujo financiamento foi fornecido pelas autoridades locais de La Coruña. Seu primeiro objetivo era fornecer conteúdo para o estádio Riazor, inaugurado em 1944. “Foi a forma de justificar a despesa num país que sentia os efeitos da guerra civil.”

Cruyff, na final de consolação do Troféu Carranza

Na segunda fase, que vai de 1960 a 1972, “a prefeitura começou a reduzir gastos e o nível das equipes caiu. A melhor equipa foi o Benfica de Eusébioque conquistou em 1963 depois de ter conquistado duas Taças dos Campeões Europeus”. A partir de 1973, Teresa Herrera mudou de direcção e adquiriu definitivamente o formato quadrangular, que Ramón de Carranza adoptou em 1957. “Os representantes do Racing Paris pedem aos organizadores que, para fazer uma viagem tão longa (era naqueles anos) um fim de consolação“explica Lebrero, da Área de História de Cádiz.

Com o novo milênio, há um declínio que se acentuou até agora. Já o Deportivo, na primeira RFEF, recebe um time em jogo único. “Nada a ver com a hora que ele veio Zarra, Garrincha, Eusébio, Beckeambuer, a ‘Quinta del Buitre’, o ‘Dream Team’… O torneio teve uma atração turística de primeira linha. Tornou-se conhecido como o ‘San Fermín do futebol espanhol’. jornalistas internacionais e José María García enviou uma delegação ou veio ele mesmo“, explica Héctor Pena, para quem a Teresa Herrera deveria ser declarada “património cultural imaterial da Galiza”.

A ascensão e queda de Ramón de Carranza é semelhante à de Teresa Herrera. A primeira edição, em 1955, foi vencida pelo Sevilla após vencer o Atlético de Portugal. “O primeiro que me lembro foi o Marvelous de 1974, jogado em formato quadrangular. Foi conquistado pelo Palmeiras de Luis Pereira contra o Espanyol em um calor terrível. Mas atenção para a final de consolação: FC Barcelona de Cruyff contra Santos de Pelé. Vitória dos catalães por 4 a 1″, lembra Juan Lebrero.

“Os times sempre vêm com manchetes”

O elemento da Zona Histórica de Cádiz apaixonou-se por este Palmeiras de 74 anos, cuja maqueta é utilizada como papel de parede no computador. São jogadores que deixaram a sua marca. “Além do mais, os times vinham com titulares, até estrangeiros, não como agora, o que amenizou. Você joga na quarta-feira e tem que rodar para o domingo. Esses jogos não eram amistosos.”

A isso, Lebrero acrescenta as viagens seguidas de clubes latino-americanos, que às vezes chegavam horas antes dos jogos e depois de terem comido mal. Só times uruguaios como o Peñarol ou o Nacional. É assim que Lebrero conta entre dois risos: “Já era uma coincidência que a grande figura sempre vinha ferida ou eles montaram uma enorme tangana para expulsá-lo e, portanto, ele vai descansar para o campeonato local”.

Nas suas origens, o Ramón de Carranza, que leva o nome do prefeito da época, foi “o destaque do verão em Cádiz e serviu para promover a cidade”. Isso justificava o déficit gerado. Até 1979, a seleção local não fazia parte da comissão organizadora. Como Teresa Herrera, o troféu teve que ser guardado para evitar seu desaparecimento.

O panteão dos troféus: Costa del Sol, Villa de Madrid…

“O Carranza teve as melhores equipas da Taça dos Campeões Europeus: Stade de Reims, Eintracht Frankfurt, Milão… quando eles vieram Sevilha ou o Bétis, o campo estava lotado. No mesmo ano em que jogou o Benfica de Eusébio. Um grande número de adeptos portugueses veio de Lisboa. Câmara teve de colocar assentos para as pessoas descansarem à noite por causa dos poucos quartos de hotel que havia”, lembra Lebrero.

São tantas as lembranças e as noites mágicas que para os torcedores Carranza “não é um evento esportivo, é algo que pertence a todos os cidadãos de Cádiz. eu não posso desaparecerA afirmação parte de alguém que se define como um ‘jogador-troféu’, um dos muitos adeptos que vão continuar a entrar em campo quase em carreata.

Fazem-no para evitar em parte da sua vida o mesmo destino do costa del sol, Vila de Madri, Vila de GijónVSCidade de Sevilha qualquer A cidade de palmas, devorado no buraco negro do futebol televisionado e depois de horas nos Estados Unidos ou na Ásia. Ou pior, cidades esportivas transformadas em playgrounds onde ninguém vai. Produtos de movimento rápido, ao contrário do banquete de estrelas que eram os torneios de verão. Amigáveis ​​sempre foram muito mais.

Cristiano Cunha

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