Restaurante centenário português encerra em Macau

O restaurante português “A Vencedora”, inaugurado em Macau em 1918, remonta à sexta feira, por falta de sucessores para uma empresa familiar que passou por três gerações e abriu na Lusa duas empresas que gerem o espaço. .

“O meu filme é em Inglaterra, o meu filme é em Macau, mas ele não gosta de mais nada.” [o negócio da restauração]. “É muito complicado”, lamenta Lam Kok Veng. Por mais anos que tenha sobrinhos, “felizmente tenho bons negócios”, acrescentou.

O espaço foi criado por Lam Kuan, com dois proprietários, que eram cozinheiros num navio ao serviço da Marinha Portuguesa, precisamente denominado “A Vencedora”, e inicialmente era, além de um restaurante, uma loja de produtos alimentares, vinhos, azeites, conservas e chouriços.

“A Vencedora” era popular entre a comunidade portuguesa, particularmente entre os militares das comissões de serviço em Macau. Na década de 1940, por exemplo, cerca de 800 soldados portugueses guardavam o território.

Muitas contas para pagar, disse Lam Kok Veng com um sorriso, antes de abrir uma gaveta da varanda e atirar dentro uma caixa de madeira cheia de papas amarelas, os chamados vales-refeição, que os militares já não pagavam.

Além disso, a montra de “A Vencedora” incluía, entre inúmeras peças de cerâmica e lembranças ligadas a Portugal, um Zé Povinho que responde como uma bolsa característica ao que desejava.

Émenta

Nessa altura, que não muda há mais de 20 anos, faz parte do património familiar, com produtos cuja preparação nunca foi registada, mas também passou pelo fundador do restaurante para o arquivo e posteriormente para as redes.

Com exceção do descanso semanal, no terceiro dia, o restaurante só funcionou uma vez, “durante uma semana”, devido aos dois motins “1,2,3”, de 3 de dezembro de 1966, contra a administração portuguesa, sublinhou Lam, que no auge era um adolescente.

Hoje com 71 anos, toda a sua vida foi passada em “A Vencedora”, onde começou a lavar louça e a servir mesas. Mas foi só depois de concluir os estudos secundários, em 1974, que começou a trabalhar fora das ruas e do campo.

As discussões sobre a transição de Macau para a China começaram em 1986, mas os anos finais da administração portuguesa constituíram a época de ouro de “A Vencedora”. “Em casa era sempre cheio e muitas vezes tínhamos que recusar reservas”, lembra Lam.

Esta época tem muitos clientes habituais, incluindo antigos soldados e funcionários públicos, bem como macaenses, uma comunidade euro-asiática, com muitos descendentes de portugueses.

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A história do segundo restaurante mais antigo de Macau – atrás apenas do Fat Siu Lai, fundado em 1903 – acabou.

“Aqui estamos, meu homem, uma mulher e uma mulher. Todos nós temos mais de 60 anos. “São muitos anos, é velho”, sublinhou Lam, com um suspiro.

Suzana Leite

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