retira a proposta de cobrança de portagens também nas autoestradas nacionais

  1. Obter melhor aceitação
  2. Para todos os usuários
  3. Luta contra as portagens nas autoestradas
  4. Não se aplica a nenhum país da UE
  5. Agora tente excluir pedágios
  6. Princípio do “poluidor-pagador”
O Governo retifica em Bruxelas: retira a proposta de cobrança de portagens também nas estradas nacionais.

Declarações do Diretor Geral de Trânsito, Pere Navarro, voltaram a destacar o pagamento pelo uso das vias. A realidade é que o Governo está há meses a estudar a introdução de portagens nas auto-estradas, tendo mesmo proposto o alargamento desta cobrança a todas as auto-estradas de grande capacidade, incluindo as nacionais. Uma proposta agora retirada.

Assim o indicava o Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência, enviado pelo governo de Pedro Sánchez a Bruxelas há alguns meses, conforme apurou a Confidencial Digital junto de fontes comunitárias familiarizadas com o documento.

O plano do executivo, que representou uma revolução sem precedentes em Espanha, previa primeiro testar a portagem nos 12 mil quilómetros de autoestradas e autoestradas nacionais, depois estender este modelo de pagamento aos 14 mil quilómetros de autoestradas nacionais de via única que compõem a rede estatal e abrir um processo de negociação com as comunidades autónomas para a sua implementação nas vias de grande capacidade que possuem.

Obter melhor aceitação

Foi mesmo justificado, neste documento perante Bruxelas, que, para uma melhor aceitação da portagem, estava previsto que a implementação do pay-per-use pudesse ser escalável e progressiva (por exemplo, inicialmente cobrando apenas a Rede de Alta Capacidade, e a extensão a outras redes gradualmente). […].

As autoridades europeias foram também informadas de que o assunto vai ser discutido com as comunidades autónomas e outras administrações, “para apurar a sua vontade de integrar as redes rodoviárias sob a sua titularidade”.

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Para todos os usuários

Segundo fontes consultadas pelo ECD, o plano previa ainda que o pagamento atingisse todos os utentes, tanto condutores privados como transportadores, nacionais e estrangeiros.

Ciente de que a medida seria muito impopular, o Governo ponderou realizar uma campanha de “sensibilização e sensibilização” dos transportadores e da população para a necessidade de efetuar o pagamento.

Por isso, defendeu que seriam determinadas “taxas assumidas, mas que garantem o financiamento”. Até agora, essas tarifas nunca se materializaram do executivo, que sempre falou em preços simbólicos, e as únicas referências vêm das diversas associações do setor.

Além disso, ele sugeriu a criação de “descontos ou bônus para certos grupos economicamente desfavorecidos ou usuários regulares em certas seções”.

Para as transportadoras, o executivo prometeu buscar fórmulas regulatórias que garantissem que o custo fosse arcado pelo contratante do frete e não pelo caminhoneiro, mas sem especificar qual seria esse mecanismo.

Luta contra as portagens nas autoestradas

Fontes governamentais admitem agora ao ECD que a agitação gerada pela possibilidade de introduzir portagens apenas nas autoestradas a partir de 2024, que eclodiu em plena campanha eleitoral, levou o Ministério dos Transportes a retificar perante Bruxelas, e a retirar a sua proposta inicial de cobrar também as estradas nacionais.

“O que posso dizer é que no próximo ano teremos que colocar pedágios, Bruxelas exige isso”, disse o diretor-geral de Trânsito, Pere Navarro, na semana passada em entrevista à TV3.

No entanto, o governo imediatamente se apressou em negá-lo, pouco mais de uma semana antes das eleições gerais. O diretor-geral da DGT não tem competência na matéria nem sabe do que fala, insistiram os ministros um após o outro, na rádio e na televisão.

Não se aplica a nenhum país da UE

Como se não bastasse, o governo constatou que nenhum país cobra pelo uso de rodovias de pista única.

Seguindo as orientações definidas pela Europa no contexto da última grande crise financeira, Portugal introduziu portagens em toda a sua rede de grande capacidade, não só para veículos pesados ​​de mercadorias, conforme exigido por Bruxelas, mas para todos, incluindo veículos ligeiros.

Além de Portugal, em França e Itália prevalece o pay-per-use nas autoestradas, enquanto na Alemanha todas as autoestradas são gratuitas.

Agora tente excluir pedágios

Fontes a que a ECD teve acesso explicam que o executivo tenta agora excluir as portagens das reformas acordadas com a UE.

Num novo documento, o Ministério dos Transportes limitou-se a ponderar a realização de um estudo sobre qual seria o melhor modelo para financiar o custo de manutenção das estradas espanholas, segundo várias fontes familiarizadas com o assunto.

Consequentemente, deixaria sem compromisso a reforma iniciada em Bruxelas. Mas as mesmas fontes governamentais também reconhecem que será muito difícil para a Europa aceitar esta fórmula. Para a Comissão, admitem, é prioritário para Espanha aumentar a fiscalidade ambiental.

Princípio do “poluidor-pagador”

As portagens constam do documento que o governo espanhol assinou com Bruxelas em troca dos 70 mil milhões de fundos europeus concedidos pela pandemia.

“A criação de um mecanismo de pagamento pela utilização das estradas nacionais, que começará a funcionar a partir de 2024, de acordo com o princípio de quem polui paga”, inclui o texto que enumera as metas e objetivos a alcançar. Esta é uma das reformas empreendidas para obter os 7 mil milhões de euros da quinta prestação.

Alex Gouveia

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