Son, ponta de lança da ambiciosa Coreia do Sul no Catar

Poucos jogadores podem carregar a ilusão de um país inteiro como Son Heung-min.

A Coreia do Sul aposta na extraordinária qualidade da estrela do Tottenham na Copa do Mundo.

O atacante de 30 anos começou a temporada da Premier League com uma seca de gols nos primeiros oito jogos, mas parece ter encontrado seu alvo bem a tempo para o Catar.

Son destaca-se pela versatilidade em toda a frente de ataque, pela capacidade de improvisar com os dois pés e pela grande capacidade de escorregar contra os defesas adversários.

A safra atual é talvez a melhor que a Coreia do Sul reuniu para uma Copa do Mundo. Son tem como escudeiros vários jogadores na casa dos 20 ou apenas 30 anos que se firmaram em vários clubes europeus.

Mas os sul-coreanos sabem que não estão entre os favoritos para sair vivos do duríssimo Grupo H, no qual enfrentarão Portugal, Uruguai e Gana.

Os críticos do técnico sul-coreano Paulo Bento o culpam pela rigidez de suas abordagens táticas, muito dependentes da opinião de Son e às vezes falhando em capitalizar seu repertório. A defesa também deixa a desejar.

GIGANTE ASIÁTICO

O Catar sediará a 11ª Copa do Mundo na Coreia do Sul e a décima consecutiva. Eles chegaram à fase eliminatória duas vezes – semifinalistas como anfitriões em 2002 e nas oitavas de final na África do Sul 2010.

A Coreia do Sul passou pelas eliminatórias asiáticas sem surpresas, mas deslumbrou nos aquecimentos que disputou em setembro. Eles empataram em 2 a 2 com a Costa Rica e venceram Camarões por 1 a 0.

Algumas vozes criticaram a federação sul-coreana por não ter agendado amistosos contra rivais maiores, e que todos os julgamentos desde junho foram em casa.

A participação da Coreia do Sul na Rússia 2018 terminou com a fase de grupos. Um gol tardio de Son coroou a vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha no último dia, eliminando os atuais campeões, mas a Coreia do Sul ainda não conseguiu vencer.

“Não somos favoritos, mas estou convencido de que temos capacidade para surpreender as equipas mais fortes”, disse Son, que vai disputar o seu terceiro Mundial.

NA BÚSSOLA DO FILHO

Son dividiu o primeiro lugar na tabela de gols da Premier League com Mohamed Salah na última temporada, mas muitas vezes não conseguiu liberar sua variedade de talentos ao manusear a bola.

Desde que assumiu o comando da Coreia do Sul em 2018, Bento tentou vários parceiros de ataque para Son. O resultado? Uma rotação.

Hwang Ui-jo, do clube grego Olympiakos, adiciona outro atacante natural ao time titular. Mas Hwang não cria espaços para Son como Cho Gue-sung (Jeonbuk Hyundai) consegue com sua habilidade de ganhar balões de ar e marcas de arrasto.

Caso Bento opte por desistir contra Uruguai ou Portugal, pode contar com Jeong Woo-yeong (Freiburg) como parceiro de Son para aproveitar sua velocidade para chegar às bolas e se movimentar para todos os lados.

Hwang Hee-chan (Wolverhampton) e Lee Jae-sung (Mainz) são os alas, enquanto Hwang In-beom (Olympiakos, comandará o meio-campo).

ATRÁS

Bento quer que seus zagueiros avancem linhas e dêem mais verticalidade ao ataque. Mas os espaços que eles deixam desprotegidos causaram problemas defensivos que a Coreia do Sul não conseguiu resolver.

O veterano Jung Woo-young (do clube catariano Al Saad) costuma trabalhar demais em seu papel de meio-campista solitário. A tendência da equipa é ceder espaços à medida que o jogo avança e é por esta razão que sofreu golos no contra-ataque.

Bento, pelo menos, tem uma sólida dupla de zagueiros. Kim Min-jae, com um nível brilhante em sua primeira temporada no Napoli, oferece garantias por seu tamanho, fisicalidade e velocidade. Seu colega, Kim Young-gwon, é um dos jogadores mais experientes do time.

Filipa Câmara

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