“Tivemos a sorte de entrar nas casas de La Rioja por 90 anos”

Em 20 de janeiro de 2021, o grupo Prisa comprou todas as ações da Rádio Rioja, a rádio comunitária mais antiga. Esta fusão com a Cadena SER não mudou a essência de uma rádio que acaba de completar noventa anos nas casas de La Rioja. Seu diretor, Alberto Aparicio, analisa e valoriza o papel de um meio de comunicação que vai “ainda noventa”.

– Qual o segredo para completar noventa anos de história?

– O rádio faz parte da família. A Rádio Rioja nasceu em 1933 e desde então evoluiu com os riojanos, contando com a sorte de entrar em suas casas nos últimos noventa anos. Acompanhávamos as crianças à escola e as pessoas ao trabalho. Almoçamos e jantamos e, inclusive, fomos a companhia de muita gente que adormeceu com o esporte. Essa talvez seja a mágica do rádio, pois é um meio de comunicação muito próximo. É um nonagésimo aniversário que não pertence apenas a nós que estamos na Rádio Rioja neste momento, mas também a todos aqueles que passaram por esta academia. Esta festa é dos clientes mas, sobretudo, dos ouvintes, porque são eles a nossa verdadeira razão de ser. É uma maravilha que continuem a recordar programas tão históricos como Berones e Pelendones, Carrusel de Fantasies, La Sonrisa de los Niños, Los Fernandos, Alamares… E que voltamos a ver na nossa antena este 2023 como uma homenagem especial a estes noventa anos de história.

Evolução

“O conteúdo teve que se adequar ao imediatismo exigido pelos nativos digitais por meio de seus telefones”

Chegando

“Acho que o rádio está no seu melhor, pois três em cada quatro pessoas com mais de 14 anos o ouvem”

– Quais terão sido os momentos mais emblemáticos destes anos?

– O rádio sempre esteve próximo dos ouvintes. Houve muitos marcos históricos para contar. Um deles foi o golpe. Graças ao rádio, as pessoas puderam saber em primeira mão a situação de certos parentes ou amigos que estavam dentro do Congresso dos Deputados. Não apenas isso. Outro dos episódios mais significativos ocorreu durante a pandemia, sem ir mais longe. Este meio de comunicação fez reportagens locais, porque não podemos esquecer que a rádio acompanhou todos aqueles que estiveram sozinhos durante os meses de confinamento.

– O que a Rádio Rioja contribuiu durante a pandemia?

– Da Rádio Rioja tentamos respeitar as premissas de formação de jornalismo, informação e entretenimento. Assim, criámos diferentes rubricas para o efeito, como ‘A cultura conta na SER’ com a qual abrimos os nossos ateliers a diferentes grupos ou expressões artísticas para que possam actuar e não o podem fazer ao mesmo tempo. . Com essa, e muitas outras ações, buscamos lançar nosso público com conteúdos positivos em meio a tantas notícias ruins. Estávamos, sem dúvida, na linha da frente na batalha da reportagem, mas queríamos dar vida ao entretenimento dos ouvintes, o que também foi essencial nestes meses difíceis.

– Como o rádio evoluiu nos últimos noventa anos?

– Tem evoluído muito, tanto na forma de comunicar como na forma de trabalhar. Passámos das novelas e dos microfones de tubo à transformação total das nossas instalações na Avenida Portugal, que estão sobretudo vocacionadas não só para o presente, mas também para o futuro. A partir de agora, todos podem levar a rádio no bolso, junto com o celular, por isso os conteúdos tiveram que se adequar ao imediatismo exigido pelos nativos digitais. Foi uma evolução brutal e acredito que o rádio tenha sido um dos meios de comunicação que mais se transformou com o advento das novas tecnologias. São os dados digitais do mês passado com 137 mil usuários únicos no site, 140 mil downloads de áudio sob demanda ou o alcance de cerca de 500 mil pessoas nas redes sociais. Isso nos diz que não somos apenas os melhores em rádio, mas também somos um meio digital líder. Muitos profetas da desgraça previram que o rádio morreria com o advento da televisão. Bem, não apenas temos noventa anos, mas ainda teremos mais noventa.

– E o seu público?

– De acordo com um estudo realizado pelo governo, há 70% de penetração de rádio em La Rioja. É um fato muito significativo que permite perceber a importância desse meio de comunicação na população. Isso se deve à multiplicidade de conteúdos para cada tipo de ouvinte e para cada tipo de mídia em que é consumido. Passamos de um público muito mais convencional para um público totalmente diferente com o conteúdo musical via Los 40 ou Cadena Dial. Além disso, os podcasts são introduzidos em grande estilo. O que fazemos é pegar muito espectro e conseguir segmentar o tipo de público que quer uma coisa ou outra.

– Que mudanças você percebeu na forma como trabalha na mídia?

– Houve um grande salto na tecnologia. Eu até trabalhei com revox ou com diferentes pequenos dispositivos para transmissões esportivas que fazia durante minha passagem pela Rádio Santander e agora temos sistemas que dão a impressão de que estamos falando do estúdio. Hoje, tudo funciona com o sistema digital, além disso, os editores podem fazer cortes de voz de seu próprio escritório. A forma de trabalhar evoluiu enormemente mas a nossa filosofia mantém-se, a de estar próximo das pessoas.

– O que você acha que o rádio traz para um mundo onde o visual está se tornando cada vez mais importante?

– Empresa, proximidade e informação. Todo mundo quer imediatismo hoje em dia, mas, logicamente, o que o rádio oferece é ouvir diretamente os verdadeiros protagonistas com suas vozes e sem cortes. Proporcionamos também uma análise mais exaustiva dos factos sem esquecer a precipitação exigida no consumo de informação. Somos um médium muito próximo que fala diretamente para e com o ouvinte e também o entretém.

– Qual o futuro do rádio?

– Desde a chegada do grupo Prisa à Rádio Rioja, há cerca de dois anos e meio, nos estabilizamos e evoluímos. Começamos a modificar os programas para adaptá-los ao estilo do canal SER, sempre contando com o desejo e a predisposição do pessoal da Rádio Rioja. Gostaria de agradecer a todos pelo entusiasmo, porque não são apenas trabalhadores magníficos, mas também pessoas muito boas, o que é essencial para o progresso. Quanto ao futuro, acho que o rádio está atualmente em sua melhor forma, com três em cada quatro pessoas com mais de 14 anos ouvindo. O rádio está mais vivo do que nunca e tem um futuro brilhante pela frente.

Marciano Brandão

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