MADRI, 10 de agosto (EUROPA PRESS) –
O banco português Novo Banco, criado em 2014 após a falência do Banco Espírito Santo (BES), garantiu que a decisão de um tribunal de Lisboa que concedeu ao governo da Venezuela o direito de recuperar cerca de 1.500 milhões de dólares (1.366 milhões de euros) bloqueados desde 2019 em a entidade não terá impacto nos índices de liquidez ou patrimônio.
“Aguarda-se o acórdão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa pelo Novo Banco e esclarece as questões que o próprio banco tinha suscitado, de ofício, perante os tribunais portugueses devido às dúvidas existentes sobre a representação legal das entidades poderes públicos, ” disse o banco em resposta enviada aos meios de comunicação portugueses.
De acordo com o jornal ‘Jornal de negocios’, o banco recorda que “face às obrigações legais impostas às entidades bancárias, não poderia efectuar transferências bancárias até que fossem esclarecidas as referidas dúvidas”, acrescentando que não é uma situação que ocorra exclusivamente em Portugal.
Em todo o caso, a entidade realça na sua resposta que “a decisão agora conhecida não tem impacto nos rácios de liquidez ou de capital”.
O governo venezuelano anunciou ontem que uma decisão judicial de um tribunal de Lisboa lhe concedeu o direito de recuperar cerca de 1,5 mil milhões de dólares que ficaram retidos em Portugal devido a divergências políticas sobre a legitimidade da administração liderada por Nicolás Maduro.
Os líderes chavistas compartilharam em suas redes sociais na quarta-feira o conteúdo de uma decisão que daria luz verde a Caracas para acessar as contas do Novo Bank em nome de várias instituições públicas venezuelanas, incluindo a estatal petrolífera PDVSA ou o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social. ).
“O governo bolivariano ganha o processo e recupera o seu património em Portugal”, anunciou o ministro das Comunicações, Freddy Ñáñez, na sua conta na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. “Foram libertados mil e quinhentos milhões de dólares do Novo Banco”, disse.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yván Gil, celebrou que “a Venezuela ganha a causa” e “recupera o controlo dos bens em Portugal”, um marco que atribui ao “longo trabalho” e “sobretudo “à” resistência “do povo venezuelano e do governo de Maduro, “que não se deixam vencer pelas ameaças do imperialismo e pela rendição do golpe de Estado”.
O próprio Maduro havia exigido em abril de 2019 das autoridades portuguesas a devolução do dinheiro bloqueado, que ascendia a mais de 1.700 milhões de dólares. Portugal, como outros países, questionou a propriedade desses fundos depois que dezenas de governos estrangeiros deixaram de reconhecer Maduro como presidente legítimo da Venezuela.
A situação agora é diferente na Venezuela, já que até a Assembleia Nacional eleita em 2015 e dominada pela oposição eliminou a figura do “governo interino” que o então presidente do Parlamento, Juan Guaidó, assumiu em janeiro de 2019. continua a funcionar, embora careça de poder real, e nos últimos meses os países críticos de Maduro diminuíram a pressão política sobre ele com o objetivo de chegar a algum tipo de acordo político.
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