Detetives particulares ou como lidar com um desaparecimento voluntário – Sociedade

Carla Stavraky Sarra

Como podemos encontrar uma pessoa que desapareceu há dez anos em Londres e de quem a única informação que temos é o hotel onde chegou, que agora está fechado? E se ela estiver localizada, mas não quiser saber nada sobre sua antiga vida?

Esta questão é respondida, em entrevista concedida à EFE, por Antonio Labrador, vice-presidente e porta-voz da Associação Profissional de Detetives Privados de Espanha (APDPE), que quer sobretudo sublinhar o quanto o trabalho dos profissionais deste setor é complicado.

Porque não é a mesma coisa quando uma pessoa desaparece à força ou voluntariamente. No primeiro caso, o detetive particular deve colaborar com as forças e órgãos de segurança do Estado ou informá-los do desaparecimento, mas tudo muda no segundo caso.

Acima de tudo, respeito pela privacidade da pessoa desaparecida

Contratados pelos familiares, os detetives iniciam as buscas, mas sempre partindo do princípio de que são obrigados a respeitar a vida privada da pessoa desaparecida caso não queiram que seu paradeiro seja conhecido. Caso contrário, eles poderiam denunciá-los por transferência de informações confidenciais.

Labrador dá o exemplo de um homem que desapareceu em Londres há dez anos. A única informação que tinham sobre seu paradeiro era o endereço do hotel onde estava hospedado.

“Quando chegamos, o hotel não existia mais, ou melhor, havia sido substituído por outra empresa de hotelaria”, diz Labrador.

Conseguiram contactar os anteriores proprietários, que lhes forneceram mais informações e, com a colaboração de outros detetives do Reino Unido, ao longo de três ou quatro meses de investigação, localizaram a pessoa, mas ela não saberia mais nada sobre a vida. ele partiu para a Espanha. .

É com isso que muitas vezes se depara um detetive particular, sublinha o vice-presidente da APDPE.

Em qualquer caso, o vice-presidente da associação especifica que antes de iniciar uma investigação deste tipo, o cliente já está informado sobre o que o detetive pode ou não fazer.

Assim, recorda-se que só serão informados se o seu ente querido desaparecido se encontra em Espanha ou fora de Espanha e qual o seu estado de saúde. Se possível, «procuramos fornecer-lhes uma fotografia, desde que seja tirada em locais públicos», acrescenta.

Quando um detetive intervém?

Esses profissionais têm liberdade de atuação desde que não haja processos judiciais e não interrompam o trabalho da polícia.

“A primeira coisa que fazemos é perguntar ao cliente sobre os costumes, hábitos ou amigos da pessoa desaparecida”, continua Labrador. Eles também investigam onde o desaparecido foi visto pela última vez e com quem estava, já que as primeiras 24 ou 48 horas são “críticas”.

No caso de desaparecimentos fora de Espanha, Labrador explica que quando se mudam para um país estrangeiro, normalmente é solicitada a colaboração de um detetive local para servir de testemunha, uma vez que a legislação não os protege da mesma forma que um nacional.

Para cada pessoa desaparecida, a agência de detetives designará dois ou três dos seus colaboradores com os perfis mais adequados para “rastrear e entrar no círculo de amigos, de trabalho ou outros”.

O que motiva um desaparecimento voluntário

O conflito familiar é um dos principais motivos pelos quais alguém decide romper com a vida e desaparecer voluntariamente. Isto pode dever-se a relações deficientes entre pais e filhos, dentro do casamento ou mesmo entre famílias.

Na verdade, Labrador destaca que existem vários casos não resolvidos em que um membro do casal decide desaparecer com o filho no país de origem. Concretamente, os países do Magrebe e a Roménia destacam-se como destinos onde é “muito difícil” encontrar os desaparecidos.

Outro problema diz respeito aos menores. De acordo com relatórios do Centro Nacional para Pessoas Desaparecidas, duas em cada três pessoas desaparecidas em Espanha ainda não têm 18 anos, mas Labrador diz que a maioria dos casos são “coisas infantis”, já que muitas vezes fogem de casa por causa da raiva contra seus pais ou porque se rebelam.

As Ilhas Canárias, o Reino Unido ou Portugal: os locais mais escolhidos para desaparecer

As Ilhas Canárias são, segundo o investigador, o destino mais típico escolhido por pessoas que desejam desaparecer voluntariamente. Mais especificamente, as ilhas de La Palma e Tenerife.

Nas grandes capitais de província, como Madrid e Barcelona, ​​muitas pessoas também desaparecem devido às suas grandes populações.

E quando decidem atravessar a fronteira, o Reino Unido, França e Portugal são os países escolhidos e onde o Labrador detectou mais casos, o que acrescenta ainda que o território português geralmente serve de ponte para chegar aos países latino-americanos.

Colaboração com SOS Desaparecidos

A APDPE assinou um acordo de colaboração com a SOS Desaparecidos para famílias “menos abastadas” que não podem pagar um serviço de investigação padrão. Com isso, muitos casos que de outra forma seriam “esquecidos” podem ser resolvidos.

Nos termos do acordo, dependendo do rendimento económico do cliente, as pesquisas podem receber um desconto de 20, 40 ou 60 por cento. Pode até ser totalmente gratuito.

Marciano Brandão

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