Lisboa, 30 Ago (EFE).- As autoridades portuguesas abriram uma investigação sobre a morte de uma mulher grávida em Lisboa por paragem cardiorrespiratória durante a sua transferência em meio à crise devido à falta de instalações de saúde. demissão da ministra da Saúde Marta Temido.
A morte desta mulher, anunciada esta semana, tem alimentado críticas ao governo do socialista António Costa e contra Temido, que apresentou a sua demissão, conforme anunciado pelo executivo esta manhã.
O primeiro centro médico que a tratou defendeu esta terça-feira em conferência de imprensa que “não houve falhas” no tratamento, que este acontecimento deve ser afastado da “excitação política e que a morte foi “inesperada”, segundo a comunicação social local. . .
Apesar desta defesa, a Inspecção-Geral das Actividades de Saúde (IGAS) anunciou esta terça-feira que vai abrir um inquérito.
Os fatos ocorreram na madrugada de 23 de agosto quando uma mulher, de nacionalidade indiana e “recentemente chegada a Portugal, deu entrada no pronto-socorro do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa-Hospital Norte de Santa Maria (CHULN), por motivo de “ dificuldade para respirar e pressão alta”, disse o próprio hospital em comunicado.
Após a normalização dos sintomas, a mulher, que estava grávida de quase 30 semanas, “foi transferida por volta das 13h (hora local) do mesmo dia para o Hospital São Francisco Xavier”, devido à circunstancial ausência de locais de neonatologia no CHULN) , acompanhado por um médico e enfermeiros”.
Durante a viagem, sofreu uma paragem cardiorrespiratória, “tendo sido submetida a reanimação no transporte”, disse o centro, que adiantou que à chegada ao outro centro, o Hospital S. Francisco Xavier, “fez uma cesariana de urgência.
A mãe “foi internada nos cuidados intensivos, acabando por falecer”, enquanto o recém-nascido sobreviveu.
“A gestante havia chegado do exterior há poucos dias, não sabemos seu histórico médico e ela não falava português ou inglês. Dada a estabilidade clínica, era preferível que o bebê nascesse no local onde estaria. assistiu”, justificou no mesmo comunicado o CHULN.
Em conferência de imprensa esta terça-feira, o director clínico da instituição, Luís Pinheiro, explicou que este acontecimento não deveria ser enquadrado na actual crise política e que a mulher tinha sido mantida em vigilância “mais tempo do que o necessário”, porque “seria completamente errado transferir uma mulher grávida instável.”
Nesse mesmo acto, o director do serviço de neonatologia, André Graça, explicou que nesse dia houve uma “situação de pico”: “Chegámos aos 100% e não podemos ir aos 110%”.
Há meses que Portugal vive uma falta de pessoal e recursos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente nos serviços de urgência ginecológica e obstétrica, o que tem gerado longas filas de doentes.
A polémica sobre a crise sanitária eclodiu com a morte, em junho, de um bebé nas Caldas da Rainha, cerca de 80 quilómetros a norte de Lisboa, após uma cesariana de urgência, quando o departamento de obstetrícia do hospital foi encerrado por falta de pessoal. EFE
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