Kayl é portuguesa. Vera e Fábio da mercearia

Há quatro anos, Vera Carvalho e Fábio Joanaz decidiram abrir uma retrosaria portuguesa no centro de Kayl, rue du Commerce. A casa mantém o nome da empresa que anteriormente ocupava este espaço, La Gignotière. A ideia é criar um estabelecimento simpático, com todo o tipo de produtos portugueses e um espaço de convívio, onde os clientes possam tomar um café ou pequeno-almoço com as “famosas torradas”. Algo que não seria possível sem a ajuda de Cláudia, uma colega que o acompanha desde o primeiro dia e que trabalha como mercearia há vários anos. “Ele foi o mentor de tudo e nos ensinou tudo”, orgulha-se Vera.

O casal vive no Luxemburgo há 12 anos. Vieram de Santarém, para “escapar da crise em alta altitude em Portugal”, com uma disputa de quatro meses. “Chegámos um pouco à nora. Foi muito diferente do que acontece hoje porque à medida que as pessoas vão adquirindo mais informações. “É como um sonho, mas não foi fácil”, lembra o jogador de 39 anos. Apesar das adversidades, o Luxemburgo abre as portas e os emigrantes sabem aproveitar as oportunidades. “É evidente que estas coisas não estão a ser feitas agora, mas continuamos a ser um país que apoia aqueles que nos vêem prontos para trabalhar.”

Em Portugal, Vera e Fábio têm um restaurante, mas quando Maria nasce as coisas complicam-se e percebem que o futuro “não seria surpreendente”. Eles tomarão a decisão de emigrar e não se arrependerão, pois agora estão felizes em correr riscos em busca de uma vida melhor. Moramos primeiro em Roeser, depois por alguns anos em Kayl, onde éramos crianças, agora com 12 anos, todos na escola. “Entretanto, fui trabalhar para Bridel e mudei-me para Bettembourg. “É isto que estamos a viver”, explicou aos portugueses. A família quer voltar a viver em Kayl, “mas não é fácil”.

Vera e sua colega Cláudia. © Créditos: Sibila Lind

Ao verificar o Grão-Ducado, você começará a trabalhar na limpeza. Depois de passar por cafés e estar há dois anos num hotel em Esch. Mais tarde foi para Bridel cuidar de um banco reformado por invalidez, com enormes problemas de saúde. “Fiquei lá cinco anos e entretanto o meu marido abriu uma retrosaria com o sócio Carlos Silva, mas nunca larguei o emprego porque era muito apegada à família. “Depois o senhor faleceu e estou me dedicando mais à loja e a novos projetos”, continuou.

A melhor parte deste trabalho é a simpatia. Gosto de conversar, conhecer e aprender a lidar com pessoas de diferentes mentalidades.

Desde que abrimos a Mercearia, há quatro anos, os comerciantes passaram por várias fases e muito mais. Neste momento vocês estão passando por uma fase menos difícil, por causa da crise. “Estamos vendo cada vez mais a cautela das pessoas. O método de compra, contagem ou dinheiro. Ambos os aumentos de preços são absurdos. E é constante. Temos que verificar os preços toda semana. Ou o mesmo item pode ser baixado três vezes seguidas. É surreal. “Como as pessoas estão atordoadas, os preços também”, lamentou Vera, esperando que isto seja “apenas uma fase”.

A maioria da clientela é portuguesa. Há também luxemburgueses que gostam de dois produtos e estão habituados a comprar em lojas de mercadorias. Aqui podemos encontrar todo o tipo de produtos portugueses. “Somos essenciais. Por outro lado, estamos a tentar ter um conceito de mini pastelaria, como um galão, uma torrada ou um pão caseiro… O espaço não existe para mais, mas está planeado”, notou o comerciante, que atribui à loja uma lugar já conquistado. o seu lugar em Kayl. “Agora, é uma questão de manter. Grande prazer da comuna. Como as pessoas são acessíveis e disponíveis. “Agradeço tanto que quero voltar a viver aqui. »

© Créditos: Sibila Lind

Vera está aberta na merceria todos os dias às 5h40. Por volta das 6h30, os primeiros clientes começam a entrar. Enquanto isso, Claudia está aqui para ajudá-lo. Fábio faz entregas e recebe lojas, confirma preços e processa compras. Vocês três trabalharão em equipe. “Procuramos estar presentes nos horários de pico. Tem toda a logística e todo o trabalho por trás de pessoas que não conhecemos. Também funcionamos aos sábados até às 19h e aos domingos das 8h às 13h”, disse.

É cada vez mais difícil de gerir devido à crise, à instabilidade e ao aumento constante dos preços. Percebemos que é ingrato o trabalho que temos ou que recebemos em troca.

Para os portugueses, a melhor parte do trabalho é conviver bem com os clientes. “Gosto de conversar, conhecer e aprender a lidar com pessoas de diferentes mentalidades.” Mas nem sempre é fácil, admita. Um aspecto menos positivo é a dificuldade de ter tempo livre, pois não existe horário fixo. “Está cada vez mais difícil de gerir devido à crise, à instabilidade e à subida constante dos preços. Percebemos que é ingrato o trabalho que temos ou que recebemos em troca. “Continuamos esperando que dias melhores virão. »

Além da loja, temos outros projetos pessoais em mente, que deverão ver a luz do dia em breve. Eles estão vinculados à sua área de formação. “Sou esteticista e massoterapeuta, reflexologista e terapeuta de reiki. Por enquanto é um passatempo, mas quero abrir um novo espaço, no Kayl”, revelou. Todas as formações foram abatidas em Portugal e, sempre que possível, vão matar pessoas. “Não consigo imaginar viver em Portugal de novo, mas também não me imagino sem ir para lá, sem o mar.” O futuro está a chegar ao Luxemburgo, em particular graças à filha, que cresce no país. “Estamos dispostos a ficar aqui. poderia estar em Kayl, seria melhor agora.

Suzana Leite

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