“O melhor órgão é a voz humana”

Em primeiro lugar, seria apropriado diferenciar a música antiga da música moderna.

As estruturas das obras são diferentes, assim como a forma como são interpretadas. La música antigua corresponde a um período que vai dos finais do século XV aos princípios do XIX: música renacentista, barroca… organistas do Siglo Golden.

A idade de ouro também foi para a música?

Claro. Houve músicos extraordinários: Girolamo Frescobaldi, no Renascimento; Juan Sebastián Bach, já no barroco, o verdadeiro pai da música; Handel, também barroco; Domenico Scarlatti, italiano de nascimento e espanhol por adoção.

De onde vem sua paixão pela música antiga?

Eu gosto de autenticidade. Música antiga não é velha, é eterna. Não é um trava-língua. Eu vim para a música desde o nascimento. Desde os quatro anos de idade, me apeguei à música. Ele era um menino cantor do Colégio del Salvador, dos jesuítas de Zaragoza. Foi há muito tempo. Xabier Arzalluz também estava lá…

Quem me diz…?

Foi assim que aconteceu. Eu cantei música religiosa desde tenra idade. Mais tarde comecei meus estudos de piano musical em Zaragoza. Então órgão. Eu me examinei em Madri. Ganhei o prêmio extraordinário no final do diploma. Depois estudei com o professor Kastner, em Lisboa.

Foi feito em toda a Europa…

Com efeito. Com Gustav Leonhardt, em Amsterdam; com Tagliavini, no Harlem; com Montserrat Torrent, em Barcelona. Todos eles me fizeram melhor.

Nada melhor a fazer para ser melhor.

Desde então. Tornei-me especialista em órgão, cravo e clavicórdio. A diferença entre eles é a forma como o som é produzido. O órgão e suas flautas de sopro, o cravo e o aperto das cordas, e o cravo por percussão com um pequeno martelo de metal.

Qual você mais gosta?

Eu gosto de tudo. O clavicórdio é íntimo, o instrumento de cordas mais íntimo. O órgão é pomposo. Preenche grandes espaços.

Seus dedos acariciaram os órgãos mais famosos desta terra.

Sou ainda o organista titular do José de Sesma del Patio de la Infanta, do Seo e da Real Capela de Santa Isabel de Portugal. Todos os três significam muito no mundo diverso do órgão: o Renascimento no Patio de la Infanta, o Barroco alemão em San Cayetano, o de La Seo com uma caixa gótica.

Qual é o melhor dos três?

O melhor órgão, sem dúvida, é a voz humana.

Que bela viagem ele fez através da música antiga e do tempo!

Podemos reunir tudo isso no Daroca Early Music Festival, do qual sou diretor. Ele tem 45 anos. Por ali, por Daroca, passaram os mais prestigiados intérpretes da especialidade.

Além de Daroca, você já se apresentou em teatros dos cinco continentes.

Nossos salões são as igrejas, embora no Japão fosse no auditório de Gifu. E na Catedral da Almudena em Madrid, na Sagrada Família em Barcelona, ​​​​Lisboa, Paris, Londres, Viena, Milão, na Catedral de São Patrício em Nova Iorque, em Melbourne…

Quase não ousei com a última pergunta que vou te fazer…

Diga-me.

Não me atrevo, repito.

Diga-me por favor.

Para que serve toda essa música?

vou tentar te responder. Nestes tempos ruidosos, recomendo, por exemplo, o silêncio da música renascentista espanhola, um fantástico exercício de meditação. A essência do ser humano está refletida nesta música. Seria conveniente para você ouvir a “Missa em si menor” de Bach, os oratórios de Handel… Ouça-os e depois me diga.

Marciano Brandão

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