Quanto mais energia economizarmos neste verão, maior a probabilidade de passarmos o inverno sem restrições severas. Este é o cenário que define o regulamento da União Europeia que entrou em vigor na terça-feira e que estabelece que todos os países da União devem assumir conjuntamente uma política de contenção do consumo para enfrentar uma redução previsível do abastecimento de gás russo neste inverno.
O objetivo, por um lado, é chegar ao outono com as reservas de gás no seu nível máximo para evitar que elas se esgotem no final do inverno e, por outro lado, evitar também que o choque entre alta demanda e baixas reservas desencadeie o preço ao consumidor.
Para já, a redução do consumo é voluntária mas tornar-se-á obrigatória se o alerta europeu for declarado
Nenhum dos dois objetivos é alcançável sem um esforço de todos os países, sabendo que o fornecimento de gás russo vem sendo reduzido gradualmente há semanas. E parece que isso não vai mudar tão cedo. Pelo contrário, os governos europeus estão convencidos de que em algum momento haverá um corte definitivo.
A União exorta os países a poupar energia. Mas esta redução é, por enquanto, voluntária. É um elemento relevante.
O regulamento da UE que entrou em vigor hoje estabelece inicialmente um período, que começou em 1º de agosto, para que os países tomem medidas para conter os gastos com energia. Cada país é livre de adotar as medidas que julgar necessárias dentro deste período voluntário.
Se nos próximos meses as coisas correrem mal – a Rússia corta a oferta – será declarado estado de alerta na União e, a partir de então, as restrições deixarão de ser voluntárias e sim obrigatórias para cada país e será estabelecido qual o corte e quando cumprir os planos de emergência que cada país da União deve entregar nos próximos meses a Bruxelas.
O regulamento que foi publicado ontem pelo Jornal Oficial da UE indica que o que for reduzido neste período voluntário refletirá os requisitos de redução obrigatória do consumo se for o caso (muito provavelmente). Ou seja, quanto mais economizarmos hoje, menos severos serão os cortes no futuro.
A chamada exceção ibérica não isenta Espanha e Portugal de reduzirem o seu consumo de energia como o resto dos países da UE
Espanha e Portugal, ambos incluídos na chamada exceção ibérica, não seriam superados por esses cortes severos mesmo que a meta de redução de 15% estabelecida pela União até março de 2023 pudesse ser reduzida para os dois países.
A lógica comunitária estabelece que todos devem contribuir com os seus recursos, que a sua rede de abastecimento não depende do gás russo ou da rede europeia, como é em parte o caso de Espanha e Portugal.
A ideia de base é que a Península possa fornecer gás aos restantes países da União e, por isso, deve também reduzir o seu consumo, de modo a utilizar este excedente para aliviar os restantes países.
Em julho do mês passado, a União aprovou um plano de redução da demanda de gás no qual instou os países a identificar as infraestruturas críticas que devem ser excluídas das reduções (saúde, alimentação, segurança, defesa) e a lançar campanhas de conscientização para incentivar a redução do consumo.
O decreto governamental relativo às medidas de poupança apenas obedece às orientações do plano comunitário, tal como noutros países europeus.
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